sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Reflexão em Marcos 1.1-8: O evangelho

O evangelho: Em Paulo, evangelho significa que Deus agiu em prol da salvação (redenção) do mundo, na encarnação, morte e ressurreição de Jesus (Rm, 1.1+; I Co, 15.1+). O evangelho não apenas dar testemunho da história da salvação; ele mesmo é a história da salvação. Em todos os lugares onde é proclamado este evangelho estar carregado com poder. Cria a fé [Rm, 1.16-17; Fp, 1.27], traz a salvação, a vida [Rm. 1.16; I Co, 15.2] e também o julgamento [Rm, 2.16]. Revela a justiça de Deus [Rm. 1,17], traz o cumprimento da esperança [Cl, 1.5,23], intervém na vida dos homens e cria a igreja. Este evangelho produz o novo nascimento e a nova vida (I Pd. 1.23-25). Traz a paz (Ef 2.17;6.15)..., dar a salvação (Ef. 1.13) e trouxe à luz a vida e a imortalidade (II Tm. 1.10). DITNT, pg. 762, O evangelho de Cristo é a única e verdadeira fonte de perseverança cristã. Mas, porque o evangelho de Cristo é a única e verdadeira fonte de perseverança cristã? O que o torna tão singular na questão da perseverança cristã? Destacaremos aqui três verdades acerca do evangelho de Cristo que faz com que ele seja a única e verdadeira fonte de perseverança cristã. O fundamento do evangelho – 1.1-3 Toda mensagem ou ensino propagado por nós ou entre nós deverá sempre estar fundamentado sobre algumas verdades sólidas. Do contrário, facilmente poderá ser desacreditada ou anulada. Quando nos voltamos para as pregações de nossos dias podemos observar que todas elas são fundamentadas em alguns ensinos ou idéias sobre Deus. Algumas pregações, em muitos casos, são fundamentadas até mesmo sobre algumas experiências pessoais. A questão a que devemos está atentos é; será se podemos confiar plenamente em tais ensinamentos ou pregações? O evangelho de Cristo não se fundamenta nas experiências pessoais do pregador e nem nas experiências de nenhum dos “grandes servos” de Deus. Embora a Escritura Sagrada esteja repleta dessas experiências, o ministro de Cristo toma como fundamento de sua mensagem a Palavra de Deus. Conforme está escrito no profeta Isaias (1.2). Na introdução de sua mensagem evangélica, Marcos, ao contemplar as experiências de João Batista e sua pregação, mostra-nos que é uma situação completamente fundamentada e de acordo com a verdade revelada na Escritura Sagrada. Não é; “como aconteceu com o profeta tal”. Mas, “como está escrito”. Em Malaquias 3.1 Deus fala a seu povo dizendo que em breve estaria “pessoalmente” visitando-o. E, antes que isto acontecesse o Senhor enviaria alguém em sua frente preparando sua chegada. Seria “uma voz clamando no deserto”, conforme Isaias 40.3, “preparando o caminho para o Senhor. Fazendo um caminho reto para o nosso Deus”. João Batista apareceu e desenvolveu seu ministério conforme a Palavra de Deus, baseando sua mensagem e ministério nas verdades reveladas na Escritura Sagrada e não em experiências “extraordinárias”. Era uma mensagem simples, mas poderosa. Uma mensagem objetiva, carregada de poder, pois se fundamentava na Palavra de Deus. Observe que o evangelista não faz uma argumentação sem nexo. Ele cita uma passagem das escrituras Sagradas que se mostra totalmente coerente com a situação a que se refere (o ministério de João Batista). Ele não está usando a Palavra de Deus como pretexto para fazer algumas afirmações aparentemente religiosas. Está, na verdade, levando seus leitores a olharem para a Escritura e perceberem o cumprimento da mesma. O ministério de João evidentemente é o cumprimento do texto sagrado a que se refere; como está escrito! A mensagem que Marcos se propõe apresentar é poderosa e transformadora, pois está fundamentada na Escritura Sagrada. Esta é uma das verdades pelas quais podemos ver que o evangelho de Cristo é a única e verdadeira fonte de perseverança cristã. Muitas igrejas em nossos dias têm perdido de vista o verdadeiro fundamento da mensagem do evangelho. Sem muito esforço podemos perceber a conseqüência ou resultado dessa atitude por parte de muitas igrejas. Mudando o fundamento da mensagem muda-se o resultado da mesma. Se a pregação estiver solidificada na Palavra de Deus, ela produzirá no coração do crente uma confiança inabalável na pessoa e obra de nosso Senhor Jesus Cristo. No entanto, se este fundamento for modificado, como é o caso de muitas igrejas em nossos dias, o resultado será uma geração de crentes inseguros, apáticos e descomprometidos com o Reino e a pessoa de Deus. E parece que esta tem sido a principal característica da grande maioria dos crentes de nossos dias. Que tipo de mensagem você recebeu e depositou sua confiança? No evangelho fundamentado na Escritura Sagrada, o qual é inabalável, ou em um “evangelho” fundamentado em experiências pessoais, o qual em vez de segurança gera uma sede insaciável por experiências e rituais religiosos? Como podemos ver, o evangelho de Cristo é a única e verdadeira fonte de perseverança cristã por ser fundamentado na Escritura Sagrada. Isso deixa claro a todos nós a necessidade urgente de atentarmos com mais cuidado para as mensagens que ouvimos, comparando e verificando se elas estão verdadeiramente de acordo com a Escritura Sagrada. Antonio Luis - Pr.

