domingo, 9 de setembro de 2012

Tem sentido ser Cristão?

O significado da vida cristã E outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões. Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados (Dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas e cavernas da terra. E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa, Provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles sem nós não fossem aperfeiçoados - Hebreus 11. 36-40 Esta porção das Escrituras Sagradas faz parte do contexto da extraordinária passagem Bíblica conhecida por alguns como “A galeria dos heróis da fé”. Ao atentarmos para os versículos acima, considerando o contexto do evangelicalismo dos dias atuais, somos forçados a nos perguntar se estamos realmente entendendo a essência da mensagem evangélica. Precisamos considerar e avaliar nossas motivações. Qual o significado da vida cristã? O que diferencia o crente do não crente? Onde se origina a motivação do crente? Qual é o alvo maior na vida do crente? Estas indagações, aparentemente, tem a finalidade de apresentar o evangelho para as pessoas não crentes. Porém, o propósito dessa reflexão é, acima de tudo, trazer à mente dos irmãos algumas verdades que vem sendo ignorada por grande parte da igreja. Estes questionamentos, quando abordados com seriedade, e de maneira bíblica, nos ajudarão a tomar uma posição correta com relação ao viver cristão. Quando a mensagem do evangelho sofre algumas mudanças em sua essência (o que tem acontecido em grande escala nos dias atuais) o resultado é que o fruto da pregação desta mensagem traz em si a semente dessas mudanças. Se o evangelho é pregado de maneira genuína, com certeza ele produzirá frutos genuínos e saudáveis. No entanto, se o mesmo for mesclado com outros conceitos, o fruto de tais pregações será um grande número de pessoas (crentes) instáveis, confusos e fracos na fé. E, creio, esta é a verdadeira situação de um grande número de evangélicos em nossos dias. A situação se torna mais grave pelo fato de que, estas pessoas, que se encontra em tal situação, não conseguem perceber que estão seguindo em uma direção diferente daquela apresentada pelo evangelho bíblico. Estas pessoas vivem como que tendo os ouvidos tapados para não ouvir nada que seja diferente do evangelho descaracterizado que elas têm abraçado e seguido com todas as suas forças. Elas acreditam (ou querem acreditar) que estão bem. Que estão na direção certa. Até porque isso é bem conveniente, pois não somente deixa de confrontar com os interesses da velha natureza, as inclinações carnais, mas, o contrário, vai confirmando ou reafirmando a maioria deles. Como já foi observado por A. W. Tozer, ao apresentar o contraste entre a pregação genuína do evangelho (Antiga cruz) e o evangelismo predominante em nossos dias (A Nova cruz); “A nova cruz não se opõe à raça humana; ao contrario, é uma companheira amigável e, se corretamente entendida, é fonte de oceanos de boa e limpa diversão e de inocente prazer. Ela deixa Adão viver sem interferência. A motivação da sua vida não sofre mudança; o seu prazer continua sendo a razão do seu viver, só que agora ele se deleita em cantar coros e em ver películas (filmes) religiosas, em vez de cantar canções obscenas e beber bebidas alcoólicas fortes. A tônica ainda está no prazer, embora a diversão esteja agora num superior plano moral, se não intelectual”. Temos alguns exemplos bíblicos de igrejas que tiveram experiências semelhantes. Não estavam bem, perderam a direção certa, mas acreditavam que estavam vivendo um cristianismo autêntico. A igreja de Sardes, por exemplo, foi confrontada pelo Senhor com as seguintes palavras: Conheço as suas obras; você tem fama de estar vivo, mas está morto. Esteja atento! Fortaleça o que resta e que estava para morrer, pois não achei suas obras perfeitas aos olhos do meu Deus (Ap. 3.1-2). Laodicéia é um outro exemplo que deve ser observado. O Senhor declarou: Conheço as suas obras, sei que você não é frio nem quente. Você diz: “Estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada”. Não reconhece, porém, que é miserável, digno de compaixão, pobre, cego, e que está nu (Ap.3.15,17). Algumas igrejas se acham tão ricas a ponto de tornarem-se orgulhosas, enchendo-se de soberba e com a triste ilusão de que já possui tudo de que precisa nesta vida, a ponto de afirmarem que não precisam mais de nada (embora não declarem em palavras, mas o fazem em atitudes ou estilo de vida). Porém, depois de confrontadas pelo Senhor com sua real situação espiritual, verão que na realidade não passam de igrejas miseráveis, dignas de compaixão, pobres, cegas, e em estado de nudez. Tais igrejas focalizam a coisa errada. Sua ênfase está no materialismo, formalismo, no homem em si. Em outras palavras, são orientadas pelos padrões humanos, e isso inclusive na vida religiosa. Igrejas como estas, aos seus próprios olhos, e em sua própria opinião, vivem um cristianismo autêntico. Algumas até tem fama de uma igreja viva, mas são diagnosticadas, pelo próprio Senhor, como igrejas mortas. Pois somente Deus é quem determina o que é uma igreja viva e saudável, e isso ele faz através de sua Palavra. É na Escritura Sagrada que encontramos as verdadeiras características de uma vida cristã autêntica, e, mais uma vez afirmo; não são essas características que predominam na vida de muitos crentes nos dias de hoje. Será se tais pessoas entendem realmente o significado do cristianismo autêntico? Será se alguns destes “crentes” se interessam pela autêntica mensagem do evangelho? O significado da vida cristã está “muito além” do que é compreendido e vivenciado pela maioria dos “evangélicos” dos dias atuais. Antonio Luis – Pr.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Interpretação de Romanos 7 - Parte III

