sábado, 30 de junho de 2012

Romanos 3.21-26

Depois de discorrer acerca da situação da humanidade diante de Deus descrevendo o caráter e as atitudes das pessoas que suprimem a verdade de Deus pela injustiça, atraindo assim a ira de Deus sobre si mesma (1.18-32), e, em seguida, de expor o fato de que toda a humanidade encontra-se sob o juízo de Deus (3.19), Paulo, agora, passa a aponta a única solução para o problema da humanidade; a justiça de Deus. Embora esta justiça já houvesse sido aplicada na vida de outras pessoas no passado (4.3,6-8), agora ela tem sido revelada e aplicada na vida de todo aquele que crê em Jesus Cristo (3.22). Nesta passagem o apóstolo faz algumas descrições dessa justiça: i) É uma justiça que provem de Deus (3.21a); ii) É uma justiça que independe da Lei (3.21b); iii) É uma justiça da qual testemunha a Lei e os Profetas (3.21c); iv) É uma justiça obtida mediante a fé em Jesus Cristo (3.22a); v) É uma justiça estendida a todos os que crêem (3.22b); vi) É uma justiça concedida pela graça de Deus (3.24). Como podemos ver, além de demonstrar que esta justiça é de origem divina, e que se encontra firmemente fundamentada na Escritura Sagrada, Paulo deixa claro que ela é fruto tão somente da graça e misericórdia de Deus, excluindo assim qualquer possibilidade do justificado se vangloriar. A aplicação pessoal é que eu posso descansar nessa verdade (sou justificado), sabendo da origem, caráter e instrumento desta justificação, e, portanto, que não tenho o mínimo motivo de me vangloriar. Ao mesmo tempo tenho motivos de sobra para dedicar minha vida em gratidão a Deus por tão maravilhoso DOM.

discussões teológicas

Alguns pensam e até afirmam que discutir ou tratar acerca de questões teológicas é perca de tempo, mas, pergunto a estas pessoas; que seria da saúde doutrinária da igreja se não fora teólogos como Paulo, Pedro, João etc.? haveriam muitos (se não todos) na igreja que não creria na ressurreição (I Coríntios 15). A igreja seria composta apenas por pessoas circuncidadas (Gálatas), e estariam procurando se salvar pela guarda da Lei e desprezando a justiça de Deus (Romanos). A igreja, em grande parte (para não dizer em sua totalidade) estaria vivendo o mesmo padrão do mundo, influenciada pelos falsos mestres (II Pedro 2), aliás, seria ilógico afirmar que há falsos mestres pois não haveria um padrão doutrinário pelo qual pudéssemos nos basear para atender as admoestações do Senhor Jesus (Mateus 7.15-23; 16.5-12). A igreja, mais cedo ou mais tarde, acabaria desprezando o conceito de que Jesus Cristo assumiu realmente a natureza humana (I João). Que seria da igreja se Deus não usasse pessoas (teólogos) para ensinarem a verdade acerca da pessoa e obra de Deus Pai, de Jesus Cristo e do Espírito Santo? E o que dizer dos termos teológicos (técnicos) e não bíblicos como; Trindade, divindade e humanidade de Cristo, personalidade do Espírito Santo? Deixemos tudo isso de lado e nos entreguemos à práticas, emoções e experiências religiosas? Para que pregar o evangelho se todo mundo “à sua maneira” crer em Deus? O importante não é ter fé? Todo mundo a tem (Tiago 2.19). Pensamentos assim, que depreciam o estudo teológico, é uma das razões da existência de tanta confusão no ceio da igreja dos dias atuais.

Teísmo aberto

Quem pensa que o teísmo aberto é um problema que já foi solucionado, e que não tem causado influencias negativas na vida da igreja, se engana. Na verdade, creio,esta teologia continua sendo disseminada no ceio de nossas igrejas, inclusive por pessoas (líderes) bem influentes. Em um artigo que trata da questão pude ver a opinião de vários líderes que, se observado com atenção, quando não vitalizam tal posição (teísmo aberto) por suas declarações a favor, contribuem com a mesma ao se mostrarem negligente em não assumirem uma postura correta quanto a uma teologia definida. Muitos tem se mostrado negligente com relação a assuntos ou questões importantes para a saúde da igreja.

Imutabilidade e Teísmo Aberto
O termo “Teísmo Aberto” foi cunhado pelo adventista Richard Rice contudo, segundo Paulo Brabo, tais idéias circulavam entre Wesley e Arminius. Semelhantemente a teologia adventista, pontua que muitos dos conceitos da teologia clássica seriam importados da filosofia grega, do qual muito herdaríamos. Segundo Paulo Brabo, o conceito de Deus imutável, impassível e fora do tempo, é acertadamente de origem grega. E salienta que os defensores do Teísmo Aberto afirmavam que termos como onisciência, onipotência e onipresença não aparecem na Bíblia.
[O fato de alguns termos teológicos não aparecerem na Bíblia não significa que os mesmos não sejam verdadeiros ou bíblicos pois, a exemplo do que falamos, Os termos; Trindade, personalidade do Espírito Santo, divindade e humanidade de Cristo etc. também não aparecem na Bíblia. E ai, abandonemos tais conceitos por não aparecerem na bíblia? - Antonio Luis]
Ricardo Gondim é mais profundo nesse pensamento contra a imutabilidade de Deus:
“Os gregos não concebiam a possibilidade de Deus mudar. Segundo eles, Deus não pode mudar por ser perfeito. Ora, a misericórdia só é possível de ser exercida se houver mudança no coração de quem a exerce. Aliás, misericórdia não exige mudança de quem é alvo dela e sim de quem a pratica. Há inúmeros exemplos bíblicos de que Deus mudou o que faria e tomou medidas até emergenciais, devido às ações humanas”. [Ricardo Gondim]
Segundo Sanders, em “Deus que arrisca”, Deus mudaria sua mente, continuaria a aprender e fazer exame de risco. Já Gregory Boyd, no livro "Deus do possível", defende que até as decisão divinas são incertas num cosmo livre. Os críticos contra-atacam que se as conclusões de Boyd estiverem corretas, a humanidade tem mais liberdade do que o Criador. E Deus estaria limitando seu conhecimento e poder a fim preservar o livre arbítrio, o que para os opositores é um absurdo.

