quarta-feira, 29 de junho de 2011

A mensagem da cruz

Qualquer cristão sincero que deseja ter uma vida agradável diante de Deus, e que ame a verdade, preocupando-se com a segurança de sua alma e com a segurança espiritual de seu próximo, não deixa de ter certa inquietação diante da realidade evangélica de nossos dias.
Existem dezenas de grupos evangélicos, sem falar de alguns grupos religiosos que há séculos vem deturpando a mensagem do evangelho, que proclamam mensagens e ensinamentos dos mais diversos possíveis.
Como fruto disso temos uma geração confusa, e às vezes, até alguns irmãos são afetados com tudo isso depositando sua fé e confiança em ensinamentos ou fundamentos que não refletem a verdade do Evangelho.Paulo, sem dúvida alguma, foi um dos apóstolos que mais contribuiu com a teologia cristã. Com seu ministério voltado para os gentios (Gálatas, 2.7) ele teve que lidar com várias questões relacionadas à salvação. Sendo assim ele discorreu sobre vários assuntos teológicos. No entanto, embora discorresse sobre várias questões teológicas Paulo fez questão de deixar claro que, como ministro do evangelho, sua mensagem tinha um fundamento definido; Cristo crucificado (I Coríntios, 1.23; 2.2). Mas em que consistia a mensagem da cruz, visto que o apóstolo cuidava para que a mensagem da cruz não fosse esvaziada (I Coríntios, 1.17)? Por que, como Paulo declarou, havia muitos que viviam como inimigos da cruz de Cristo (Filipenses, 3.18)? E por que a cruz de Cristo atraia, muitas vezes, a perseguição (Gálatas, 6.12)?
Nesta reflexão pretendemos destacar alguns fatores importantes relacionados à mensagem da cruz, sua importância para a igreja e para a fé cristã, quais os perigos de se desprezar esta doutrina. 
A intenção principal do apóstolo Paulo em enfatizar que seu ministério tinha como fundamento Cristo crucificado, ou a mensagem da cruz é resguardar a igreja de um problema muito sério e sutil, o qual põe em risco a boa saúde da igreja.
Partindo de uma das principais passagens onde o apóstolo aborda este tema (I Co, 1 e 2) podemos vê-lo combatendo algo que pode ser considerado como um tipo de semente do humanismo; a tendência de se supervalorizar a sabedoria, a força ou capacidade humana, e até mesmo os próprios interesses humanos. A idéia principal aqui fica evidente pela forte ênfase no contraste entre a sabedoria humana e a sabedoria de Deus. Em primeiro lugar vemos a declaração divina; destruirei a sabedoria dos sábios e destruirei a inteligência dos inteligentes (1.19). E o apóstolo prossegue; onde está o sábio? Onde está o questionador desta era?Acaso não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo (v.20)? No entanto apenas um grupo de pessoas pode perceber esta realidade: os cristãos. Pois o restante da humanidade continua na tentativa de conhecer a Deus através de seus próprios recursos e ou esforços. Alguns têm feito a tentativa de conhecer a Deus por meio da sabedoria humana (v.21), por outro lado há um grupo de pessoas que fincando os pés em uma atitude do tipo existencialista ou de pragmatismo religioso exige a realização de milagres para poder acreditar ou confiar na Palavra de Deus. O apóstolo, porém, está decidido a não muda a ênfase ou conteúdo de sua pregação; a mensagem da cruz, o Cristo crucificado. O desviar-se deste foco, no contexto de Paulo, tinha algumas implicações para a igreja. Em nosso contexto, porém, creio que as implicações multiplicaram-se.
CONTEXTO PAULINO:
É interessante não deixar de notar o problema existente na igreja de Corinto com o qual o apóstolo está lidando, pois a passagem em questão está relacionada com este problema, o qual começa ser abordado em 1.10-17ss. Analisando alguns nomes relacionados na passagem podemos perceber algumas indicações do problema. Pedro teve um ministério marcado por sinais milagrosos (At, 3.1-10; 9.32-41). O próprio Paulo teve um ministério muito promissor. Ele era um hábil fundador de igrejas, missionário reconhecido entre todos, pois era o apóstolo dos gentios, e ainda por cima, seu ministério também era marcado por grandes sinais miraculosos. (At, 13.9-11; 14.8-10; 20.7-12). Por outro lado, Apólo era um judeu natural de Alexandria, um professor proeminente, um homem que se destacava pela sua eloqüência (At, 18.24-28). Estas qualidades ministeriais não desabonam o servo de Deus, muito pelo contrário. Mas, o problema surgiu exatamente pelo fato de as pessoas não compreenderem a dinâmica do Reino de Deus que distribui entre seus servos dons e talentos para serem usados para a glória do Senhor. Algumas pessoas na igreja de Corinto já estavam tomando partido de homens, Pedro, Paulo, Apólo, e alguns, talvez ironicamente, diziam-se do partido de Cristo (v.10-17). Alguns queriam sinais miraculosos, outros sabedoria, mas o apóstolo não estava ali para satisfazer as expectativas de homens. Ele foi chamado para proclamar o evangelho de Cristo, e o conteúdo deste não são sinais miraculosos nem sabedoria humana, mas Cristo crucificado que é o poder de Deus que transforma o coração humano, levando-o submisso à pessoa de Jesus. O apóstolo tem consciência de que a discussão acadêmica e as experiências milagrosas nunca poderão transformar o coração das pessoas. Somente a mensagem da cruz tem essa capacidade. É sempre um perigo a pessoa basear sua fé em milagres ou sabedoria humana (2.5). Alguém que tem sua fé baseada em experiências milagrosas enfrentará em sua vida alguns momentos que presenciará pessoas ou grupos não cristãos realizando vários milagres, e talvez maiores do que ele está acostumada a ver (Mt. 7.21-23; 24.24; Mc, 13.22,23). Por outro lado, temos presenciado em nossos dias pessoas inteligentíssimas que tem atraído muito a atenção das massas, inclusive em vários púlpitos de igrejas, pessoas que tem uma ampla compreensão dos problemas que afligem a sociedade, inclusive os cristãos. No entanto, quando estes indivíduos se propõem a ajudar as pessoas com seus problemas lançam mão de outros recursos ou conhecimento humano e não a Palavra de Deus, que tem o poder de libertar o ser humano de todas as cadeias que o prende, sejam elas quais forem.     
A TEOLOGIA DA CRUZ: Lc. 9.23
Receio que a igreja evangélica, em grande parte, vem deixando de lado este tema que é de fundamental importância para a fé cristã. Talvez isso explique, em parte, a grande fragilidade doutrinária que as igrejas de nossos dias experimentam. Mas porque muitos procuram fugir do caminho da cruz? Porque poucos dão importância a este tema?
Em nossos dias o humanismo é tão forte que até mesmo grande parte da igreja tem sido profundamente influenciada por essa ideologia (e o pior é que a maioria não tem idéia do que vem a ser essas influências). O “cristianismo” propagado pelas pessoas mais influentes dos dias atuais (os marqueteiros do evangelho) está mais relacionado com o humanismo do que com a cruz de Cristo. Talvez isso explique a fácil aceitação da “mensagem” sem nenhuma mudança de vida. O “evangelho” que muitos têm ouvido e aceito é aquilo que W.Pink chama de Outro Evangelho, o qual “Não procura arrastar o homem natural ao fundo do poço, e sim melhorá-lo e enaltecê-lo”. É isso que a maioria procura; ser exaltado, ter poder. Bem lá no fundo ainda existe aquela sementinha que fora lançada pelo inimigo e acolhida pelo coração de Eva, no Eden (Gênesis, 3.5); “o desejo de ser como Deus”. Bem contrário ao que o Senhor Jesus Cristo e seu evangelho ensinam (Filipenses 2.5). E, é por isso que a Palavra da Cruz é um escândalo e, ao mesmo tempo, uma ofensa para a maioria. Como observa Gilson, “a cruz é o juízo de toda glória humana e o caminho da cruz significa desistir de toda glória humana”. [Santos, Gilson: Fé para hoje - Nº31, ano 2007, pg.18]. Isso explica o porquê da mensagem da cruz não ser tão atrativa, e, conseqüentemente desprezada pela maioria dos pregadores que querem conquistar multidões (pois a maneira mais eficaz é proclamar mensagens agradáveis).
I Co. 1.17 - Pois Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar o evangelho, não porém com palavras de sabedoria humana, para que a cruz de Cristo não seja esvaziada.
v. 18 - Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus.
v. 22 - Os judeus pedem sinais milagrosos, e os gregos procuram sabedoria;
v. 23 - Nós, porém, pregamos a Cristo crucificado, o qual, de fato, é escândalo para os judeus e loucura para os gentios,
v. 24 - Mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus.
Hebreus 12.2 - tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus.
Filipenses 2.8 - E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz!
Gálatas 6.14 - Quanto a mim, que eu jamais me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio da qual o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo.
Efésios 2.16 e reconciliar com Deus os dois em um corpo, por meio da cruz, pela qual ele destruiu a inimizade.
Filipenses 3.18,19 Pois, como já lhes disse repetidas vezes, e agora repito com lágrimas, há muitos que vivem como inimigos da cruz de Cristo. O destino deles é a perdição, o seu deus é o estômago e eles têm orgulho do que é vergonhoso; só pensam nas coisas terrenas.
A crucificação:
- método romano de execução, reservado para escravos e inimigos do estado.
- as execuções cruciantes do mundo antigo tinham encontrado sua pior forma na crucificação. Joséfo (historiador judeu) se referiu a ela como “a forma mais infame de morrer”.
- para os judeus, ser pendurado no madeiro era o equivalente a ser maldito [Deuteronômio. 21.23].  
Que a graça do Senhor Jesus nos fortaleça a cada dia e que nunca venhamos desprezar a mensagem da cruz. Que estejamos sempre prontos a proclamar como o apóstolo Paulo; não me envergonho do evangelho!