Conclusão Como já foi observado, não podemos interpretar o capitulo sete de Romanos à parte de seu contexto maior, o qual corresponde aos capítulos seis a oito (Rm. 6-8). Em Romanos seis o apóstolo mostra a seus leitores que todo aquele que se uniu a Cristo encontra-se em condições de desenvolver um estilo de vida agradável diante de Deus (Rm. 6.12-13). O pecado não dominará mais o crente (6.14a). Esta é uma verdade implícita na passagem, e esta verdade tem como base o fato de que o crente não está mais debaixo da Lei, mas debaixo da graça (6.14b). Somente por não está mais debaixo da Lei, o crente agora pode desenvolver uma vida de santidade. Antes, sob a Lei, o crente vivia escravizado pelo pecado, que tomou ocasião, por causa da fraqueza da carne perante a Lei. Agora, sob a graça, o crente vive livre da Lei e conseqüentemente livre domínio do pecado, para oferecer-se a Deus, em santidade de vida com base na Lei do Espírito de vida (8.2). No capitulo sete (Rm, 7), o apóstolo destaca mais claramente a real condição humana perante a Lei. Esta é santa, justa e boa, nós, porém, somos pecadores por natureza. A Lei é espiritual, nós, porém, somo carnais (Rm. 7.14), isto é; nossa natureza humana foi afetada pelo pecado, e ainda continua presa a ele. As inclinações desta natureza são sempre contrárias à santidade de Deus, não se submete à Lei (Rm. 87). Os impulsos carnais, em todo e qualquer momento oportuno, manifestam-se em ações contrárias às justas exigências da Lei. Faz parte da natureza humana corrompida pelo pecado o agir contrário à vontade de Deus. Ai está a razão pela qual não podemos tomar como base a observância da Lei para desenvolver uma vida de santidade para com Deus. Nossa natureza carnal milita contra toda instituição que queira refrear seus impulsos pecaminosos. Portanto, é a conclusão do apóstolo, para que o cristão desenvolva uma vida de santidade para com Deus, é necessário viver sob a direção do Espírito Santo, em total dependência deste. Esta conclusão encontra-se no capitulo oito, onde Paulo apresenta o viver cristão ideal. É nesta perspectiva de vida que todos nós devemos nos apegar. Sem perder de vista nossa real posição como filhos de Deus e herdeiros com Cristo. É a ação do Espírito Santo na vida do crente que o leva a viver de modo agradável diante de Deus, produzindo fruto de justiça, por intermédio de Jesus Cristo, para glória de Deus. A vida cristã vitoriosa só é possível se vivida segundo o Espírito; “Por isso digo: Vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne” (Gálatas 5.16). O Senhor nos conceda sempre a graça de compreender, crê e viver esta verdade.