sábado, 7 de setembro de 2013

Interpretação de Romanos 7 - II

Estrutura A partir do versículo 14 o argumento do apóstolo Paulo segue mostrando a impossibilidade do homem, por si só, alcançar o padrão divino de santidade impresso na Lei. Quanto mais o crente olha sua vida à luz da Lei mais nítida fica a fragilidade da natureza humana ou sua incapacidade de passar pelo crivo divino. Como afirma Dockery; “em nenhum outro lugar das epístolas de Paulo, nem em outra obra literária antiga, existe uma descrição tão penetrante da condição deplorável e da contradição humana como em Romanos 7. 1-25” [Dockery, 2001]. O argumento do apóstolo segue uma estrutura da seguinte forma: Uma declaração sobre sua condição – 7.14-17 Explicação da declaração – 7.18-20 Conclusão – 7.21-25. Romanos 7.14-17 Paulo inicia sua descrição fazendo algumas declarações acerca de sua condição humana. O apóstolo destaca o fato de que a natureza humana, em si mesma, encontra-se completamente e irremediavelmente corrompida pelo pecado; “fui vendido como escravo ao pecado” [: Part. Perf. Pass. O perfeito enfatiza o estado ou condição, “vendido” – Fritz, 1985]. Se considerarmos o fato de que o particípio encontra-se na voz passiva, perceberemos que a declaração do apóstolo refere-se à sua natureza humana, a qual foi sujeita ao pecado desde os tempos de Adão. Ele fala do velho homem, do corpo do pecado que precisa ser anulado (Rm. 6.6). Embora o novo “eu” de Paulo, o homem interior, deseje realizar o bem, suas ações quando confrontadas pela Lei, se mostram incompatíveis com a santidade da Lei. Paulo, como todo crente que ama a Deus, se pudesse, cumpriria à risca todos os mandamentos da Lei. Cumpriria todas as suas exigências. Mas, sempre que olha para suas ações percebe a inclinação que a natureza humana tem para o mal. Por isso Paulo admite que a Lei é boa, no entanto o pecado ainda habita em sua natureza humana e somente quando for transformado ele se livrará desse corpo corruptível (1 Co.15.50,53,54). Romanos 7.18-20 Já que o pecado ainda habita em sua natureza humana, e já que esta é continuamente inclinada para o pecado, Paulo reconhece que nada de bom habita em sua carne, pois, embora deseje fazer o que é bom de acordo com os padrões da Lei sua natureza carnal não consegue alcançar os padrões divinos. Por isso reconhece que as ações reprovadas pela Lei são frutos do pecado que reside em sua natureza carnal. Toda vez que olhamos para nossa vida sob a ótica da Lei o resultado sempre será este. Nosso relacionamento com Deus deve-se tão somente à sua grande graça e misericórdia, que por meio de Cristo e pela ação do Espírito Santo nos molda dia após dia de acordo com sua vontade (2 Co. 3.18). Romanos 7.21-25 A conclusão que o apóstolo chega é que, pelo fato do pecado habitar em sua natureza humana, quando ele quer fazer o bem, o mal está junto a ele. A idéia aqui não é que o apóstolo esteja escravizado pelo pecado, como alguns possam querer insinuar, mas, que o apóstolo ainda possui uma natureza que foi definitivamente afetada pelo pecado, ficando sujeita à suas inclinações. Da mesma forma todo crente quando se propõe a desenvolver uma vida moralmente santa, baseando-se nas justas exigências da Lei, logo perceberá sua incapacidade ou impossibilidade de alcançar este alvo. Conforme observamos em Tiago, se alguém tropeça em um só ponto da Lei, compromete-a por completo. “Pois quem obedece a toda a Lei, mas tropeça em apenas um ponto, torna-se culpado de quebrá-la inteiramente” (Tg.2.10). Apenas o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo foi capaz de cumprir toda a Lei sem tropeçar em um só ponto. Por isso Ele pode desafiar seus opositores; “Qual de vocês pode me acusar de algum pecado”? (Jo.8.46). Em Romanos sete (Rm, 7) podemos perceber a eficácia da Lei ao cumpri seu papel; mostrar claramente a condição da natureza humana corrompida pelo pecado e a impotência da mesma em satisfazer ou alcançar o padrão divino de santidade impresso na Lei. O cristão precisa entender que a Lei não tem poder para produzir santidade em sua vida. E a razão pela qual a Lei não produz santidade na vida cristã é a mesma pela qual não produz justificação. Ela não foi promulgada para justificar o pecador ou perdoar seus pecados, mas, para realçar o pecado, condenando-o. E, desta forma, conduz o pecador até os pés de Cristo, onde podemos encontrar refúgio verdadeiro, sendo libertos do poder e penalidade do pecado. Quando afirmamos que somos libertos do poder do pecado, não significa necessariamente que somos perfeitos, no sentido de não cometer mais pecados (cf. 1 Jo, 1.8-10). Queremos dizer o que Paulo afirma em Romanos 6; por estarmos sob a graça, e não sob a lei, o pecado não nos dominará. Quando compreendemos corretamente e verdadeiramente vivemos sob a graça, cada vez mais o pecado perde sua força influenciadora em nossas vidas. É compreendendo e vivendo na graça que “anulamos” ou “tornamos inoperante” [Fritz, 1985] o corpo do pecado (Rm 6.6). Como a Lei não foi promulgada com a finalidade de justificar o pecador, da mesma forma, ela não foi dada para produzir santidade na vida cristã, mas para mostrar-nos o quanto carecemos da mesma para alcançarmos o padrão divino. Embora os princípios da Lei nos ofereçam o padrão de santidade para a vida cristã, tal santidade só pode ser alcançada por obra do Espírito Santo na vida do crente. Tudo começa em Cristo e continua nele ou por meio dele.