                                                                       Antonio Luis - Pr

terça-feira, 21 de junho de 2011

Examinando nosso arrependimento

Examinando nosso arrependimento
Thomas Watson 

"Porque, quanto cuidado não produziu isto mesmo em vós que, segundo Deus, fostes contristados! que apologia, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vingança! Em tudo mostrastes estar puros neste negócio." II Cor 7.10,11 

Se alguém diz que se arrependeu, desejo que examine-se a si mesmo, seriamente, por meio dos sete... efeitos do arrependimento delineados pelo apóstolo em 2 Coríntios 7.11.

1. Cuidado. A palavra grega significa uma diligência intensa ou um esquivar-se atento de todas as tentações ao pecado. O homem verdadeiramente arrependido foge do pecado como Moisés fugiu da serpente.

2. Defesa. A palavra grega é apologia. O sentido é este: embora tenhamos muito cuidado, podemos cair no pecado devido à força da tentação. Ora, nesse caso, o crente arrependido não deixa o pecado supurar em sua alma; antes, julga a si mesmo por causa de seu pecado. Derrama lágrimas perante o Senhor. Clama por misericórdia em nome de Cristo e não O deixa, enquanto não obtém o seu perdão. Assim, em sua consciência, ele é defendido da culpa e se torna capaz de criar uma apologia para si mesmo contra Satanás.

3. Indignação. Aquele que se arrepende levanta o seu espírito contra o pecado, assim como o sangue de alguém sobe quando ele vê um indivíduo a quem odeia mortalmente. A indignação significa ficar importunado no coração por causa do pecado. O penitente sente-se inquieto consigo mesmo. Davi chamou a si mesmo de "ignorante" e "irracional" (Sl 73.22). Agradamos mais a Deus quando arrazoamos com nossa alma por conta do pecado.

