segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O Propósito existencial da Igreja

Introdução: Falar do propósito existencial da Igreja nos faz refleti na necessidade de avaliarmos nossos conceitos acerca de algumas questões que precisam ser revistas à luz da Escritura Sagrada. Questões que precisam ser encaradas e responsabilidades que precisam ser assumidas por todo aquele que deseja cumpri com seu chamado cristão. Alguns assuntos referentes a Igreja se fazem complexos não pelo assunto em si mesmo mas, por causa daqueles que acabam definindo alguns conceitos e assumindo certas posições com base em sua pressuposições limitadas. E, essa realidade se aplica também com respeito ao papel principal da Igreja. Qual é a missão principal da Igreja? Qual é o propósito de sua existência? Ao tentarmos responder estas questões precisamos delimitar um pouco mais a pergunta. Estamos falando do propósito existencial da Igreja no aspecto da eternidade ou em sua existência aqui e agora, como sal da terra e luz do mundo? Visto que, na maioria das vezes, quando se fala do propósito existencial da Igreja pressupõe-se tratar de sua missão enquanto aqui na terra, ou pelo menos abrangendo este aspecto, é sob esta ótica que discorreremos sobre o assunto. Conceitos de prioridades O conceito de prioridade quanto ao propósito existencial da Igreja é tão diverso quanto às diversidades de filosofias ministeriais dos últimos dias. De acordo com a ênfase ministerial do grupo ou denominação, pelo menos em termos de prática, vai-se determinando o conceito acerca do propósito existencial da Igreja. Se tal ênfase recai apenas em alguma área de atuação (evangelização, adoração, comunhão, ação social) essa mesma área ganha primazia sobre as demais e por vezes acabam assumindo uma posição de prioridade em detrimento de outras. E isso, de certa forma, vem ocorrendo com diversos grupos cristãos que tem desenvolvido filosofias ministeriais diferentes entre si, gerando assim certa confusão acerca do propósito existencial da Igreja. Cada denominação em particular tem dado ênfase em certos aspectos doutrinários ou conceituais acerca do porque e para que a Igreja existe. No entanto, pode-se observa com mais clareza que nos últimos dias, tal conceito tem divergido em duas linhas principais basicamente. Alguns, partindo de passagens bíblicas como Mateus 28.18-20, têm defendido o ponto de vista de que a prioridade ou missão da Igreja consiste em evangelizar. E, de fato, esta passagem bíblica tem sido mundialmente definida como “a grande comissão”, com grande ênfase nas palavras de Jesus; “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações,..” e, dessa forma, o ponto de vista de que a missão principal da Igreja (ou seu propósito existencial) é evangelizar tem ganhado muitos defensores no decorrer da história. Vieira, por exemplo, falando acerca de planejamento estratégico da Igreja, destaca dois propósitos centrais da Igreja baseando-se em Mateus 28.18-20; Marcos 16.15-18 e Lucas 22.44-49; “evangelizar” e “ensinar”. No entanto, há aqueles que encaram a grande comissão em Mateus 28.18-20 apenas do ponto de vista evangelístico, enxergando ali o Senhor Jesus estabelecendo como prioridade o trabalho missionário, sem dar a mínima atenção para a necessidade do ensino. Talvez isso nos ajude a compreender o fato de existirem tantas igrejas vivendo em profunda pobreza doutrinária, com um conhecimento bíblico tão superficial que se expressa no estilo de vida de seus membros. Em outras palavras, não é pouca a quantidade de crentes, membros de igrejas evangélicas (inclusive muitas de nossas igrejas) que vem demonstrando um cristianismo superficial. Na verdade quando a pessoa tem um conhecimento raso de Deus (conhecimento relacional baseado nos ensinos das Escrituras Sagradas) naturalmente estará desenvolvendo uma vida cristã muito rasa. Inevitavelmente seu relacionamento com Deus será muito superficial. É a este resultado que se chegará quando se focaliza apenas um aspecto do propósito existencial da Igreja. Por outro lado, temos observado um grande número de pessoas que veem a questão de maneira diferente. Principalmente nos últimos anos têm surgido alguns pensadores e lideres cristãos que insistem no fato de que a prioridade da igreja deve repousar sobre a adoração, que é sua missão principal. Posição esta que também não deixa de apresentar base bíblica com referências e ou evidências em abundância. Dessa forma, estes dois pontos de vista tem predominado na Igreja nestes últimos anos, divergindo entre si e tentando se estabelecer um em detrimento do outro. Mas, qual a razão da divergência de pensamento com respeito ao propósito existencial da Igreja? Por que alguns defendem o ponto de vista de que a missão principal da Igreja é evangelizar enquanto outros insistem na ideia de que sua prioridade deve ser a adoração? Talvez possamos compreender esta questão se atentarmos bem para as pressuposições que influenciam os defensores de determinados pontos de vista. Fontes de conceitos Nos últimos dias eu, particularmente, comecei