[Para quem pensa que as doutrinas defendidas pela ala conservadora são puramente influencias gregas]

Quanto à influência grega no que diz respeito a algumas idéias (doutrinas) cristãs, fico impressionado como alguns teólogos ignoram algumas verdades sobre o tema. Por exemplo, podemos observar alguns efeitos do helenismo sobre os judeus no NT. Vale lembrar que alguns destes exemplos não se encontram de maneira explicita em alguns dos textos, no entanto poderão demonstrar tais influências de modo implícito.
Uma das maiores influências do helenismo sobre os judeus que podemos destacar no Novo Testamento é a filosofia grega, a qual gerou muitas mudanças no pensamento judaico, causando, dessa forma, muitos efeitos no modo de se compreender a vida.
Dentre essas influências, podemos observar, de modo positivo, os efeitos da filosofia que tratava da necessidade de se livrar dos padrões tradicionais de comportamento herdados dos antepassados, o que levou a sociedade a adotar certa ênfase no individualismo. Esta influência pode ser observada no fato de que tal ênfase individualista contribuiu, ou facilitou, na época do Novo Testamento, a adoção do conceito de religião pessoal. Assim, quando Jesus desafiava seus ouvintes a deixarem pai e mãe a fim de segui-lo (Lc. 14.26;Mat. 10.37), não encontrava, por parte do conceito tradicional, nenhuma barreira que dificultasse sua mensagem. Assim, podemos observar, apartir desta passagem, que os judeus nos tempos do Novo Testamento, já haviam aderido muitos elementos da filosofia grega. E neste sentido podemos apontar, no Novo Testamento, outro exemplo dessa influência helênica sobre os judeus. Trata-se da declaração do apóstolo Pedro, a qual este fez diante do sinédrio judaico em certa ocasião (Atos 5.29). Após serem, os apóstolos, advertidos a não pregarem o evangelho de Cristo, encontramos Pedro e os demais respondendo ao sinédrio; Antes importa obedecer a Deus do que aos homens [ARA]. Esta era uma frase já conhecida desde os tempos de Sócrates. Este acreditava em princípios universais de verdade e de direito, os quais encontravam em Deus, o qual ele considerava supremo em conduta e caráter, sua forma ultima de expressão pessoal. Aos seus perseguidores atenienses ele dissera; “importa mais obedecer a Deus do que a vós” [Dana, H. E. pág.159]. Ao expressar-se desta maneira, não somente o apóstolo Pedro mas também o sinédrio judaico que não retrucara a tal declaração, parece demonstrar certa familiaridade com alguns conceitos filosóficos. E não apenas isto, mas também demonstram concordarem com tais conceitos que refletem alguns princípios universais de verdade e de direito [A. Luis Pr.]