Uma previa de Romanos, 10:1-21-

A incredulidade de Israel leva-o a rejeição da justiça divina Neste capitulo o apóstolo discorre acerca da incredulidade de Israel. Este rejeita a justiça de Deus, o que o leva a ser rejeitado por Deus. Em outras palavras; os israelitas são rejeitados por causa de sua própria rebeldia (10.21). Desde o capitulo nove Paulo passa a falar acerca de Israel, expressando seu sentimento de solidariedade e amor à sua nação; “seus irmãos, os de sua raça” [9.3 – NVI]. O apóstolo sente grande tristeza e constante angustia em seu coração (9.2) por causa da incredulidade de seu povo. No entanto, embora destaque o fato da soberania de Deus na salvação ou eleição, Paulo faz questão de destacar que os judeus são total e completamente responsáveis por sua rejeição. No capitulo dez o apóstolo inicia esclarecendo a causa da rejeição. Os judeus, procurando estabelecer sua própria justiça, pretendendo ser justificados pela prática ou observância da lei, rejeitaram a justiça de Deus, a qual só pode ser alcançada por meio da fé em Jesus Cristo (10.3). “O fim da lei (o alvo, ou cumprimento) é Cristo, para justificação de todo aquele que crê” (10.4). Argumentando a parti da própria lei, ou das palavras do próprio Moisés acerca da lei (10.5), Paulo mostra que a verdadeira justiça de Deus só pode ser alcançada por meio da fé em Cristo Jesus. Pois, como diz a Escritura, “todo o que nele confia jamais será envergonhado” (10.11). Portanto, “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (10.13). No entanto, para que possam invocar o nome do Senhor, é necessário que ouçam a proclamação de sua palavra (a pregação do evangelho), pois, de outra forma, como poderão invocar alguém de quem nunca ouviram falar? (10.14,15). Mas não é este o caso de Israel. Não foi por falta de ouvir a pregação da Palavra de Deus que Israel “se perdeu pelo caminho” (10.18). O motivo da rejeição dos israelitas é o fato de que, apesar de eles terem ouvido a pregação (“pois a voz de Deus ressoou por toda a terra, e as suas palavras, até os confins do mundo”), não receberam a Palavra de Deus. Em outras palavras; não creram. Essa atitude de incredulidade é claramente vista como rebeldia para com Deus (10.21). Portanto, a justiça de Deus, que é revelada e alcançada na pessoa de Cristo, precisa ser acolhida por todo aquele que almeja aproximar-se de Deus. Esta justiça de Deus (justificação) pode ser alcançada somente por meio da fé em Cristo, e esta fé vem às pessoas mediante a pregação do evangelho. Portanto, é necessário que nos empenhemos para que este evangelho seja proclamado, através de nossa própria vida e por meio daqueles que são enviados pela igreja (missionários). Por fim, precisamos destacar também o fato de que, o simples ato de ouvir a Palavra não justifica ninguém diante de Deus. É necessário que se creia nesta Palavra (o evangelho), apropriando-se de sua verdade, para que se possa experimentar a verdadeira justiça de Deus, a vida eterna na pessoa de Jesus Cristo. Antônio L. P. Silva

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

A Palavra de Deus como regra de fé e prática:

Todos os seguimentos cristãos, especialmente os evangélicos, buscam afirmar que tem seu corpo doutrinário firmados na Bíblia Sagrada. Todos eles se denominam fiéis à Palavra de Deus, embora seja evidente que nem todos crêem nas mesmas coisas, nem mesmo em relação às doutrinas essenciais. Algumas vezes a divergência doutrinária é tão grande que até poderíamos perguntar; será se eles usam a mesma Bíblia? Ou, será se a pessoa de quem estão falando não é outro Jesus? Sendo assim, surge a seguinte questão; seria isso um problema? Para esta pergunta contamos com duas pressuposições diferentes basicamente. De um lado, encontramos aqueles que não vêem problema algum com essa “miscelânea evangélica”. Tais pessoas enfatizam que o importante é que a fé evangélica esteja sendo propagada. A questão é: o que é de fato a fé evangélica? Será se compreendemos realmente o que é a fé evangélica? Será se compreendemos realmente a nossa própria fé? Hoje em dia fica difícil definir o que de fato é ser evangélico. O termo é uma designação tão ambígua que alguns historiadores julgam que a melhor definição é a de George Marsden: "Qualquer pessoa que gosta de Billy Graham". Por outro lado, há também aqueles que partindo para o extremo oposto fecham-se para suas pressuposições doutrinárias e consideram apenas estas como fielmente fundamentadas na Palavra de Deus, enquanto que as demais são consideradas procedentes da mentalidade humana, influências mundanas e até demoníacas. Mas, pensando nas divergências doutrinárias existentes no meio do evangelicalismo, especialmente aquelas divergências gritantes, que chegamos até pensar que se estar pregando um outro evangelho, precisamos insistir; seria isso um problema? Se o leitor acha que não, aconselho que reflita um pouco em algumas advertências do Senhor neste sentido. Seria interessante nos perguntarmos; o que o Senhor Jesus quer nos ensinar em passagens que expressam a necessidade de se conhecer a sã doutrina? Por exemplo; Em Mateus 7.15-23 o senhor deixa claro que nem todas as pessoas que o chamam “Senhor, Senhor,” pertencem ao grupo dos eleitos. O senhor afirma que naquele dia muitos lhe