a refletir sobre o propósito existencial ou missão da Igreja, principalmente por ter sido questionado a respeito do assunto. Ao tentar buscar algumas informações nos “meus arquivos de memórias”, lembrei-me de algumas discussões que presenciei acerca do tema. Logo percebi que podemos abordar a questão a parti de duas fontes basicamente; pressuposições pessoais e Escritura Sagrada. As pressuposições pessoais influenciam bastante a maneira de se entender algumas questões teológicas, principalmente quando estas pressuposições são fortalecidas por outros fatores. Quando estive estudando sobre dons espirituais aprendi que temos uma tendência muito grande de querer que todos os membros da Igreja desenvolva da mesma forma e na mesma medida aquilo que desejamos e realizamos bem na comunidade, por possuirmos o dom para tal serviço. Comecei a observa o fato de que todo irmão evangelista, por possuir o dom e dedicar-se intensamente a este ministério em sua igreja, começava a exigir que toda a igreja ou todos os membros fizessem o mesmo. Em suas reflexões esses irmãos sempre deixavam transparecer sua opinião de que a tarefa principal da igreja era o evangelismo, alguns até chegavam a afirma que o Senhor Jesus não voltaria para buscar sua Igreja enquanto o evangelho não fosse pregado a todo o mundo (Mateus 24.14), e, portanto, “quando a igreja deixa de cumprir com sua missão naturalmente estará atrasando a volta de Cristo”. No entanto, pensamentos como este propõem que “é a igreja, e não Deus, quem determina os tempos e acontecimentos”. Da mesma forma, em conversa com várias pessoas envolvidas com a área musical da igreja, percebi uma forte ênfase no que diz respeito sua opinião de que o papel principal da igreja tem a ver com a adoração. Aqueles que desenvolvem mais uma vida de contemplação do que a prática de evangelismo propriamente dito tendem a concentrar sua atenção na adoração. Mas, para que tenhamos uma posição mais consistente a esse respeito, precisamos recorrer à Escritura Sagrada. Porém, para que tenhamos êxito em nosso empreendimento, precisamos deixar de lado o máximo possível nossas pressuposições, pois, do contrário estaremos sempre condicionados a entendermos a questão sob determinada ótica. Por outro lado, Ao examinarmos com mais atenção o que a Escritura Sagrada nos ensina acerca do propósito existencial da Igreja podemos perceber que não existe prioridade de uma área de atuação da igreja em detrimento de outra. Uma abordagem correta acerca do propósito existencial da Igreja precisa considerar o assunto a parti de uma perspectiva bem ampla. De fato o Senhor Jesus ordenou e ensinou bastante seus discípulos acerca de sua responsabilidade como Igreja (esta afirmação tem como base o fato de que tudo quanto o Espírito Santo ensinou à Igreja em todo o Novo Testamento provém do próprio Jesus, Jo.16.13,14), no entanto não encontramos uma só referência bíblica na qual o Senhor apresenta especificamente se esta ou aquela área de atuação da Igreja deve ser priorizada como sua missão principal. É provável que a necessidade de ênfase em determinada área de atuação da Igreja esteja mais relacionada com nossa deficiência ou negligência em seu desempenho do que com a importância da mesma em relação a outras. Portanto, precisamos admitir que a igreja comete uma grande falha quando procura definir ou sintetizar algumas questões que se relacionam com Deus e seus propósitos. Definir a missão principal da Igreja como “evangelizar” ou “adorar” é limitar de mais seu propósito existencial. É reduzir em grande escala o propósito pelo qual Deus nos resgatou e nos enviou ao mudo (Ef. 1.3-12; I Pe. 2.9; Mt. 28. 18-20). O fato de nos depararmos com várias referências bíblicas acerca da responsabilidade da Igreja no que diz respeito ao evangelismo não nos fornece condições de estabelecer o mesmo como seu propósito existencial. Se partíssemos desse ponto de vista para podermos encontrar ou entender o propósito existencial da Igreja teríamos que admitir a impossibilidade de chegarmos a alguma definição plausível, visto que, ao voltarmo-nos com mais atenção para a Escritura Sagrada podemos perceber que embora encontremos certa ênfase em algumas áreas de atividades cristãs, esta ênfase não se limita a um ou dois campos de atuação da Igreja. É bem verdade que encontramos abundantes referências bíblicas apontando a necessidade da prática do evangelismo pela Igreja, no entanto, a parti do próprio texto base da grande comissão poderíamos enfatizar o discipulado como a missão da Igreja. Se a variedade de referências bíblicas nos fornecesse base para definirmos o propósito existencial da Igreja teríamos que admitir que sua missão principal tem a ver com a comunhão (Jo. 13.34,35; 17.20-26), ou até mesmo com outra área, como adoração por exemplo. Aliás, adoração como propósito existencial da Igreja é o ponto de vista que vem se destacando nos últimos tempos, e encontramos várias razões que favorecem esta posição. Paulo referiu-se à vida cristã como um contínuo ato de adoração (Rm 12.1-2). E em Hebreus temos