quinta-feira, 7 de junho de 2012

O Ministério Pastoral e os Conflitos - III

Enfrentando os conflitos: Havendo compreendido que a mediação é um elemento essencial no ministério pastoral e que, como líderes cristãos, não devemos nos esquivar da responsabilidade de lidarmos com os conflitos enfrentados por nossos irmãos, e conscientes do fato de que, como discípulos de Cristo, fomos comissionados e capacitados para exercer com eficiência o ministério da reconciliação, nos colocando como mediadores entre as partes conflitantes, podemos discorrer com mais tranquilidade sobre a próxima questão; seria correto, como alguns líderes cristãos o fazem, encaminharmos os membros de nossas igrejas para especialistas com a finalidade de resolverem seus conflitos tanto pessoais como interpessoais? Tendo em vista o que já foi esclarecido acima acerca dos conflitos e sua relação com o ministério pastoral, mostrando que este jamais será exercido sem a presença de conflitos, e que estes, naturalmente, são elementos necessariamente existentes na vida do ser humano, tanto individual como coletivamente, e, portanto, parte do ministério pastoral, a resposta necessariamente deve ser não. Se de fato o líder se considera ministro do evangelho e alguém comissionado por Deus para cuidar de pessoas, naturalmente tem que reconhecer que o papel de pacificador é inerente ao seu chamado. Ele é um agente da reconciliação e não pode fugir dessa responsabilidade. Ao repassar para outrem esta responsabilidade, por não querer pagar o preço do exercício de seu ministério, ele estará negligenciando um serviço essencial em seu ministério. Querer pastorear sem ter de lidar com conflitos é o mesmo que pretender tomar banho sem querer se molhar. A existência dos conflitos no desempenho do ministério é algo tão real e natural que se quisermos comprovar basta sentarmo-nos um pouco com outros irmãos e amigos, pastores e líderes, atuantes no ministério, e veremos este fato. Não deveríamos ficar surpresos com a presença de conflitos no ceio da igreja visto que reconhecemos ou admitimos o fato de que nós, os cristãos, também somos seres humanos. E, é exatamente pelo fato de sermos seres humanos que a presença de conflitos em nosso meio se faz algo real. Esta verdade pode nos direcionar a algumas respostas a possíveis perguntas tais como; quais as causas dos conflitos em nosso meio? Quais as fontes ou origens dos constantes conflitos que enfrentamos em nossa vida e ministérios? Como lidar com eles? Sem deixar de considerar a própria natureza humana, que por si só, devido a influencia do pecado, já torna necessariamente real a presença dos conflitos em nossos relacionamentos, devemos atentar para alguns fatores ou “causas imediatas” dos conflitos. Dentre estes fatores que são tidos como principais causas ou fontes de conflitos, merece nossa atenção especial a questão da comunicação. Quando falta comunicação entre o povo de Deus, ou até mesmo quando esta é mal sucedida, temos uma das maiores causas de conflitos dentro da igreja. Tendo isto em mente, como líderes cristãos devemos atentar com mais cuidado para a nossa prática de relacionamento entre o povo de Deus. Pois, como já foi observado, quando o pastor se envolve com o povo de Deus, ele constrói ou destrói relacionamentos. O pastor sábio busca desenvolver relacionamentos dinâmicos e vibrantes entre aqueles a quem ele está ministrando. Porém, para que estes relacionamentos possam ser travados entre pastor e rebanho é essencial que haja comunicação “de qualidade”, com o mínimo de interferência possível. Portanto, além do esforço para desenvolver uma comunicação de qualidade, precisamos, como líderes, nos empenharmos no incentivo da comunicação clara para desenvolvermos um ministério fundamentado na prática da interação entre os membros da igreja, e isto deve ser resultado de uma boa comunicação, influenciada e direcionada pelo Espírito Santo. Outro fator importante a ser considerado quanto às causas de conflitos em nossas igrejas são as diferenças entre opiniões. Embora tenhamos o mesmo Espírito operando em nosso coração, ainda que sirvamos ao mesmo Senhor e tenhamos o mesmo Deus e Pai, não podemos ignorar o fato de que somos pessoas diferentes com mentes diferentes e com uma bagagem muito grande de conceitos que diverge em muito em relação aos demais irmãos. As diferenças de opiniões é um problema que só pode ser solucionado à medida que, em humildade, nos empenhamos em compreender corretamente e decidimos nos submeter à Palavra de Deus. Quanto mais compreendemos o direcionamento de Deus para nossa vida e ministério e resolvemos segui-lo, menos teremos divergências de opiniões. As perspectivas particulares de cada indivíduo é outro fator provocador de conflito entre o povo de Deus. Quanto menos nos comunicamos ou nos relacionamos com os outros, mais distantes estaremos uns dos outros com relação as nossas perspectivas. Portanto, se não houver maturidade suficiente para que estejamos nos submetendo uns aos outros no amor de Cristo, considerando e avaliando as perspectivas do próximo à luz de Cristo, dispostos a abrir mão das nossas, se necessário, com certeza o conflito terá se instalado em nosso meio. Tudo dependerá do conceito e prática de vida cristã que estivermos nutrindo. Os propósitos que traçamos em nossa vida e ministério também pode ser uma fonte de conflito entre irmãos ou no próprio ministério. Em uma comunidade, por mais que nos empenhemos para andarmos em harmonia, traçando projetos com o mesmo objetivo e com um mesmo propósito, nem sempre se tem as