dirão: Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres? Então lhes direi claramente: nunca os conheci. Afastem-se de mim todos vocês que praticam o mal! (Grifo meu). Em Atos 20.28-30 encontramos o apóstolo Paulo profundamente preocupado com a saúde doutrinária da igreja. Ao convocar os lideres das igrejas ele adverte-os com estas palavras: Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos, para pastorearem a igreja de Deus, que Ele comprou com o seu próprio sangue. Sei que, depois da minha partida, lobos ferozes penetrarão no meio de vocês e não pouparão o rebanho. E dentre vocês mesmos se levantarão homens que torcerão a verdade, a fim de atrair os discípulos (grifo meu). Note que o apóstolo fala de pessoas que como lobos ferozes penetrariam no meio dos irmãos (lideres?) e não pouparia o rebanho. E mais, dentre eles mesmos se levantariam homens que torceriam a verdade a fim de atrair os discípulos. Outras passagens bíblicas como Rm 16.17-18; I Co 15.33,34; II Co 11.13-15; Gl 1.6-9; Ef 4.11-14; 6.10-18; Fp 3.2; Cl 2.8,16,18-19; I Ts 4.1,13; II Ts 2.1-3; I Tm 1.3-7; II Tm 2.15-18; Tt 1.6-11 leva-nos a perceber que a Sã Doutrina deve ser uma preocupação de todo cristão consciente, especialmente dos obreiros cristãos. Se fossemos alistar todas as referências bíblicas que nos advertem sobre problemas doutrinários, teríamos uma lista muito extensa, e não é este nosso propósito aqui. Por enquanto queremos ajudar o leitor a se recordar das advertências do Senhor neste sentido e ver a importância de investir tempo suficiente com este tema. Pensando nas divergências doutrinárias existentes no meio do evangelicalismo, especialmente aquelas divergências gritantes, que afetam as doutrinas fundamentais do evangelho, e diante das evidências bíblicas apresentadas acima, podemos considerar legítima a preocupação conscienciosa dos lideres cristãos. Mas, para que possamos compreender melhor a questão precisamos nos perguntar; Qual o motivo de tanta divergência no meio evangélico? As vezes na mesma denominação existem várias divergências doutrinárias o que, por vezes, acaba provocando divisões em algumas igrejas locais. Por mais que a convenção procure manter uma unidade doutrinária, muitas igrejas locais, através de sua liderança, procuram desenvolver e estabelecer seus próprios princípios doutrinários, e tudo isso sob a alegação de que “estão seguindo a Bíblia como regra de fé e prática”. O problema se agrava pelo fato de que dentro da própria igreja começam surgir divergências doutrinárias que, mais tarde, leva a divisão do grupo. Mas, não alegam serem guiados pelo mesmo espírito? Não professam servir o mesmo Senhor; Jesus Cristo? Todos não usam a mesma Bíblia? O que acontece que acabam chegando a conclusões bem diferentes sobre determinados temas bíblicos? Creio que parte da resposta a estas indagações encontra-se no fato de que grande parte da igreja tem desprezado a importância do estudo teológico. Quanto aos crentes leigos da igreja não estranhamos o fato de não entenderem a importância da teologia para a vida da Igreja, ou para a própria vida cristã, até porque, a maturidade cristã e firmeza doutrinária de cada membro leigo de nossas igrejas dependem e muito da qualidade do ministério de seus lideres. Em outras palavras, o conhecimento doutrinário de cada membro da igreja depende de seu líder procurar apresentar-se a Deus como obreiro aprovado que não tem do que se envergonhar, mas que maneje bem a Palavra da verdade (II Tm. 2.15). No entanto muitos líderes não reconhecem a necessidade de se dedicarem ao estudo para conhecer de modo mais profundo algumas questões que são cruciais para a fé cristã. Dessa forma eles ignoram a orientação da Palavra de Deus referente aos líderes para que estes sejam aptos para ensinar (I Tm. 3.2; 4.13; II Tm. 2.24), para que sejam capazes de encorajarem outros pela sã doutrina e refutarem os que se opõem a ela (Tt. 1.9). O incrível é que, para nossa decepção, ainda existem alguns lideres que não somente desprezam a importância do estudo teológico, mas ensinam seus ouvintes a seguirem o mesmo caminho. Alegam que “a letra” mata, mas o Espírito vivifica. A letra que mata, para eles, é o estudar. A idéia é se entregar ao Espírito, em um tipo de religiosidade baseada em pragmatismo e experiências sensacionalistas. E é exatamente por falta de estudo que eles deixam de compreender que a letra a que o apóstolo se refere é a Lei mosaica (II Co. 3.6,7; conf. v. 3). Certa vez fiquei impressionado quando ouvi uma irmã, formada em Bacharel em Educação Cristã, esposa de um pastor conhecido meu, chegou a declarar que para nós não deveria ter importância as palavras do apóstolo Paulo (o que ele disse), e sim suas obras (o que ele fez). Dá para perceber a gravidade do problema? Para essa irmã a igreja poderia abrir mão de quase um terço do Novo Testamento. Para ela não tinha importância o que Paulo escreveu. Bastavam para nós as narrativas que encontramos no livro de Atos sobre o ministério do apóstolo. E, em parte, é essa recusa em estudar com mais dedicação as doutrinas cristãs que tem levado muitas de nossas igrejas a experimentarem o dissabor da divisão, e, embora aleguem serem guiados pelo mesmo espírito, professem servir o mesmo Senhor e, embora use a mesma Bíblia o povo acabará chegando a conclusões bem diferentes ao estudar