4. Temor. Um coração sensível é sempre um coração que teme. O penitente sentiu a amargura do pecado. Este vespa o ferrou, e agora, tendo esperança de que Deus está reconciliado, ele teme se aproximar novamente do pecado. A alma penitente está cheia de temor. Tem medo de perder o favor de Deus, que é melhor do que a vida, e receia que, por falta de diligência, fique aquém da salvação. A alma penitente teme que, depois de amolecido o seu coração, as águas do arrependimento sejam congeladas, e ela seja endurecida no pecado novamente. "Feliz o homem constante no temor de Deus" (Pv 28.14)... Uma pessoa que se arrependeu teme e não peca; uma pessoa que não tem a graça de Deus peca e não teme.

5. Desejo intenso. Assim como o bom tempero estimula o apetite, assim também as ervas amargas do arrependimento estimulam o desejo. O que o penitente deseja? Ele deseja mais poder contra o pecado, bem como ser livre deste. É verdade que ele está livre de Satanás; mas anda como um prisioneiro que escapou da prisão com algemas nas pernas. Ele não pode andar com liberdade e destreza nos caminhos de Deus. Deseja, portanto, que as algemas do pecado sejam removidas. Ele quer ser livre da corrupção. Clama nas mesmas palavras de Paulo: "Quem me livrará do corpo desta morte?" (Rm 7.24). Em resumo, ele deseja estar com Cristo, assim como tudo deseja estar em seu devido lugar.

6. Zelo. Desejo e zelo são colocados lado a lado a fim de mostrar que o verdadeiro desejo se manifesta em esforço zeloso. Oh! como o crente arrependido se estimula nas coisas pertinentes à salvação! Como se empenha para tomar por esforço o reino de Deus (Mt 11.12)! O zelo incita a busca pela glória. Ao se deparar com dificuldades, o zelo é encorajado pela oposição e sobrepuja o perigo. O zelo faz o crente arrependido persistir na tristeza santa mesmo diante de todos os desencorajamentos e oposições. O zelo desprende o crente de si mesmo e leva-o a buscar a glória de Deus. Paulo, antes de sua conversão, era enfurecido contra os santos (At 26.11). Depois da conversão, ele foi considerado louco por amor a Cristo: "As muitas letras te fazem delirar!" (At 26.24). Paulo tinha zelo e não delírio. O zelo causa fervor na vida espiritual, que é como fogo para o sacrifício (Rm 12.11). O zelo é um estímulo para o dever, assim como o temor é um freio para o pecado.

7. Vindita. Um crente verdadeiramente arrependido persegue os seus pecados com uma malignidade santa. Busca a morte dos pecados como Sansão queria vingar-se dos filisteus pelos seus dois olhos. O crente arrependido age com seus pecados da mesma maneira como os judeus agiram com Cristo. Ele lhes dá fel e vinagre para beberem. Crucifica as suas concupiscências (Gl 5.24). Um verdadeiro filho de Deus busca a ruína daqueles pecados que mais desonram a Deus... Com o pecado, Davi contaminou o seu leito; depois, pelo arrependimento, ele inundou seu leito com lágrimas. Os israelitas pecaram pela idolatria e, posteriormente, viram como desgraça os seus ídolos: "E terás por contaminados a prata que recobre as imagens esculpidas e o ouro que reveste as tuas imagens de fundição" (Is 30.22)... As mulheres israelitas que haviam se vestido à moda da época e, por orgulho, tinham abusado do uso de seus espelhos ofereceram-nos depois, tanto por zelo como por vingança, para o serviço do tabernáculo de Deus (Êx 38.8). Com o mesmo sentimento, os mágicos... quando se arrependeram, trouxeram seus livros e, por vindita, queimaram-nos (At 19.19).

Estes são os benditos frutos e resultados do arrependimento. Se os acharmos em nossa alma, chegamos àquele arrependimento do qual nos arrependeremos (2 Co 7.10).

Outro Evangelho

Outro Evangelho

O evangelho de Satanás não é um sistema de princípios revolucionários, nem um programa de anarquia. Não promove conflitos e guerras, mas almeja a paz e unidade. Não procura colocar a mãe contra a filha, nem o pai contra o filho, mas promove um espírito fraterno por meio do qual a raça humana é tida como uma grande “irmandade”. Não procura arrastar o homem natural ao fundo do poço, e sim melhorá-lo e enaltecê-lo. Advoga a educação, o cultivar e o apelar ao que “de melhor existe dentro de nós”. Almeja fazer deste mundo um habitat tão confortável e apropriado, que a ausência de Cristo nesse habitat não será percebida, e Deus não será necessário. O evangelho de Satanás empenha-se por ocupar o homem com muitas coisas deste mundo, de modo que ele não tem oportunidade ou disposição para pensar no mundo vindouro. Esse evangelho propaga os princípios do auto-sacrifício, caridade e benevolência, ensinando-nos a viver para o bem dos outros e sermos bondosos para com todos. Apela fortemente à mente carnal, tornando-se bastante popular entre as massas, pois ignora os fatos solenes de que o homem, por natureza, é uma criatura caída, alienada da vida de Deus, morta em delitos e pecados, e de que sua única esperança está em nascer de novo.                                                                                  A. W. Pink