INTERPRETAÇÃO DE ROMANOS 7

Reconhecendo que o “eu” de Rm. 7 refere-se à própria pessoa do apóstolo Paulo precisamos entender agora as palavras usadas por ele na passagem, sem deixar de considerar o conflito expresso pelo apóstolo. Como já foi destacado acima (ouro artigo), alguns comentaristas argumentam que sempre são evidenciadas características de uma pessoa regenerada (um crente) como também de uma pessoa não regenerada (um não crente) em Romanos sete. Estas características perpassam por toda a passagem paralelamente, sem transparecer ou sugerir a idéia de períodos, “o antes e o depois” da vida de uma pessoa, visto que o conflito entre o querer fazer o bem e o “não poder evitar o mal” parece acompanhar o argumento de Paulo até o versículo 24. Atentando para o versículo sete, percebemos que o apóstolo interage com o leitor a respeito da possível conclusão equivocada que alguns podem ter tido com relação ao que ele acaba de dizer acerca da lei em Rm. 7.1-6. Paulo argumenta; Que diremos então? A Lei é pecado? De maneira nenhuma! De fato, eu não saberia o que é pecado, a não ser por meio da Lei. Pois, na realidade, eu não saberia o que é cobiça, se a Lei não dissesse: “Não cobiçarás” (Rm.7.7). Sem deixar de destacar o caráter imaculável da Lei, o apóstolo desenvolve seu argumento concernente ao efeito da Lei na vida do homem. Ao mesmo tempo em que deixa clara a impossibilidade de alguém conseguir cumprir as exigências da Lei, ele mostra que o pecado, que habita em nossa natureza humana (nossa natureza corrompida pelo pecado) é o único responsável por não conseguirmos cumprir as exigências da Lei. Embora não tenha sido dada com o propósito de salvar ou redimir o pecador, a Lei continua sendo santa justa e boa. O apóstolo faz questão de destacar o caráter santo da Lei (No versículo 12, [ - “indubitavelmente”] é a palavra usada com o objetivo de resguardar, de antemão, o caráter inatacável da lei [Fritz, 1985]). O pecado que habita em nós é quem nos impede de cumprir suas exigências. Esta verdade fica evidente pelo argumento do apóstolo no decorrer de sua discussão. Portanto, a ênfase do apóstolo no capitulo sete de Romanos está na impotência da natureza humana diante da santidade da Lei. Paulo fala aos cristãos acerca do resultado da Lei na vida do homem, tanto na vida do não crente quanto na vida do crente. Para isso, o apóstolo toma como base sua própria experiência diante da Lei. Ele fala de sua experiência anterior à conversão (Rm.7.7-13) e a atual luta que enfrenta com relação à sua natureza humana diante da Lei, que é Santa, justa e boa (Rm.7.14-24). Conforme observado na apostila do professor, lição 10, “Paulo descreve o conflito e o transtorno interiores que ele tem experimentado como crente”. No entanto, o apóstolo não deixar de destacar sua confiança na providência divina, manifestada na pessoa de Jesus Cristo (Rm.7.25). O retrato que Paulo deixa de si mesmo na referida passagem não é o de uma pessoa escravizada pelo pecado, mas, alguém que ainda luta contra as inclinações pecaminosas da natureza humana. Luta esta que perdurará até o momento em que seremos transformados (1 Co. 15.50-58). Se entendemos que o apóstolo Paulo era tão humano quanto qualquer um de nós, e que, mesmo liberto da escravidão do pecado e da Lei (Romanos 6 e 7), lutava contra as inclinações carnais, não temos motivos para rejeitar o fato de que ele fala a respeito de sua própria experiência em Romanos 7. O discurso de Paulo nesta passagem tem como finalidade mostrar que o crente, sempre que avalia sua vida à luz da Lei inevitavelmente perceberá a total incapacidade de cumprir suas exigências. Mesmo reconhecendo a justiça, santidade e bondade da Lei o apóstolo expõe o fato de que ela é incapaz de refrear ou vencer o pecado. “A Lei não pode vencer o pecado, porque depende da cooperação da carne, que é fraca. Aquilo que a Lei exige somente pode ser operado em nós mediante o Espírito, na base da obra de Cristo” [H. H. Esser, DITNT], e é disso que ele vai falar em Rm. 8. Por isso não podemos interpretar a passagem de Romanos sete à parte do capitulo oito. Portanto, concluímos que em Romanos capitulo sete Paulo expressa em sua própria experiência o conflito evidenciado na vida de todo crente redimido pelo sacrifício de Jesus Cristo.