sobre determinados temas bíblicos, visto que falta, por parte de muitos, um bom nível de orientação teológica. Vale lembrar que, a maioria das seitas ou grupos heréticos possui fortes argumentações na defesa de suas falsas doutrinas e somente quando estudamos com seriedades os temas ou doutrinas relacionados a suas heresias teremos condições de refutá-las, e assim, estaremos preparados para discernir e tomarmos cuidado com aqueles que causam divisões e colocam obstáculos ao ensino que temos recebido (Rm. 16.17,18). Mas esta indisposição em aplicar-se ao estudo da Sã Doutrina ganhou nos últimos tempos um aliado muito forte; a gana por conquistar grandes números de pessoas para a confissão evangélica. Aqueles que têm se enveredado por esse caminho vêem no estudo teológico/doutrinário um grande obstáculo para seu ministério, pois quando tratamos de questões doutrinárias parece que mechemos com o ego inflamado de muitos que se propõe dar as mãos para conquistar o mundo para Cristo. Para isso é necessário haver unidade entre as comunidades religiosas, e alguns argumentam que a fascinação com a verdade destrói a comunidade. De acordo com tais pessoas não é possível buscar ao mesmo tempo a comunidade real e a verdade que transcende a comunidade. Se formos honestos diante do que foi exposto até aqui, devemos admitir que essa opinião não se diferencia da declaração daquela irmã que afirma que não devemos dar importância para as palavras do apóstolo Paulo. Estas pessoas, na verdade, é o que podemos descrever como os “pragmáticos”. E, como observa Stott, o espírito de anti-intelectualismo é corrente hoje em dia. No mundo moderno multiplicam-se os pragmatistas, para os quais a primeira pergunta acerca de qualquer idéia não é: É verdade? Mas sim: “Será que funciona”? Já que a filosofia corrente é “ganhar o maior número possível”, muitos estão lançando mão de todos os meios em detrimento de um crescimento saudável, firmado na Palavra de Deus. Isso tem gerado um grande número de “crentes inconstantes”sem a adequada noção das “fundamentais” doutrinas cristãs. Se quisermos ter igrejas doutrinariamente saudáveis, se desejamos formar cristãos espiritualmente maduros, é necessário que gastemos mais tempo com algumas questões doutrinárias teológicas que são de fundamental importância para a vida da igreja e de cada crente em Jesus Cristo. Minimizando os problemas doutrinários: Prosseguindo na discussão do assunto, precisamos considerar a seguinte pergunta; como poderíamos minimizar os problemas doutrinários em nosso meio? Por mais estranho que possa parecer, o caminho para a diminuição das divergências doutrinárias é o mesmo caminho pelo qual elas têm surgido. Explico. Precisamos trilhar esse caminho, mas em sentido contrário, até descobrirmos a fonte de origem, pois é aqui onde devemos trabalhar. E ao refletirmos sobre isso, para surpresa nossa, na maioria das vezes, estas divergências têm surgido como resultado de uma atividade saudável e recomendada pela Escritura Sagrada. Ironicamente, algumas pessoas têm tomado a iniciativa de estudarem mais a Bíblia e quando iniciam seu estudo, sem nenhum acompanhamento ou orientação sobre alguns temas mais delicados, deparam-se com algumas afirmações que mal interpretadas levam a idéias ou posições doutrinárias diferentes. Quando algumas destas pessoas procuram seus líderes para sanarem suas dúvidas as respostas que recebem são no mínimo insatisfatórias, pois em algumas situações, as questões levantadas não podem ser resolvidas de maneira superficial. Melhor dizendo, uma leitura superficial das Escrituras não poderá resolver a questão. Na mente de alguns a Bíblia está ensinando uma coisa e “a denominação”, com seu corpo doutrinário, nega tal ensinamento, pois alguns não procuram responder às questões com argumentos bíblicos e claros, mas com a famosa frase; “nós não cremos assim”. Precisamos incentivar as pessoas a fazer algo mais importante do que ler a Bíblia em um ano. É necessário que as orientemos a “estudarem” a Escritura Sagrada, de maneira que compreendam e apliquem os princípios cristãos em suas vidas. E, para que não haja confusão e equívocos em seus estudos, é necessário que as ajudemos, ensinando-lhes os princípios básicos de interpretação das Escrituras. O problema é que até alguns lideres ignoram tais princípios. Porque estas orientações ajudarão a diminuir as divergências doutrinárias no meio da igreja? A resposta se encontra exatamente nas afirmações que fizemos por meio das indagações feitas no inicio. Em primeiro lugar, alegamos que somos guiados pelo mesmo Espírito. Portanto, seria incoerente com sua natureza o Espírito Santo ensinar uma verdade para uma pessoa e logo em seguida se opor a essa verdade, ensinando algo diferente para outro. A questão é que muitas vezes somos guiados por nossos instintos humanos, nossos preconceitos e pressuposições doutrinárias. Porém, quanto mais formos guiados pelo Espírito Santo menos diferença doutrinária teremos, pois Ele não se contradiz. Em segundo lugar, já que servimos ao mesmo Senhor, Jesus Cristo, não é conveniente pensarmos que para um de seus servos Ele peça que realize algo e logo em seguida, para outro, Ele revele que este algo é incompatível com a sua vontade. Sendo assim, quanto mais tivermos sintonia com o Senhor e sua vontade, mais