mesmas aspirações. E quando estas aspirações são as maiores influenciadoras com relação aos propósitos que traçamos para o ministério da igreja é muito provável que teremos divergências com respeito aos mesmos. Portanto, é necessário que haja um ótimo relacionamento e um excelente nível de comunicação entre os membros da igreja e sua liderança para que se possa ter o maior nível possível de harmonia entre os mesmos. Desta forma, com a eliminação das divergências entre os membros da igreja, ou até mesmo entre sua liderança, se terá um pensamento coeso quanto aos propósitos traçados, o que, consequentemente, estará evitando situações de conflito entre irmãos. Outro fator importante que tem promovido alguns conflitos, seja entre irmãos seja no ministério, é a questão dos gostos pessoais de cada individuo. Alguns conflitos com os quais muitas vezes nos deparamos em nossas igrejas, estão mais relacionados a questões de gostos pessoais do que qualquer outra coisa. Muitos membros de igrejas são hábeis em transformar seus gostos pessoais em “doutrina bíblica”. O contexto em que se desenvolveu e a cultura pela qual foi moldado é quem de fato determina para eles o que é sacro ou profano. Na verdade, até mesmo o desenvolvimento de sua vida cristã e o da comunidade a que pertence deve ser regido por estas preferências. Quando elaboram algum projeto ou traçam algum propósito para o ministério o que fala mais alto não é os princípios cristãos ou a Palavra de Deus e sim as preferências que já se tornaram o padrão de avaliação do que é bom ou não. O problema se mostra mais complicado pelo fato de que quanto mais indivíduos houver para decidirem algo ou traçarem algum projeto para o ministério, dependendo do nível ou predominância dos gostos pessoais, mais divergências haverá entre eles. Se não houver um redirecionamento dos princípios ou padrão de avaliação, onde os princípios da Escritura Sagrada seja o principal orientador para todo e qualquer empreendimento, dificilmente se chegará a decisões saudáveis. Casos desse tipo são verdadeiras fontes de conflitos na igreja. Para evitarmos esse tipo de situação é necessário empenho no sentido de levar a igreja à maturidade através do ensino e prática dos princípios bíblicos. Vários outros fatores existem como fonte ou causa de conflitos no ministério, no entanto seria muito difícil abordá-los aqui. Estes exemplos são suficientes para que reconheçamos a fundamental importância de uma boa comunicação no ministério. Tanto para evitarmos problemas de conflitos quanto para lidarmos com os mesmos. Orientações para uma comunicação sadia. Para que desenvolvamos uma comunicação sadia é necessário que compreendamos corretamente o que Deus tem falado, pois nossas conversas sempre devem refletir os princípios de sua Palavra. E, mesmo depois de compreendermos o que o Senhor nos tem falado é preciso que nos esforcemos para comunicar estas verdades de maneira que sejam recebidas por aqueles que as ouvem. A maneira como falamos é tão importante quanto a mensagem que desejamos transmitir. Alem disso, o contexto (onde e quando) no qual dizemos algo deve nos orientar como fazer um comentário. A motivação correta é um elemento importantíssimo para uma comunicação sadia. Nossa motivação deve refletir os valores, prioridades e princípios bíblicos. Para tanto, é necessário que contemos sempre com a ação do Espírito Santo em nosso coração, moldando-nos conforme a vontade de Deus, para que sempre tenhamos motivações corretas. Isso nos levará a desenvolver um excelente nível de relacionamento, onde a integridade e credibilidade, tão necessárias para o desenvolvimento do mesmo, serão os principais elementos que produzirão e fortalecerão o relacionamento entre o povo de Deus. Portanto, o que fica claro com relação à comunicação no ministério é o fato de que ela pode ser tanto uma tremenda fonte de conflitos entre o povo de Deus como um excelente instrumento que pode ser utilizado pelo líder cristão para a solução de conflitos. Se a comunicação entre nós for deficiente, o resultado é que ela poderá produzir vários conflitos entre nós. Mas, se nos empenharmos no desenvolvimento de uma comunicação sadia, conforme os princípios orientadores na Palavra de Deus, não somente estaremos evitando situações de conflitos, mas teremos condições de lidar com os conflitos já existentes em nossas igrejas, promovendo a reconciliação e a pacificação entre o povo de Deus. Portanto, até aqui podemos perceber a relação entre os conflitos e o ministério pastoral. Creio que é algo evidente a importância do líder cristão encarar os conflitos como parte do ministério, até mesmo como um instrumento pelo qual o cristão está sendo moldado para que chegue à maturidade. A importância da pacificação no desempenho do ministério pastoral é algo não somente evidente, mas também urgentemente digno de ser resgatados por aqueles que a tem deixado de lado no cumprimento de seu ministério. E, mesmo que alguns possam desconsiderar esta verdade, o Senhor Jesus Cristo não somente chama seus discípulos, mas também os capacita para o desempenho do ministério, concedendo as ferramentas necessárias para o desempenho do mesmo. O próprio evangelho já prover condições suficientes para o líder cristão desenvolver seu papel de pacificador com eficiência. O que precisamos incentivar, desenvolver e praticar entre nós é uma comunicação saudável, através da qual estaremos evitando uma série de conflitos em nosso meio, além de podermos contar com um excelente instrumento ministerial na solução de conflitos. Antonio Luis