Estas palavras de A. W. Pink nos leva a pensar seriamente no tipo de evangelho e/ou evangelismo predominante em nossas igrejas nos dias atuais. Se em sua época ele já detectara esse espírito materialista brotando em meio à sociedade cristã, nos dias de hoje esta é uma realidade tão patente que suas palavras até chegam a ser pesadas ou no mínimo estranhas para a maioria de nós. Temos milhares de igrejas e associações “ligadas” a uma organização gigantesca, a qual se propõe colocar-se a serviço do Reino de Deus, especialmente no que diz respeito à expansão do evangelho (através das juntas e projetos missionários). No entanto, temo que a filosofia ministerial de muitas igrejas e organizações, que se propõem servir a Deus nesse projeto, aproximam-se mais desse evangelho que Pink denomina de “o outro evangelho”, do que do evangelho apresentado pelas Escrituras Sagradas. Esta realidade pode ser observada através das programações, liturgias e até mesmo no conteúdo de muitas pregações. Não há princípios revolucionários (transformação de vidas). Como observa Frizzell; “vários estudos revelam uma pequena diferença na moralidade e no estilo de vida entre membros de igreja (nominais) e os que não estão em igreja alguma” (Salvo Seguro e Transformado! Pg. 24). A abordagem “evangelística” é realizada de maneira a não “afugentar” o ouvinte, de modo que não se pode ser radical e nem admitir a idéia ou conceber a possibilidade de ver a mãe contra a filha ou o pai contra o filho. Na verdade, para que se realize um projeto evangelístico eficaz, não se pode nem mesmo confrontar o homem com sua realidade espiritual diante de Deus. Isso seria arrastá-lo ao fundo do poço, o que não se faz necessário. De fato, o que as pessoas precisam, de acordo com o “evangelho” predominante em nossos dias, é tornar-se pessoas melhores, e isso em todos os sentidos, por isso a filosofia ministerial dos dias de hoje não se preocupa em aniquilar o homem natural, e sim melhorá-lo e enaltecê-lo. Conseqüentemente, a atitude de grande parte da igreja com relação a este mundo não é abster-se do amor ao mesmo, mas fazer dele um habitat tão confortável e apropriado a “uma vida cristã digna”, pois, para muitos, é isso que significa ser vitorioso. Quando fala-se em VITÓRIA EM CRISTO é isso que se tem em mente, (pelo menos é o que se dar a entender na maioria das vezes). O resultado dessa abordagem é o fato de que esse estilo, ou filosofia de vida leva o povo a um estado em que a ausência de Cristo nesse habitat não será percebida.
Que o Senhor tenha misericórdia de nós e nos ensine e ajude nosso coração a voltar-se para Ele, procurando viver em sua presença e para honra e glória de seu bendito nome.
A Ele toda honra glória e louvor, para todo o sempre. Amém!
                                                                                               Antonio Luis – Pr.            

  



sexta-feira, 17 de junho de 2011

Adoradores ou Consumidores?


O Outro Lado da Herança de Charles G. Finney
                                                                                                       
Augustus Nicodemus Lopes

                                                

“A palavra ‘evangélicos’ tem se tornado tão inclusiva que corre o perigo de se tornar totalmente vazia de significado” - R. C. Sproul



Em certa ocasião o Senhor Jesus teve de fazer uma escolha entre ter 5 mil pessoas que o seguiam por causa dos benefícios que poderiam obter dele, ou ter doze seguidores leais, que o seguiam pelo motivo certo (e mesmo assim, um deles o traiu). Em outras palavras, uma decisão entre muitos consumidores e poucos fiéis discípulos. Refiro-me ao evento da multiplicação dos pães narrado em João 6. Lemos que a multidão, extasiada com o milagre, quis proclamar Jesus como rei, mas ele recusou-se (João 6.15). No dia seguinte, Jesus também se recusa a fazer mais milagres diante da multidão pois percebe que o estão seguindo por causa dos pães que comeram (6.26,30). Sua palavra acerca do pão da vida afugenta quase que todos da multidão (6.60,66), à exceção dos doze discípulos, que afirmam segui-lo por saber que ele é o Salvador, o que tem as palavras devida eterna (6.67-69).

O Senhor Jesus poderia ter satisfeito às necessidades da multidão e saciado o desejo dela de ter mais milagres, sinais e pão. Teria sido feito rei, e teria o povo ao seu lado. Mas o Senhor preferiu ter um punhado de pessoas que o seguiam pelos motivos certos, a ter uma vasta multidão que o fazia pelos motivos errados. Preferiu discípulos a consumidores.

Infelizmente, parece prevalecer em nossos dias uma mentalidade entre os evangélicos bem semelhante à da multidão nos dias de Jesus. Parece-nos que muitos, à semelhança da sociedade em que vivemos, tem uma mentalidade de consumidores quando se trata das coisas do Reino de Deus. O consumismo característico da nossa época parece ter achado a porta da igreja evangélica, tem entrado com toda a força, e para ficar.

Por consumismo quero dizer o impulso de satisfazer as necessidades, reais ou não, pelo uso de bens ou serviços prestados por outrem. No consumismo, as necessidades pessoais são o centro; e a “escolha” das pessoas, o mais respeitado de seus direitos. Tudo gira em torno da pessoa, e tudo existe para satisfazer as suas necessidades. As coisas ganham importância, validade e relevância à medida em que são capazes de atender estas necessidades.

Esta mentalidade tem permeado, em grande medida, as programações das igrejas, a forma e o conteúdo das pregações, a escolha das músicas, o tipo de liturgia, e as estratégias para crescimento de comunidades locais. Tudo é feito com o objetivo de satisfazer as necessidades emocionais, psicológicas, físicas e materiais das pessoas. E neste afã, prevalece o fim sobre os meios. Métodos são justificados à medida em que se prestam para atrair mais freqüentadores, e torná-los mais felizes, mais alegres, mais satisfeitos, e dispostos a continuar a freqüentar as igrejas.