estaremos unidos no cumprimento da mesma. Quanto mais nos desprendermos de nossa própria vontade e pensamento e procurarmos conhecer e realizar a “boa, perfeita e agradável vontade do Senhor” mais união teremos em nosso ministério, pois estaremos focando a vontade de um só; nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Em terceiro lugar, e o que fecharia a questão, visto que, todos nós, usamos a mesma Bíblia, não é normal, nem no conceito bíblico nem com respeito à lógica humana, a Escritura Sagrada ensinar algo para uma pessoa e para outra algo totalmente o contrário. Se acreditássemos na possibilidade de uma passagem bíblica ensinar algo para uma pessoa, e, para outra, a mesma passagem ensinar algo totalmente contrário ao primeiro, e a uma terceira pessoa a mesma passagem ensinar algo totalmente diferente tanto da primeira quanto da segunda, e assim por diante, teríamos, o que alguns defendem, a teoria da relatividade, sendo assim não haveria nenhuma interpretação bíblica que fosse ilegítima, nem mesmo aquelas que se mostram extremamente absurdas. E, por incrível que possa parecer, da mesma maneira, não haveria nenhuma interpretação que pudesse ser considerada legítima. É a esta conclusão que leva a teoria da relatividade. Porém, precisamos não somente entender, mas afirma categoricamente que isso é impossível. Como afirma Moisés Silva; não podemos lançar uma parte das Escrituras contra outra, nem podemos interpretar um detalhe das Escrituras de forma que enfraqueça sua mensagem básica. Portanto, se reconhecermos e respeitarmos os princípios de interpretação bíblica, todas as pessoas que se empenhassem em estudar as Escrituras acabariam chegando a conclusões cada vez menos diferentes sobre determinados temas bíblicos. E neste ponto da discussão esperamos que o leitor compreenda a importância de se está firmado na Palavra de Deus, e não somente compreender mas, se ainda não o faz, tomar a iniciativa de se dedicar ao estudo sério da Palavra de Deus que é fundamental para nos tornar sábios para a salvação (I Tm. 4.16). nota: A palavra salvação, derivada do vocábulo grego soteria, inclui a idéia de tornar inteiro, completo ou sadio. Do ponto de vista de Deus, a salvação inclui ser declarado legalmente justo em Cristo e ser feito semelhante a Cristo. Esta é a maneira como o vocábulo salvação foi utilizado em 1 Timóteo 4.16, onde Paulo fala a respeito de assegurar a salvação de Timóteo e dos membros da igreja de Éfeso. Com certeza, Paulo não estava, nesta passagem bíblica, questionando se Timóteo ou outros crentes estavam em um relacionamento correto com Deus, se eles já haviam sido justificados, se os seus pecados haviam sido perdoados. Paulo estava falando sobre salvação no sentido de crescer mais e mais na semelhança de Cristo; esta semelhança é o objetivo de Deus em nos justificar. Deus tenciona que nossa vida, tal como a de nosso Senhor Jesus Cristo, seja cheia com o fruto do Espírito — amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio (Gl 5.22,23). Isto é salvação em seu sentido mais completo. E esta é a razão por que ser tornado sábio para a salvação é um aspecto tão importante, proveitoso e crítico em resolver tanto os problemas da vida presente quanto os problemas referentes à eternidade. A.Luis

O Propósito existencial da Igreja

Introdução: Falar do propósito existencial da Igreja nos faz refleti na necessidade de avaliarmos nossos conceitos acerca de algumas questões que precisam ser revistas à luz da Escritura Sagrada. Questões que precisam ser encaradas e responsabilidades que precisam ser assumidas por todo aquele que deseja cumpri com seu chamado cristão. Alguns assuntos referentes a Igreja se fazem complexos não pelo assunto em si mesmo mas, por causa daqueles que acabam definindo alguns conceitos e assumindo certas posições com base em sua pressuposições limitadas. E, essa realidade se aplica também com respeito ao papel principal da Igreja. Qual é a missão principal da Igreja? Qual é o propósito de sua existência? Ao tentarmos responder estas questões precisamos delimitar um pouco mais a pergunta. Estamos falando do propósito existencial da Igreja no aspecto da eternidade ou em sua existência aqui e agora, como sal da terra e luz do mundo? Visto que, na maioria das vezes, quando se fala do propósito existencial da Igreja pressupõe-se tratar de sua missão enquanto aqui na terra, ou pelo menos abrangendo este aspecto, é sob esta ótica que discorreremos sobre o assunto. Conceitos de prioridades O conceito de prioridade quanto ao propósito existencial da Igreja é tão diverso quanto às diversidades de filosofias ministeriais dos últimos dias. De acordo com a ênfase ministerial do grupo ou denominação, pelo menos em termos de prática, vai-se determinando o conceito acerca do propósito existencial da Igreja. Se tal ênfase recai apenas em alguma área de atuação (evangelização, adoração, comunhão, ação social) essa mesma área ganha primazia sobre as demais e por vezes acabam assumindo uma posição de prioridade em detrimento de outras. E isso, de certa forma, vem ocorrendo com diversos grupos cristãos que tem desenvolvido filosofias ministeriais diferentes entre si, gerando assim certa confusão acerca do propósito existencial da Igreja. Cada denominação em particular tem dado ênfase em