quarta-feira, 6 de junho de 2012

O Ministério Pastoral e os Conflitos - II

Ao passo que entendemos a relação dos conflitos com o desempenho do ministério pastoral, e que a mediação é um elemento essencial em nosso ministério, e considerando também o fato de que, como líderes cristãos, não podemos nos esquivar da responsabilidade de lidarmos com os conflitos enfrentados por nossos irmãos, pelos quais somos responsáveis para cuidar e nutrir com as verdades do Evangelho de Cristo Jesus, resta perguntar- nos; será se estamos preparados para lidar com alguns conflitos que, naturamente, muitos de nossos irmãos experimentam com frequência, e até mesmo aqueles conflitos que surgem no ceio de nossas igrejas? Embora alguns possam responder a esta indagação de modo negativo, visto não terem recebido treinamento apropriado para lidarem com diversos conflitos de níveis elevados, precisamos estabelecer alguns fatos importantes nesta questão para que possamos seguir em frente com nossa abordagem sobre solução de conflitos no desempenho do ministério pastoral. Antes de tudo, como já foi observado, é necessário que tenhamos consciência da realidade dos conflitos, e assim estaremos aptos para compreender as origens dos mesmos. Quando falamos em “as origens dos conflitos” precisamos considerar dois aspectos importantes com respeito às fontes de conflitos. Antes de tudo, é importante observarmos o fato de que muitos de nós estamos prontos a detectar apenas um destes aspectos, que pode ser considerado como as origens ou fontes secundárias (as causas “imediatas” dos conflitos tais como; problema na comunicação, as diferenças entre opiniões, perspectivas, propósitos, gostos ou quaisquer outros fatores semelhantes) enquanto que a origem primária dos conflitos (a queda, o pecado ou a natureza pecaminosa) muitas vezes não é considerada. Quando lidamos com os conflitos, tratando e ou considerando apenas as fontes secundárias, podemos experimentar algumas frustrações ou surpresas, por percebermos que os mesmos ou outros conflitos maiores poderão vir à tona, visto que a fonte original continua proporcionando os elementos necessários para os mesmos. Portanto, quando estivermos enfrentando algumas situações de conflitos devemos levar em consideração a fonte primária dos conflitos. Uma lição fundamental extraída do estudo das Escrituras Sagradas é que “quando o homem pecou, várias separações ocorreram”. A primeira e mais fundamental se deu entre o homem rebelde e Deus. Todas as demais ocorreram em decorrência desta. O homem foi separado de si mesmo (o que gera os problemas psicológicos da vida), o homem foi separado dos demais homens (o que gera os problemas sociológicos da vida), o homem foi separado da natureza. A parti desta realidade podemos perceber que as fontes (secundárias) dos conflitos se apresentam em abundância, mas o tratamento deve começar sempre considerando a fonte principal de conflitos; a própria natureza caída. E, quanto a isso, o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo já prover condições suficientes para o líder cristão desenvolver seu papel de pacificador com eficiência. Na verdade, o ministério evangelístico da igreja deve iniciar-se exatamente neste ponto; reconciliação. A mensagem do evangelho até poderia ser colocada nestes termos; Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo (II Co. 5.19). Esta verdade abre um leque muito amplo de possibilidades para o ministério cristão. Como observa Davidson, ao abordar a passagem bíblica de II Coríntios 5; “os vers. 18 e 19 apresentam o plano de Deus de reconciliar o mundo consigo, o que abre aos homens este novo âmbito de vida”. Para compreendermos melhor acerca da capacitação proporcionada pelo evangelho no que diz respeito ao lidarmos com os conflitos, precisamos reconhecer o que Deus já realizou e o que Ele está realizando por intermédio do evangelho de Cristo. Tendo em mente a fonte de onde se originam os conflitos (a queda, ou, a natureza pecaminosa), precisamos destacar a obra de Cristo na cruz para solucionar esse problema, como observa Schaeffer; de acordo com os ensinamentos das Escrituras, a obra acabada do Senhor Jesus tem o sentido de apresentar uma forma de cura para cada uma dessas fraturas (a quebra de relacionamento do ser humano com Deus, com o próximo, consigo mesmo e com a natureza): cura que será aperfeiçoada, sob todos os aspectos, quando Cristo voltar, no futuro histórico. Na justificação existe um relacionamento que já é perfeito. Quando o indivíduo aceita a Cristo como seu Salvador, com base na obra completa de Cristo, Deus, enquanto Juiz declara que sua culpa desapareceu imediatamente e para sempre. Portanto, como resultado da obra redentora de Cristo (pois “Deus, através de Cristo, estava reconciliando consigo o mundo”) uma nova realidade se abriu para todo aquele que crê. A primeira e mais fundamental separação ocorrida na vida ou experiência humana já foi reparada através da pessoa e obra de Jesus Cristo. Todo aquele que já experimentou o novo nascimento, através da fé e entrega pessoal ao Senhor e Salvador Jesus Cristo, já experimenta outra realidade em seu relacionamento com Deus. Pois, como afirma Macdonald, “a obra do nosso Senhor sobre a cruz criou uma base justa sobre a qual podemos ser apresentados a Deus como amigos e não como inimigos”. Antes tínhamos aversão à Palavra de Deus, e nos opunha à sua pessoa e vontade. Éramos, por natureza, hostis a Ele e não queríamos nos submeter a sua vontade. Essa é a atitude de todo aquele que ainda vive nas trevas do pecado. Como observa Schaeffer, “o verdadeiro escândalo (da cruz) é que, por mais fidedigna e claramente que se possa pregar o Evangelho, a certa altura o mundo, por estar em estado de rebelião, se afastará disso. O homem foge disso para não ter que se curvar diante do Deus que existe. Este é o verdadeiro escândalo da cruz”. No entanto, o Senhor por sua grande misericórdia nos atraiu a si e, em Cristo, fomos reconciliados com Ele. Em Jesus nosso relacionamento foi reestabelecido com Deus e por isso desfrutamos a paz, enquanto que ao mesmo tempo somos agentes propagadores desta mesma paz. Portanto, se o maior e principal conflito do homem já foi resolvido por intermédio da pregação do evangelho, é claro que, se continuarmos vivendo com base nos princípios cristãos, em submissão à Palavra de Deus, não haverá conflito que não seja solucionado. Se nós, como ministros cristãos, desempenharmos o ministério com base no poder transformador do evangelho de Cristo, desenvolvendo nosso papel de pacificadores cristãos, poderemos contar com resultados positivos no que diz respeito à solução de conflitos. Com isto não queremos dizer que pelo fato de sermos cristãos ou pessoas tacadas e transformadas pelo poder do evangelho não venhamos experimentar ou mesmo gerar alguns conflitos entre nós mesmos como membros do mesmo corpo (igreja), as vezes até mesmo por conta de uma comunicação deficiente isto venha acontecer. No entanto, o que queremos enfatizar é o fato de que já fomos equipados por Deus para lidarmos com os possíveis conflitos que porventura tivermos que enfrentar. Como discípulos do Senhor Jesus, somos capacitados para produzirmos os frutos da justiça (Efésios, 2.10). Somos equipados para lidarmos com as situações de conflitos enfrentadas por nós mesmos e por nossos irmãos, pois o Senhor Jesus é quem nos faz triunfar em toda e qualquer situação adversa. De fato, é por meio de Cristo que somos capacitados para essa grandiosa tarefa. Sem Ele, nada podemos realizar. Sendo assim, voltamos a afirmar; como discípulos de Cristo, fomos comissionados e capacitados para desempenhar com eficiência o ministério da reconciliação, nos colocando como mediadores entre as partes conflitantes. Fomos comissionados para promover a pacificação através da pregação do evangelho, da mesma forma como o foram os primeiros discípulos de Cristo, como observa muito bem McDonald, “depois de sua ressurreição Jesus enviou seus discípulos no poder do Espírito Santo, os quais anunciaram o evangelho da paz”. O ministério da reconciliação é um elemento essencial no ministério pastoral, e o Senhor Jesus Cristo não somente chama seus ministros, mas também os capacita para o desempenho do ministério, concedendo as ferramentas necessárias para o desempenho do mesmo. Antonio Luis - Pr.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

