segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Tem sentido ser cristão?
E outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões.
Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados
(Dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas e cavernas da terra.
E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa,
                  Provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles sem nós                      
                  não fossem aperfeiçoados - Hebreus 11. 36-40

Esta porção das Escrituras Sagradas faz parte do contexto da extraordinária passagem Bíblica conhecida por alguns como “A galeria dos heróis da fé”.
Ao atentarmos para os versículos acima, considerando o contexto do evangelicalismo dos dias atuais, somos forçados a nos perguntar se estamos realmente entendendo a essência da mensagem evangélica. Precisamos considerar e avaliar nossas motivações.  
Qual o significado da vida cristã? O que diferencia o crente do não crente? Onde se origina a motivação do crente? Qual é o alvo maior na vida do crente? Estas indagações, aparentemente, tem a finalidade de apresentar o evangelho para as pessoas não crentes. Porém, o propósito dessa reflexão é, acima de tudo, trazer à mente dos irmãos algumas verdades que vem sendo ignorada por grande parte da igreja. Estes questionamentos, quando abordados com seriedade, e de maneira bíblica, nos ajudarão a tomar uma posição correta com relação ao viver cristão.
Quando a mensagem do evangelho sofre algumas mudanças em sua essência (o que tem acontecido em grande escala nos dias atuais) o resultado é que o fruto da pregação desta mensagem traz em si a semente dessas mudanças. Se o evangelho é pregado de maneira genuína, com certeza ele produzirá frutos genuínos e saudáveis. No entanto, se o mesmo for mesclado com outros conceitos, o fruto de tais pregações será um grande número de pessoas (crentes) instáveis, confusos e fracos na fé. E, creio, esta é a verdadeira situação de um grande número de evangélicos em nossos dias. A situação se torna mais grave pelo fato de que, estas pessoas, que se encontra em tal situação, não conseguem perceber que estão seguindo em uma direção diferente daquela apresentada pelo evangelho bíblico. Estas pessoas vivem como que tendo os ouvidos tapados para não ouvir nada que seja diferente do evangelho descaracterizado que elas têm abraçado e seguido com todas as suas forças. Elas acreditam (ou querem acreditar) que estão bem. Que estão na direção certa. Até porque isso é bem conveniente, pois não somente deixa de confrontar com os interesses da velha natureza, as inclinações carnais, mas, o contrário, vai confirmando ou reafirmando a maioria deles. Como já foi observado por A. W. Tozer, ao apresentar o contraste entre a pregação genuína do evangelho (Antiga cruz) e o evangelismo predominante em nossos dias (A Nova cruz); A nova cruz não se opõe à raça humana; ao contrario, é uma companheira amigável e, se corretamente entendida, é fonte de oceanos de boa e limpa diversão e de inocente prazer. Ela deixa Adão viver sem interferência. A motivação da sua vida não sofre mudança; o seu prazer continua sendo a razão do seu viver, só que agora ele se deleita em cantar coros e em ver películas (filmes) religiosas, em vez de cantar canções obscenas e beber bebidas alcoólicas fortes. A tônica ainda está no prazer, embora a diversão esteja agora num superior plano moral, se não intelectual”.
Temos alguns exemplos bíblicos de igrejas que tiveram experiências semelhantes. Não estavam bem, perderam a direção certa, mas acreditavam que estavam vivendo um cristianismo autêntico. A igreja de Sardes, por exemplo, foi confrontada pelo Senhor com as seguintes palavras: Conheço as suas obras; você tem fama de estar vivo, mas está morto. Esteja atento! Fortaleça o que resta e que estava para morrer, pois não achei suas obras perfeitas aos olhos do meu Deus (Ap. 3.1-2).
Laodicéia é um outro exemplo que deve ser observado. O Senhor declarou: Conheço as suas obras, sei que você não é frio nem quente. Você diz: “Estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada”. Não reconhece, porém, que é miserável, digno de compaixão, pobre, cego, e que está nu (Ap.3.15,17). Algumas igrejas se acham tão ricas a ponto de tornarem-se orgulhosas, enchendo-se de soberba e com a triste ilusão de que já possui tudo de que precisa nesta vida, a ponto de afirmarem que não precisam mais de nada (embora não declarem em palavras, mas o fazem em atitudes ou estilo de vida). Porém, depois de confrontadas pelo Senhor com sua real situação espiritual, verão que na realidade não passam de igrejas miseráveis, dignas de compaixão, pobres, cegas, e em estado de nudez. Tais igrejas focalizam a coisa errada. Sua ênfase está no materialismo, formalismo, no homem em si. Em outras palavras, são orientadas pelos padrões humanos, e isso inclusive na vida religiosa. Igrejas como estas, aos seus próprios olhos, e em sua própria opinião, vivem um cristianismo autêntico. Algumas até tem fama de uma igreja viva, mas são diagnosticadas, pelo próprio Senhor, como igrejas mortas. Pois somente Deus é quem determina o que é uma igreja viva e saudável, e isso ele faz através de sua Palavra. É na Escritura Sagrada que encontramos as verdadeiras características de uma vida cristã autêntica, e, mais uma vez afirmo; não são essas características que predominam na vida de muitos crentes nos dias de hoje.
Será se tais pessoas entendem realmente o significado do cristianismo autêntico? Será se alguns destes “crentes” se interessam pela autêntica mensagem do evangelho? O significado da vida cristã está “muito além” do que é compreendido e vivenciado pela maioria dos “evangélicos” dos dias atuais.

Antonio Luis – Pr.