certos aspectos doutrinários ou conceituais acerca do porque e para que a Igreja existe. No entanto, pode-se observa com mais clareza que nos últimos dias, tal conceito tem divergido em duas linhas principais basicamente. Alguns, partindo de passagens bíblicas como Mateus 28.18-20, têm defendido o ponto de vista de que a prioridade ou missão da Igreja consiste em evangelizar. E, de fato, esta passagem bíblica tem sido mundialmente definida como “a grande comissão”, com grande ênfase nas palavras de Jesus; “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações,..” e, dessa forma, o ponto de vista de que a missão principal da Igreja (ou seu propósito existencial) é evangelizar tem ganhado muitos defensores no decorrer da história. Vieira, por exemplo, falando acerca de planejamento estratégico da Igreja, destaca dois propósitos centrais da Igreja baseando-se em Mateus 28.18-20; Marcos 16.15-18 e Lucas 22.44-49; “evangelizar” e “ensinar”. No entanto, há aqueles que encaram a grande comissão em Mateus 28.18-20 apenas do ponto de vista evangelístico, enxergando ali o Senhor Jesus estabelecendo como prioridade o trabalho missionário, sem dar a mínima atenção para a necessidade do ensino. Talvez isso nos ajude a compreender o fato de existirem tantas igrejas vivendo em profunda pobreza doutrinária, com um conhecimento bíblico tão superficial que se expressa no estilo de vida de seus membros. Em outras palavras, não é pouca a quantidade de crentes, membros de igrejas evangélicas (inclusive muitas de nossas igrejas) que vem demonstrando um cristianismo superficial. Na verdade quando a pessoa tem um conhecimento raso de Deus (conhecimento relacional baseado nos ensinos das Escrituras Sagradas) naturalmente estará desenvolvendo uma vida cristã muito rasa. Inevitavelmente seu relacionamento com Deus será muito superficial. É a este resultado que se chegará quando se focaliza apenas um aspecto do propósito existencial da Igreja. Por outro lado, temos observado um grande número de pessoas que veem a questão de maneira diferente. Principalmente nos últimos anos têm surgido alguns pensadores e lideres cristãos que insistem no fato de que a prioridade da igreja deve repousar sobre a adoração, que é sua missão principal. Posição esta que também não deixa de apresentar base bíblica com referências e ou evidências em abundância. Dessa forma, estes dois pontos de vista tem predominado na Igreja nestes últimos anos, divergindo entre si e tentando se estabelecer um em detrimento do outro. Mas, qual a razão da divergência de pensamento com respeito ao propósito existencial da Igreja? Por que alguns defendem o ponto de vista de que a missão principal da Igreja é evangelizar enquanto outros insistem na ideia de que sua prioridade deve ser a adoração? Talvez possamos compreender esta questão se atentarmos bem para as pressuposições que influenciam os defensores de determinados pontos de vista. Fontes de conceitos Nos últimos dias eu, particularmente, comecei a refletir sobre o propósito existencial ou missão da Igreja, principalmente por ter sido questionado a respeito do assunto. Ao tentar buscar algumas informações nos “meus arquivos de memórias”, lembrei-me de algumas discussões que presenciei acerca do tema. Logo percebi que podemos abordar a questão a parti de duas fontes basicamente; pressuposições pessoais e Escritura Sagrada. As pressuposições pessoais influenciam bastante a maneira de se entender algumas questões teológicas, principalmente quando estas pressuposições são fortalecidas por outros fatores. Quando estive estudando sobre dons espirituais aprendi que temos uma tendência muito grande de querer que todos os membros da Igreja desenvolva da mesma forma e na mesma medida aquilo que desejamos e realizamos bem na comunidade, por possuirmos o dom para tal serviço. Comecei a observa o fato de que todo irmão evangelista, por possuir o dom e dedicar-se intensamente a este ministério em sua igreja, começava a exigir que toda a igreja ou todos os membros fizessem o mesmo. Em suas reflexões esses irmãos sempre deixavam transparecer sua opinião de que a tarefa principal da igreja era o evangelismo, alguns até chegavam a afirma que o Senhor Jesus não voltaria para buscar sua Igreja enquanto o evangelho não fosse pregado a todo o mundo (Mateus 24.14), e, portanto, “quando a igreja deixa de cumprir com sua missão naturalmente estará atrasando a volta de Cristo”. No entanto, pensamentos como este propõem que “é a igreja, e não Deus, quem determina os tempos e acontecimentos”. Da mesma forma, em conversa com várias pessoas envolvidas com a área musical da igreja, percebi uma forte ênfase no que diz respeito sua opinião de que o papel principal da igreja tem a ver com a adoração. Aqueles que desenvolvem mais uma vida de contemplação do que a prática de evangelismo propriamente dito tendem a concentrar sua atenção na adoração. Mas, para que tenhamos uma posição mais consistente a esse respeito, precisamos recorrer à Escritura Sagrada. Porém, para que tenhamos êxito em nosso empreendimento, precisamos deixar de lado o máximo possível nossas pressuposições, pois, do contrário estaremos sempre condicionados a entendermos a questão sob determinada ótica. Por outro lado, Ao examinarmos com mais atenção o que a Escritura Sagrada nos ensina acerca