O ministério pastoral e os Conflitos - Parte I

Encarando a realidade do conflito: É comum ouvirmos muitos líderes reclamarem dos vários problemas existentes em suas comunidades, além de se mostrarem surpresos com o número cada vez maior de rupturas nas igrejas locais. No entanto, o que deveria nos surpreender é o fato de que muitos de nós, deliberadamente ou não, ignoramos não somente as origens destes problemas, mas também qual deveria ser a postura correta diante de tais situações. Para ser mais claro, muitos ignoram o fato de que todos os problemas existentes na igreja se originam de conflito. Até mesmo aqueles que resultam de situações aparentemente neutras. Na verdade, todo problema é resultado de um conflito de incompatibilidade, seja esta entre opiniões, perspectivas, propósitos, gostos ou quaisquer outros fatos. Não podemos deixar de destacar também uma das principais fontes de conflitos no ministério pastoral; a comunicação (ou a falta desta). Todos estes fatores nos leva a reconhecer a necessidade de uma reflexão mais séria com respeito a comunicação e conflito no ministério. Muitos dos problemas experimentados pela igreja, prejudicando-a no desempenho de seu ministério, poderiam ser evitados se atentássemos mais para a necessidade de tratarmos dos conflitos que, naturalmente, experimentamos em nossas comunidades. No entanto, o que se constata é o fato de que muitos têm fechado os olhos para essa realidade. “As próprias igrejas, os institutos bíblicos e seminários oferecem pouco ou nenhum treinamento pastoral sobre como lidar com os conflitos” experimentados no ceio das igrejas. Isso mostra o quanto a liderança cristã tem assumido o papel de pacificadores, comprometendo-se com a solução de conflitos. Como resultado, temos constatado que muitos líderes tem tido dificuldades para lidar com os conflitos que surgem em seu ministério e, consequentemente, não é de se surpreender o fato de haver tantos ministérios em crise e igrejas que acabam passando por divisões. Visto que não se aborda a importância de tal disciplina no ministério, apontando tanto as causas como os resultados dos conflitos na vida da igreja, apresentando possíveis soluções, muitos líderes entendem que a solução de conflito não faz parte da tarefa pastoral. No entanto, é importante que nos conscientizemos do fato de que o ministério pastoral não acontece sem que enfrentemos muitos conflitos. Na verdade, parte do papel do ministro do evangelho pode ser entendida como solucionar problemas de conflitos. A administração ou prática da solução de conflitos é algo de fundamental importância na vida da igreja, pois não visa apenas questões internas (conflitos entre os membros da comunidade), mas envolve também questões externas (conflitos entre crentes e não crentes) o que implica no testemunho cristão. E, como as instituições cristãs tem negligenciado essa disciplina em seu currículo educacional e a demanda do problema se apresenta como um grande desafio para a sociedade, como observa Poirier “hoje um numero cada vez maior de universidades e faculdades de direito oferecem cursos na área de solução alternativa de conflitos” e consequentemente “o desenvolvimento na teoria e prática da solução de conflitos tem dependido amplamente do trabalho de mediadores seculares, os quais se baseiam em teorias psicológicas e sociológicas sobre conflito”. Mas, onde estão os ministros cristãos com o desempenho de seu papel de pacificador? Será se a pacificação ou solução de conflitos não é vista como pertencente ao ministério pastoral? A resolução de conflitos não faz parte essencial da pregação do evangelho? A este respeito até podemos ouvir as palavras do apóstolo Paulo ecoarem aos nossos ouvidos; Se algum de vocês tem queixa contra outro irmão, como ousa apresentar a causa para ser julgada pelos ímpios, em vez de levá-la aos santos? Vocês não sabem que os santos hão de julgar o mundo? Se vocês hão de julgar o mundo, acaso não são capazes de julgar as causas de menor importância? Vocês não sabem que haveremos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas desta vida! Portanto, se vocês têm questões relativas às coisas desta vida, designem para juízes os que são da igreja, mesmo que sejam os menos importantes. Digo isso para envergonhá-los. Acaso não há entre vocês alguém suficientemente sábio para julgar uma causa entre irmãos? Mas, ao invés disso, um irmão vai ao tribunal contra outro irmão, e isso diante de descrentes! [I Coríntios, 6.1-6 - NVI]. É lamentável o fato de que ainda há muitos pastores que precisam conscientizar-se de que a função de pacificador é um de seus principais papeis como ministro do evangelho de Cristo. A paz é um elemento essencial na pregação evangélica, já que o termo (“paz”) pode descrever, não somente o conteúdo como também o alvo da pregação cristã, sendo que a própria mensagem é chamada “o evangelho da paz”. Lamentavelmente existem pastores que ignoram o papel de pacificador como parte fundamental de seu ministério. Sendo assim, há pouca ou nenhuma preocupação com um treinamento adequado para resolução de conflitos no ministério e, consequentemente, muitos enfrentam, em maior ou menor grau, algumas dificuldades ministeriais oriundas dos mais diversos conflitos no ceio da igreja. Portanto, é importante avaliarmos que tipo de ministro do evangelho temos sido. Temos sido bons líderes pacificadores, colocando-nos como mediadores entre as pessoas? Pois, conforme observa Poirier, a questão não é se o pastor é um mediador, mas que tipo de mediador ele será. Com isto não queremos dizer que o pastor tenha que tomar para si a responsabilidade de solucionar os problemas de todo mundo na igreja, pois, dependendo do tamanho da igreja, isto até seria impossível. Porém, mesmo que a igreja tenha uma comissão especial para trabalhar com os casos de mediação, em algumas situações é fundamental a participação pastoral. A intervenção pastoral fará bastante diferença, como observa Dobson; o pastor