Esta mentalidade consumista por parte de evangélicos se mostra por vários ângulos. Numa pesquisa recente feita pelo instituto Gallup nos Estados Unidos constatou-se que quatro a cada 10 americanos estão envolvidos em pequenos grupos que se reúnem semanalmente buscando saída para o envolvimento com drogas, problemas familiares, solidão e isolacionismo. Embora evidentemente muitos estarão em busca de uma oportunidade para aprofundar a experiência cristã e crescer no conhecimento de Deus, a maioria, segundo Gallup, busca satisfazer suas necessidades pessoais. De acordo com a revista Newsweek, um a cada cinco americanos sofre de alguma forma de doença mental (incluindo ansiedade, depressão clínica, esquizofrenia, etc.) durante o curso de um ano. E disso se aproveitam os espertos. Uma denúncia contra a indústria evangélica de saúde mental foi feita ano passado por Steve Rabey em Christianity Today. Cada vez mais cresce o marketing nas igrejas na área de aconselhamento, com um número alarmante de profissionais cristãos oferecendo ajuda psicológica através de métodos seculares. A indústria de música cristã tem crescido assustadoramente, abandonando por vezes seu propósito inicial de difundir o Evangelho, e tornando-se cada vez mais um mercado rentável como outro qualquer. A maioria das gravadoras evangélicas nos Estados Unidos pertence à corporações seculares de entretenimento. As estrelas do gospel music cobram cachês altíssimos para suas apresentações. Num recente artigo em Strategies for Today’s Leader, Gary McIntosh defende abertamente que “o negócio das igrejas é servir ao povo”. Ele defende que a igreja deve ter uma mentalidade voltada para o “cliente”, e traçar seus planos e estratégias visando suas necessidades básicas, e especialmente faze-los sentir-se bem.

Um efeito da mentalidade consumista das igrejas é o que tem sido chamado de “a síndrome da porta de vai-e-vem”. As igrejas estão repletas de pessoas buscando sentido para a vida, alívio para suas ansiedades e preocupações. Assim, elas escolhem igrejas como escolhem refrigerantes. Tão logo a igreja que freqüentam deixa de satisfazer as suas necessidades, elas saem pela porta tão facilmente quanto entraram. As pessoas buscam igrejas onde se sintam confortáveis, e se esquecem de que precisam na verdade de uma igreja que as faça crescer em Cristo e no amor para com os outros.

Creio que há vários fatores que provocaram a presente situação. Ao meu ver, um dos mais decisivos é a influência da teologia e dos métodos de Charles G. Finney no evangelicalismo moderno. Houve uma profunda mudança no conceito de evangelização ocorrida no século passado, devido ao trabalho de Charles Finney. Mais do que a teologia do próprio Karl Barth, a teologia e os métodos de Finney têm moldado o moderno evangelicalismo. Ele é o herói de Jerry Falwell, Bill Bright e de Billy Graham; é o celebrado campeão de Keith Green, do movimento de sinais e prodígios, do movimento neopentecostal, e do movimento de crescimento da igreja. Michael Horton afirma que grande parte das dificuldades que a igreja evangélica moderna passa é devida à influência de Finney, particularmente de alguns dos seus desvios teológicos: “Para demonstrar o débito do evangelicalismo moderno a Finney, devemos observar em primeiro lugar os desvios teológicos de Finney Estes desvios fizeram de Finney o pai dos fatores antecedentes aos grandes desafios dentro da própria igreja evangélica hoje: o movimento de crescimento de igrejas, o neopentecostalismo, e o reavivalismo político”.

Para muitos no Brasil seria uma surpresa tomar conhecimento do pensamento teológico de Finney. Ele é tido como um dos grandes evangelistas da Igreja Cristã, e estimado e venerado por evangélicos no Brasil como modelo de fé e vida. E não poderia ser diferente, visto que se tem publicado no Brasil apenas obras que exaltam Finney. Desconheço qualquer obra em português que apresente o outro lado. Meu alvo, neste artigo, não é escrever extensamente sobre o assunto, mas mostrar a relação de causa e efeito que existe entre o ensino e métodos de Finney e a mentalidade consumista dos evangélicos hoje.

Em sua obra sobre teologia sistemática (Systematic Theology [Bethany, 1976]), escrita pelo fim de seu ministério, quando era professor do seminário de Oberlin, Finney revela ter abraçado ensinos estranhos ao Cristianismo histórico. Ele ensina que a perfeição moral é condição para justificação, e que ninguém poderá ser justificado de seus pecados enquanto tiver pecado em si (p. 57); afirma que o verdadeiro cristão perde sua justificação (e conseqüentemente, a salvação) toda vez que peca (p. 46); demonstra que não acredita em pecado original e nem na depravação inerente ao ser humano (p. 179); afirma que o homem é perfeitamente capaz de aceitar por si mesmo, sem a ajuda do Espírito Santo, a oferta do Evangelho. Mais surpreendente ainda, Finney nega que Cristo morreu para pagar os pecados de alguém; ele havia morrido com um propósito, o de reafirmar o governo moral de Deus, e nos dar o exemplo de como agradar a Deus (pp. 206-217). Finney nega ainda, de forma veemente, a imputação dos méritos de Cristo ao pecador, e rejeita a idéia da justificação com base da obra de Cristo em lugar dos pecadores (pp. 320-333). Quanto à aplicação da redenção, Finney nega a idéia de que o novo nascimento é um milagre operado sobrenaturalmente por Deus na alma humana. Para ele, “regeneração consiste no pecador mudar sua escolha última, sua intenção e suas preferência; ou ainda, mudar do egoísmo para o amor e a benevolência”, e tudo isto movido pela influência moral do exemplo de Cristo ao morrer na cruz (p. 224).

Finney, reagindo contra a influência calvinista que predominava no Grande Avivamento ocorrido na Nova Inglaterra do século passado, mudou a ênfase que havia à pregação doutrinária para uma ênfase à fazer com que as pessoas “tomassem uma decisão”, ou que fizessem uma escolha. No prefácio da sua Systematic Theology ele declara a base da sua metodologia: “Um reavivamento não é um milagre ou não depende de um milagre, em qualquer sentido. É meramente o resultado filosófico da aplicação correta dos métodos.”

Finney não estava descobrindo uma nova verdade, mas abraçando um erro antigo, defendido por Pelágio no século IV, e condenado como herético pela Igreja, ou seja, que nenhum de nós nasce pecador; o homem, por nascimento, é neutro, e capaz de fazer escolhas para o bem e para o mal com inteira liberdade. Finney tem sido corretamente descrito por estudiosos evangélicos como sendo semi-pelagiano (ou mesmo, pelagiano) em sua doutrina, e um dos responsáveis maiores pela disseminação deste erro antigo entre as igrejas modernas.