do propósito existencial da Igreja podemos perceber que não existe prioridade de uma área de atuação da igreja em detrimento de outra. Uma abordagem correta acerca do propósito existencial da Igreja precisa considerar o assunto a parti de uma perspectiva bem ampla. De fato o Senhor Jesus ordenou e ensinou bastante seus discípulos acerca de sua responsabilidade como Igreja (esta afirmação tem como base o fato de que tudo quanto o Espírito Santo ensinou à Igreja em todo o Novo Testamento provém do próprio Jesus, Jo.16.13,14), no entanto não encontramos uma só referência bíblica na qual o Senhor apresenta especificamente se esta ou aquela área de atuação da Igreja deve ser priorizada como sua missão principal. É provável que a necessidade de ênfase em determinada área de atuação da Igreja esteja mais relacionada com nossa deficiência ou negligência em seu desempenho do que com a importância da mesma em relação a outras. Portanto, precisamos admitir que a igreja comete uma grande falha quando procura definir ou sintetizar algumas questões que se relacionam com Deus e seus propósitos. Definir a missão principal da Igreja como “evangelizar” ou “adorar” é limitar de mais seu propósito existencial. É reduzir em grande escala o propósito pelo qual Deus nos resgatou e nos enviou ao mudo (Ef. 1.3-12; I Pe. 2.9; Mt. 28. 18-20). O fato de nos depararmos com várias referências bíblicas acerca da responsabilidade da Igreja no que diz respeito ao evangelismo não nos fornece condições de estabelecer o mesmo como seu propósito existencial. Se partíssemos desse ponto de vista para podermos encontrar ou entender o propósito existencial da Igreja teríamos que admitir a impossibilidade de chegarmos a alguma definição plausível, visto que, ao voltarmo-nos com mais atenção para a Escritura Sagrada podemos perceber que embora encontremos certa ênfase em algumas áreas de atividades cristãs, esta ênfase não se limita a um ou dois campos de atuação da Igreja. É bem verdade que encontramos abundantes referências bíblicas apontando a necessidade da prática do evangelismo pela Igreja, no entanto, a parti do próprio texto base da grande comissão poderíamos enfatizar o discipulado como a missão da Igreja. Se a variedade de referências bíblicas nos fornecesse base para definirmos o propósito existencial da Igreja teríamos que admitir que sua missão principal tem a ver com a comunhão (Jo. 13.34,35; 17.20-26), ou até mesmo com outra área, como adoração por exemplo. Aliás, adoração como propósito existencial da Igreja é o ponto de vista que vem se destacando nos últimos tempos, e encontramos várias razões que favorecem esta posição. Paulo referiu-se à vida cristã como um contínuo ato de adoração (Rm 12.1-2). E em Hebreus temos explícito mandamento quanto à necessidade da adoração pública do povo de Deus (Hb 10.25). E, o imperativo "adora a Deus" é uma das últimas admoestações do livro do Apocalipse (Ap 22.9). Por que existimos: Como observamos acima, não temos condições de estabelecer uma área de atuação da Igreja como sua missão “principal” ou propósito existencial. No entanto, precisamos lidar com a indagação; por que existimos como igreja? Qual é o propósito existencial da Igreja? Como já dissemos, Uma abordagem correta acerca do propósito existencial da Igreja precisa considerar o assunto a parti de uma perspectiva bem ampla. Precisamos atentar para as Escrituras Sagradas e considerar cada palavra e admoestação do Senhor no que diz respeito ao ministério de sua Igreja (Mt. 28.18-20; Ef. 1.3-12; 2.10; 4.11-16; I Pe.2.9). Se quisermos agir em fidelidade para com Deus no tocante a nossa missão como Igreja de Cristo não podemos focar uma área Ministerial em detrimento de outras. É necessário que entendamos e reconheçamos o fato de que, como Igreja de Cristo, “existimos para ajudar as pessoas a descobrirem a esperança em Jesus Cristo, e levá-las a maturidade espiritual e envolvimento no ministério através da comunhão com outros crentes enquanto adoramos a Deus”. Para que possamos cumprir esta missão com fidelidade é necessário o desempenho de vários ministérios no ceio da Igreja. Ministérios estes que são encarados como funções dentro da missão (grande comissão) da Igreja. Estas funções podem ser distribuídas em cinco áreas ministeriais; evangelismo, discipulado, ministério, comunhão, adoração. Embora muitas vezes alguns destes ministérios ou funções tenham assumido o papel principal em certas igrejas, as quais estabelecem um ou outro como sua missão principal, reconhecemos que todas estas funções fazem parte ou expressam o propósito existencial da Igreja. Em outras palavras, para que a igreja desempenhe sua missão com fidelidade deve se empenhar em desenvolver todos estes ministérios. Toda igreja que procura desenvolver seu ministério de maneira dinâmica, quer tenha consciência quer não, desempenha em certa medida tais funções. Estejam estas definidas como ministérios/departamentos ou não. Portanto, fica evidente a necessidade de, como igreja, trabalharmos estrategicamente, para que alcancemos melhores resultados no desenvolvimento ministerial de cada igreja. Para isso, devemos reconhecer a importância de cada uma dessas funções ou ministérios (evangelismo, discipulado, ministério, comunhão, adoração) que precisam ser desenvolvidos de igual maneira.