pode às vezes ser o fator decisivo numa solução (de conflito). Pode ser que ele não diga nem faça nada diferente de outra pessoa; simplesmente pelo peso do seu cargo e pela autoridade espiritual ele desembaraça a situação. Mas, que dizer dos pastores que encaram os conflitos como se fossem elementos dissociados do ministério pastoral, como questões que diz respeito aos “profissionais” ou “especialistas” na área? Muitos pastores tem negligenciado seu papel de pacificador, deixando de se colocar como mediador entre as partes em conflitos. No entanto, fazer isso é o mesmo que se esquivar de ensinar as Escrituras, ou, no mínimo, ignorar os inúmeros exemplos bíblicos referentes ao assunto. São abundantes as passagens bíblicas em que aparecem exemplos de pessoas enfrentando conflitos, e os autores bíblicos nunca se esquivaram de tais situações. Muito pelo contrário, sempre se empenharam em levar o povo de Deus a viverem em comunhão, aceitando e ajudando uns aos outros ( Atos, 6. 1-7; Romanos, 14.1-15.7; I Coríntios, 1. 10-13; 6.1-8; Filipenses, 4. 2,3). O apóstolo Paulo, um dos líderes que mais enfrentou conflitos em seu ministério, nunca se esquivou de sua responsabilidade quanto ao ministério da reconciliação. É algo que nos chama bastante a atenção a habilidade do apóstolo em lidar com os conflitos. Mesmo com a autoridade que possuía, como apóstolo de Cristo, Paulo preferia agir e abordar as pessoas com base no amor de Cristo (Filemom, 8-9). Até mesmo quando ele era uma das partes envolvidas no conflito, o amor sempre falava mais alto. Exemplo disso é a maneira como aborda os irmãos da igreja de Corinto, expressando a consolação compartilhada entre eles (II coríntios, 1.6-7), a alegria (2.3), a transparência no trato e o amor aberto, mesmo antes de ser correspondido (6.11-13). Embora houvesse na igreja alguns membros que nutriam um conflito muito grande em seu relacionamento com o apóstolo (I Coríntios, 418-21; 9.1-3; II Coríntios, 10.1-3,7-13), ele não a encarava como muitos líderes dos dias de hoje, considerando a igreja como “uma bomba”. Paulo sabia que ali estava o povo de Deus, e muitos dentre este povo estavam influenciados pelos servos do maligno (II Coríntios, 11.13-15). Portanto, precisavam de alguém disposto a ajudá-los a tomar a direção correta no que diz respeito à vida cristã, desenvolvendo e preservando relacionamentos saudáveis. Como ministros do evangelho, devemos nos revestir com esse pensamento, entendendo que a reconciliação é um elemento altamente pertinente com nosso ministério, embora nos dias atuais outras disciplinas estejam assumindo posições mais elevadas, recebendo maior atenção por parte da igreja e seus líderes. Na verdade, a preocupação de muitos líderes repousa mais em questões de administração de projetos e programas de crescimento (numérico) do que em edificação de vidas, no sentido de levá-las à maturidade, através do aprendizado de resolução de conflitos pessoais e interpessoais. Muitos até mesmo se esquivam da responsabilidade de ajudar alguns membros de sua comunidade a resolver alguns conflitos existentes. Sejam estes de nível pessoal (ex. stress, depressão, crise), ou interpessoal (questões com irmãos da igreja local, ou até mesmo com descrentes). Quando não encaminham as pessoas aos “especialistas”, esquivam se sob a alegação de que não devemos ser antiéticos, nos intrometendo em negócios alheios, como se essa não fosse uma das funções do pastor; colocar-se como mediador ou pacificador entre as pessoas. Alguns líderes cristãos talvez não percebam o quão terrível é a experiência de alguém atravessar determinados conflitos. Bastaria refletirmos um pouco sobre os conflitos pessoais que experimentamos e enfrentamos sozinhos, por não podermos compartilhar com alguém exatamente por não haver uma via de comunicação saudável. Esta falta de percepção nos leva a ignorar a necessidade de nos prepararmos melhor para lidarmos com os conflitos no ministério pastoral. Por isso, embora os conflitos sejam uma realidade no ministério, não se dar tanta importância à responsabilidade de se empenhar em solucioná-los. Neste aspecto, Poirier indaga; “como pode ser que, de um lado, nos especializamos em confortar os que sofrem e, de outro, nós ao mesmo tempo nos esquivamos de ajudar os que passam por conflitos? Porque o sofrimento físico exige nossa atenção e mexe com o nosso coração, enquanto esse terrível mal do conflito, fruto do pecado, não nos comove? Porque corremos para aliviar a dor física e nos arrastamos para aliviar a dor do conflito”? A menos que ignoremos a realidade dos conflitos no ceio da igreja, e na vida de cada pessoa individualmente, não há razão para o líder cristão esquivar-se da responsabilidade de colocar-se como mediador entre pessoas. A mediação é um elemento essencial no ministério pastoral e, como ministros do evangelho, não devemos nos esquivar da responsabilidade de auxiliarmos nossos irmãos a resolverem seus conflitos. Não podemos negar o fato de que o lidar com conflitos, especialmente aqueles que nos deixam profundamente desconfortados, é algo que todos nós desejamos evitar. No entanto, como pastores, precisamos encarar a realidade do ministério que envolve, inclusive, a solução de conflitos dos mais diversos possíveis. O ministério pastoral não se desenvolve sem que tenhamos de trata ou lidar com os vários problemas que naturalmente surgirão no decorrer do desempenho do mesmo. Como observa Poirier, “os pastores são ajudantes que lavam os pratos sujos dos nossos ódios, iras, luxúrias, enganos, malícias e palavras obscenas na corrente purificadora do sangue de Cristo”. Deixar de levar isso em consideração, ao refletir sobre o ministério pastoral e nossa responsabilidade quanto ao chamado para o ministério da Palavra de Deus, é nada mais que negligenciar as implicações e responsabilidades atribuídas ao líder cristão com o encargo de pastorear o rebanho do nosso Senhor Jesus Cristo, o Supremo Pastor. Pr. Antonio Luis