Na teologia de Finney, Deus não é soberano, o homem não é um pecador por natureza, a expiação de Cristo não é um pagamento válido pelo pecado, a doutrina da justificação pela imputação é insultante à razão e à moralidade, o novo nascimento é produzido simplesmente por técnicas bem sucedidas, e avivamento é o resultado de campanhas bem planejadas com os métodos corretos.

Antes de Finney, os evangelistas reformados aguardavam sinais ou evidências da operação do Espírito Santo nos pecadores, trazendo-os debaixo de convicção de pecado, para então guiá-los à Cristo. Não colocavam pressão sobre a vontade dos pecadores, por meio psicológicos, com receio de produzir falsas conversões. Finney, porém, seguiu caminho oposto, e seu caminho prevaleceu. Já que acreditava na capacidade inerente da vontade humana de tomar decisões espirituais quando o desejasse, suas campanhas de evangelismo e de reavivamento passaram a girar em torno de um simples propósito: levar os pecadores a fazer uma escolha imediata de seguir a Cristo. Com isto, introduziu novos métodos nos seus cultos, como o “banco dos ansiosos” (de onde veio a prática de se fazer apelos ao final da mensagem), o uso de qualquer medidas que provocassem um estado emocional propício ao pecador para escolher a Deus, o que incluía apelos emocionais e denúncias terríveis do pecado e do juízo.

O impacto dos métodos reavivalistas de Finney no evangelicalismo moderno são tremendos. Seus sucessores têm perpetuado estes métodos e mantido as características do fundador: o apelo por decisões imediatas, baseadas na vontade humana; o estímulo das emoções como alvo do culto; o desprezo pela doutrina; e a ênfase que se dá na pregação a se fazer uma escolha, em vez da ênfase às grandes doutrinas da graça. As igrejas evangélicas de hoje, influenciadas pela teologia e pelos métodos de Finney, acreditando que reavivamentos podem ser produzidos, e que pecadores podem decidir seguir a Cristo quando o desejarem, têm adotado táticas e práticas em que as pessoas são vistas como clientes, e que promovem a mentalidade consumista nas igrejas evangélicas.

A relação entre os métodos de Finney e o espírito consumista moderno foi corretamente notado por Rodney Clapp, em recente artigo na Christianity Today (Outubro de 1966): “Ao enfatizar a importância de se tomar uma decisão para Cristo, Charles Finney e outros reavivalistas ajudaram na sacramentalização da ‘escolha’, elemento chave do consumismo capitalista de hoje. O reavivalismo [de Finney] encorajava sentimentos de êxtase e a abertura do indivíduo para mudanças costumeiras de conversão e reconversão” (p. 22).

O Senhor Jesus preferiu doze seguidores genuínos a ter uma multidão de consumidores. Creio que a igreja evangélica brasileira precisa seguir a Cristo também aqui. É preciso que reconheçamos que as tendências modernas em alguns quartéis evangélicos é a de produzir consumidores, muito mais que reais discípulos de Cristo, pela forma de culto, liturgias, atrações, e eventos que promovem. Um retorno às antigas doutrinas da graça, pregadas pelos apóstolos e pelos reformadores, enfatizando a busca da glória de Deus como alvo maior do homem, poderá melhorar esse estado de coisas.


quarta-feira, 8 de junho de 2011

Tem sentido ser cristão


E outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões.
Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados
(Dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas e cavernas da terra.
E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa,
Provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles sem nós                      
não fossem aperfeiçoados - [Hebreus 11. 36-40].