O ministério pastoral e os Conflitos - Introdução

Introdução Embora esteja presente em todas as áreas de nossa vida, conflito é algo que a todo custo queremos evitar. Quando paramos para refletir sobra a realidade dos conflitos em nosso viver, observamos que eles são muitos mais numerosos e diversificados do que costumamos perceber. Na verdade os conflitos com os quais temos de lidar continuamente são muito mais abrangentes do que se costuma abordar, seja em livros seja em artigos que tratem do assunto. Da mesma forma, quando falamos em ministério pastoral e seus conflitos logo nos vêm à mente uma série de questões e experiências tanto de nossa parte como também de muitos de nossos irmãos e amigos, sejam eles pastores ou não. No entanto, embora pretendamos discorrer sobre o ministério pastoral e os conflitos, queremos, logo de inicio, delimitar nossa abordagem, no intuito de esboçar uma reflexão acerca da importância do líder cristão encarar os conflitos como parte do ministério, até mesmo como um instrumento pelo qual o cristão está sendo moldado para que chegue à maturidade (Rm. 5. 3-5; Tg. 1.2-4). Neste trabalho estaremos discorrendo sobre a relação entre os conflitos e o ministério pastoral. Para isso precisamos levantar algumas questões acerca do desempenho do ministério pastoral e sua relação com os conflitos, tanto pessoais, enfrentados por cada cristão individualmente, quanto conflitos enfrentados coletivamente, por grupos dentro da igreja, como também conflitos enfrentados entre duas ou mais pessoas que necessita da intervenção de outrem para solucionar o problema. Será se, como pastores, podemos nos sentir isentos da responsabilidade no que diz respeito aos conflitos pessoais enfrentados por irmãos dos quais temos a responsabilidade de nutrir e cuidar? Ou, até mesmo devemos nos perguntar, será se estamos preparados para lidar com algumas questões de conflitos que, naturamente, surgem e nossas igrejas? Seria correto, como muitos o fazem, encaminharmos alguns membros de nossas igrejas para especialistas com a finalidade de resolver seus conflitos tanto pessoais como interpessoais? Estaremos refletindo nesta questão com o intuito de entendermos ou conscientizarmo-nos da importância da pacificação no desempenho do ministério pastoral. É disso que se trata a resolução de conflito no ministério cristão; pacificação. É levar o indivíduo a experimentar ou desfrutar a paz; com Deus, com o próximo e consigo mesmo. Se isto não está intimamente relacionado com o ministério pastoral, o que mais está? Pr. Antonio Luis Mirador - MA