Esta porção das Escrituras Sagradas faz parte do contexto da extraordinária passagem Bíblica conhecida por alguns como “A galeria dos heróis da fé”.
Ao atentarmos para os versículos acima, considerando o contexto do evangelicalismo dos dias atuais, somos forçados a nos perguntar se estamos realmente entendendo a essência da mensagem evangélica. Precisamos considerar e avaliar nossas motivações.  
Qual o significado da vida cristã? O que diferencia o crente do não crente? Onde se origina a motivação do crente? Qual é o alvo maior na vida do crente? Estas indagações, aparentemente, tem a finalidade de apresentar o evangelho para as pessoas não crentes. Porém, o propósito dessa reflexão é, acima de tudo, trazer à mente dos irmãos algumas verdades que vem sendo ignorada por grande parte da igreja. 
Quando a mensagem do evangelho sofre algumas mudanças em sua essência (o que tem acontecido em grande escala nos dias atuais) o resultado é que o fruto da pregação desta mensagem traz em si a semente dessas mudanças. Se o evangelho é pregado de maneira genuína, com certeza ele produzirá frutos genuínos e saudáveis. No entanto, se o mesmo for mesclado com outros conceitos, o fruto de tais pregações será um grande número de pessoas (crentes) instáveis, confusos e fracos na fé. E, creio, esta é a verdadeira situação de um grande número de evangélicos em nossos dias. A situação se torna mais grave pelo fato de que, estas pessoas, que se encontra em tal situação, não conseguem perceber que estão seguindo em uma direção diferente daquela apresentada pelo evangelho bíblico. Estas pessoas vivem como que tendo os ouvidos tapados para não ouvir nada que seja diferente do evangelho descaracterizado que elas têm abraçado e seguido com todas as suas forças. Elas acreditam (ou querem acreditar) que estão bem. Que estão na direção certa. Até porque isso é bem conveniente, pois não somente deixa de confrontar com os interesses da velha natureza, as inclinações carnais, mas, o contrário, vai confirmando ou reafirmando a maioria deles. Como já foi observado por A. W. Tozer, ao apresentar o contraste entre a pregação genuína do evangelho (Antiga cruz) e o evangelismo predominante em nossos dias (A Nova cruz); A nova cruz não se opõe à raça humana; ao contrario, é uma companheira amigável e, se corretamente entendida, é fonte de oceanos de boa e limpa diversão e de inocente prazer. Ela deixa Adão viver sem interferência. A motivação da sua vida não sofre mudança; o seu prazer continua sendo a razão do seu viver, só que agora ele se deleita em cantar coros e em ver películas (filmes) religiosas, em vez de cantar canções obscenas e beber bebidas alcoólicas fortes. A tônica ainda está no prazer, embora a diversão esteja agora num superior plano moral, se não intelectual”.
Temos alguns exemplos bíblicos de igrejas que tiveram experiências semelhantes. Não estavam bem, perderam a direção certa, mas acreditavam que estavam vivendo um cristianismo autêntico. A igreja de Sardes, por exemplo, foi confrontada pelo Senhor com as seguintes palavras: Conheço as suas obras; você tem fama de estar vivo, mas está morto. Esteja atento! Fortaleça o que resta e que estava para morrer, pois não achei suas obras perfeitas aos olhos do meu Deus (Ap. 3.1-2).
Laodicéia é um outro exemplo que deve ser observado. O Senhor declarou: Conheço as suas obras, sei que você não é frio nem quente. Você diz: “Estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada”. Não reconhece, porém, que é miserável, digno de compaixão, pobre, cego, e que está nu (Ap.3.15,17). Algumas igrejas se acham tão ricas a ponto de tornarem-se orgulhosas, enchendo-se de soberba e com a triste ilusão de que já possui tudo de que precisa nesta vida, a ponto de afirmarem que não precisam mais de nada (embora não declarem em palavras, mas o fazem em atitudes ou estilo de vida). Porém, depois de confrontadas pelo Senhor com sua real situação espiritual, verão que na realidade não passam de igrejas miseráveis, dignas de compaixão, pobres, cegas, e em estado de nudez. Tais igrejas focalizam a coisa errada. Sua ênfase está no materialismo, formalismo, no homem em si. Em outras palavras, são orientadas pelos padrões humanos, e isso inclusive na vida religiosa. Igrejas como estas, aos seus próprios olhos, e em sua própria opinião, vivem um cristianismo autêntico. Algumas até tem fama de uma igreja viva, mas são diagnosticadas, pelo próprio Senhor, como igrejas mortas. Pois somente Deus é quem determina o que é uma igreja viva e saudável, e isso ele faz através de sua Palavra. É na Escritura Sagrada que encontramos as verdadeiras características de uma vida cristã autêntica, e, mais uma vez afirmo; não são essas características que predominam na vida de muitos crentes nos dias de hoje.
Será se tais pessoas entendem realmente o significado do cristianismo autêntico? Será se alguns destes “crentes” se interessam pela autêntica mensagem do evangelho? O significado da vida cristã está “muito além” do que é compreendido e vivenciado pela maioria dos “evangélicos” dos dias atuais.

Antonio Luis – Pr.

A Cruz Antiga e a Nova - A. W. Tozer

Totalmente sem aviso e desapercebida, uma nova cruz surgiu nos círculos populares evangélicos nos tempos modernos. Parece-se com a antiga cruz, mas é diferente: as semelhanças são superficiais; as diferenças, fundamentais.

Desta nova cruz brotou uma nova filosofia da vida cristã, e dessa nova filosofia proveio uma nova técnica evangélica - um novo tipo de reunião e uma nova espécie de pregação. Esta nova evangelização emprega a mesma linguagem da antiga, mas seu conteúdo não é o mesmo e a sua ênfase não é como antes.

A cruz antiga não fazia barganhas com o mundo. Para a jactanciosa carne de Adão, ela significava o fim da jornada. Punha em execução a sentença imposta pela lei do Sinai. A nova cruz não se opõe à raça humana; ao contrario, é uma companheira amigável e, se corretamente entendida, é fonte de oceanos de boa e limpa diversão e de inocente prazer. Ela deixa Adão viver sem interferência. A motivação da sua vida não sofre mudança; o seu prazer continua sendo a razão do seu viver, soa que agora ele se deleita em cantar coros e em ver películas (filmes) religiosas, em vez de cantar canções obscenas e beber bebidas alcóolicas fortes. A tônica ainda está no prazer, embora agora a diversão esteja agora num superior plano moral, se não intelectual.

A nova cruz estimula uma abordagem evangelística nova e inteiramente diversa. O evangelista não exige renuncia da velha vida para que se possa receber a nova. Ele não prega contrastes; prega similaridades. Procura caminho para o interesse do publico mostrando que o cristianismo não faz exigências desagradáveis; ao invés disso, oferece a mesma coisa que o mundo oferece, só que num nível mais alto. Seja o que for que o mundo enlouquecido pelo pecado reclame para si no momento, com inteligência se demonstra que exatamente isso o evangelho oferece, só que o produto religioso é melhor.

A nova cruz não destrói o pecador; redireciona-o. Aparelha-o para um modo de viver mais limpo e mais belo e poupa o seu respeito próprio. Àquele que é auto-afirmativo, ela diz: “Venha e afirme-se por Cristo”. Ao egoísta diz: “Venha e exalte-se no Senhor”. Ao que procura viva emoção diz: “Venha e goze a vibrante emoção do companheirismo cristão”. A mensagem crista sofre torção na direção da moda em voga, para que se torne aceitável ao publico.

A filosofia que está por trás desse tipo de coisa pode ser sincera, mas sua sinceridade não a faz menos falsa. É falsa porque é cega. Falta-lhe por completo todo o significado da cruz.

A antiga cruz é um símbolo de morte. Ela representa o abrupto e violento fim do ser humano. Na época dos romanos, o homem que tomava sua cruz e se punha a caminho já tinha dito adeus a seus amigos. Não voltaria. Estava saindo para o termino de tudo. A cruz não fazia acordo, não modificava nada e nada poupava; eliminava o homem, completamente e para sempre. Não procurava manter boas relações com a sua vitima. Feria rude e brutalmente, e quando tinha terminado o seu trabalho, o homem já não existia. 

A raça de Adão está sob sentença de morte. Não ha comutação nem fuga. Deus não pode aprovar nenhum fruto do pecado, por mais inocente ou belo pareça aos olhos dos homens. Deus salva o indivíduo liquidando-o e, depois, ressuscitando-o para uma vida nova.

A evangelização que traça paralelos amistosos entre os caminhos de Deus e os dos homens é falsa para Bíblia e cruel para as almas de seus ouvintes. A fé crista não é paralela ao mundo; secciona-o. Quando vimos a Cristo, não elevamos a nossa velha vida a um plano mais alto; deixamo-la aos pés da cruz. O grão de trigo tem de cair no solo e morrer.

É preciso que nos, que pregamos o Evangelho, não nos consideremos como agentes de relações publicas enviados para estabelecer boa vontade entre Cristo e o mundo. É preciso que não nos imaginemos comissionados para tornar Cristo aceitável ao grande comercio, à imprensa, ao mundo dos esportes ou à educação moderna. Não somos diplomatas, mas profetas, e a nossa mensagem não é um acordo, mas um ultimato.

Deus oferece vida, não porem uma velha vida melhorada. A vida que Ele oferece é vida posterior à morte. É vida que se mantém sempre no lado oposto ao da cruz. Quem quiser possui-la, terá de passar sob a vara.. Terá de repudiar-se a si próprio e aquiescer-se à justa sentença de Deus que o condena.

Que significa isso para o indivíduo, para o condenado que desejar achar vida em Cristo Jesus? Como poderá esta teologia ser transferida para a vida? Simplesmente, é preciso que ele se arrependa e creia. É preciso que ele abandone os seus pecados e então prossiga e abandone a si mesmo. Que não cubra nada. Que não procure fazer acordo com Deus, mas incline a cabeça para o golpe do severo desprazer e Deus e reconheça que merece morrer.

Feito isso, que ele contemple com singela confiança o Senhor ressurrecto, e do Senhor lhe virão vida, renascimento, purificação e poder. A cruz que deu cabo a vida terrena de Jesus agora põe fim ao pecador; e o poder que levantou Cristo dentre os mortos agora o ressuscita para uma nova vida ao lado de Cristo.

A qualquer que faça objeção a isso ou que o considere meramente como uma estreita e particular visão da verdade, permita-me-se dizer que Deus fixou Seu caminho de aprovação nesta mensagem, desde os dias de Paulo até ao presente. Quer exposto nestas exatas palavras quer não, tem sido este o conteúdo de toda pregação que tem trazido vida e poder ao mundo através dos séculos. Os místicos, os reformadores, os avivalistas, tem posto aqui a sua ênfase, e sinais, maravilhas e poderosas operações do Espírito Santo deram testemunho de aprovação de Deus.

Ousaremos nos, os herdeiros desse legado de poder, adulterar a verdade? Ousaremos apagar com os nossos grosseiros lápis as linhas impressas ou alterar o modelo que nos foi mostrado no Monte? Não o permita Deus. Preguemos a velha cruz e conheceremos o antigo poder. 

terça-feira, 7 de junho de 2011

Todos pecaram

Todos pecaram
Em uma comunidade (bairro/cidade) nos deparamos com pessoas de vários níveis, seja em aspecto profissional, intelectual, financeiro etc., e a tendência que temos, como ser humano, é de achar que estes aspectos tornam algumas pessoas melhores ou mais importantes do que outras. No entanto existe um aspecto na vida do ser humano que encerra todas as pessoas em um mesmo nível. Quando o homem (a humanidade) é visto no âmbito religioso (espiritual), há um nivelamento de todas as pessoas. Uma só é a realidade de todos;
pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus”, [Romanos, 3.23].
Esta é a realidade de todo ser humano, seja ele uma pessoa dominada “ou não” pelos prazeres, pelos negócios, seja uma pessoa rica ou pobre, não importa. O fato é que “todos” estão debaixo de uma mesma sentença; “pecadores”, [Romanos, 3.9-20].
Outro aspecto da vida que tem sido esquecido por muitos é o fato de que “a conseqüência” dessa realidade (todos estão debaixo do pecado) é a condenação/morte. “pois o salário do pecado é a morte,” [Romanos, 6.23a].
O pecado é uma rede que prende o homem. Um fardo que precisa ser retirado de sobre nós. É uma mancha suja que precisa ser lavada. Uma grande divida que deve ser paga.
Qual é, pois, a esperança se todos já foram destituídos (separados) da fonte da vida que é Deus? Qual a saída que a humanidade pode ter se ela já está sentenciada como pecadora, visto que o salário (conseqüência) do pecado é a condenação/morte? Há de fato esperança? A Escritura Sagrada (Bíblia) afirma de maneira clara e decisiva que sim.
Embora muitas pessoas procurem estabelecer ou ensinar outros meios para resolver o problema do homem com respeito ao pecado, a Escritura nos mostra que há somente um caminho; Jesus Cristo.
Embora muitas pessoas ainda pensem que podem fazer por merecer a salvação, a Palavra de Deus afirma categoricamente que só existe uma solução para o problema do pecado: A morte de Cristo na cruz.
Somente Jesus tem o poder de nos libertar das garras do pecado: João, 8.36.
Somente Jesus tem o poder de nos livrar do fardo do pecado: Isaias, 53.6b.
Somente Jesus pode tirar de nós a mancha do pecado: Hebreus, 9.14 – I João, 1.7 – João, 15.3.
Somente Jesus pôde pagar pelos nossos pecados: I Pedro, 1.18,19 – I Coríntios, 6.19,20 – Atos, 20.28.

Todos precisam ir até a cruz

Antonio Luis - Pr.