explícito mandamento quanto à necessidade da adoração pública do povo de Deus (Hb 10.25). E, o imperativo "adora a Deus" é uma das últimas admoestações do livro do Apocalipse (Ap 22.9). Por que existimos: Como observamos acima, não temos condições de estabelecer uma área de atuação da Igreja como sua missão “principal” ou propósito existencial. No entanto, precisamos lidar com a indagação; por que existimos como igreja? Qual é o propósito existencial da Igreja? Como já dissemos, Uma abordagem correta acerca do propósito existencial da Igreja precisa considerar o assunto a parti de uma perspectiva bem ampla. Precisamos atentar para as Escrituras Sagradas e considerar cada palavra e admoestação do Senhor no que diz respeito ao ministério de sua Igreja (Mt. 28.18-20; Ef. 1.3-12; 2.10; 4.11-16; I Pe.2.9). Se quisermos agir em fidelidade para com Deus no tocante a nossa missão como Igreja de Cristo não podemos focar uma área Ministerial em detrimento de outras. É necessário que entendamos e reconheçamos o fato de que, como Igreja de Cristo, “existimos para ajudar as pessoas a descobrirem a esperança em Jesus Cristo, e levá-las a maturidade espiritual e envolvimento no ministério através da comunhão com outros crentes enquanto adoramos a Deus”. Para que possamos cumprir esta missão com fidelidade é necessário o desempenho de vários ministérios no ceio da Igreja. Ministérios estes que são encarados como funções dentro da missão (grande comissão) da Igreja. Estas funções podem ser distribuídas em cinco áreas ministeriais; evangelismo, discipulado, ministério, comunhão, adoração. Embora muitas vezes alguns destes ministérios ou funções tenham assumido o papel principal em certas igrejas, as quais estabelecem um ou outro como sua missão principal, reconhecemos que todas estas funções fazem parte ou expressam o propósito existencial da Igreja. Em outras palavras, para que a igreja desempenhe sua missão com fidelidade deve se empenhar em desenvolver todos estes ministérios. Toda igreja que procura desenvolver seu ministério de maneira dinâmica, quer tenha consciência quer não, desempenha em certa medida tais funções. Estejam estas definidas como ministérios/departamentos ou não. Portanto, fica evidente a necessidade de, como igreja, trabalharmos estrategicamente, para que alcancemos melhores resultados no desenvolvimento ministerial de cada igreja. Para isso, devemos reconhecer a importância de cada uma dessas funções ou ministérios (evangelismo, discipulado, ministério, comunhão, adoração) que precisam ser desenvolvidos de igual maneira.

2 comentários:

  1. Devemos lembrar do siginificado mais profundo da Igreja, "O corpo de Cristo", como corpo a igreja se apresenta como algo vivo ou seja um organismo, e todos sabemos que o organismo para ser ativo e sobreviver depende do trabalhar por igual dos vários orgãos deste organismo, e quando falamos de orgãos que fazem parte deste organismos os identificamos como ministérios, os quais cada um de nós participantes nos vemos como uma célula deste orgão que faz com que o organismo se movimente.
    O Corpo de Cristo é não é algo bionico (algo atificial ou tecnico que pode imitar a vida), controlado por lideranças imaturas espiritualmente, ou por lobos querendo destruir o rebanho se disfarçando de pastores. O Corpo de Cristo é controlado pelo proprío Cristo, aliás ninguem entrega o seu corpo para ser controlado por outro.
    E por ser corpo se movimenta, age, interage não fica estagnado.
    O grande problema da igreja atual e que não nos vemos mais como organismo, como corpo de Cristo. A igreja tem feito algo imoral, se entregando a prostituição, a corrupção da legalidade humana, deixando ser guiada por cabeças humanas que não tem a mesma cabeça de Cristo, ou seja a igreja atual é bionica e não organica, ela imita a vida, e por imitar a vida não gera vida.
    Cultos artificias, sem a presença do Espirito Santo, apresentando emocionalismo barato encontrado em palcos de shows benificientes, com a apresentação e a atenção voltadas para a musicalidade se esquecendo da principal atração do culto, que deve ser a palavra pura e simples das escrituras sagradas, é o que mais temos presenciado na atualidade.
    Onde esta a simplicidade, a reverência, o culto a Deus, nas igrejas que se dizem Cristãs evangélicas, sinto falta, e me entristece o coração.
    O organismo, se ajuda, se sustenta, se defende e se multiplica naturalmente devido ao fato de estar vivo, ou seja ela cumpre a sua missão e propósito em todos os sentidos, e dá valor a todos os orgãos do corpo e a todas as células em igual modo, por entender que todos fazem parte do corpo.
    A igreja vista como organismo é muito mais eficiente e inteligente do que quando vista como organização denominatória, pois as denominações causam divisões, facções e dissensões, já como organismo ela produz união, compaixão, e cumpre seu papel que é o de fazer com que a unidade de Cristo seja vista em cada um de nós.

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    1. Bom dia prezado irmão. Muito bom este seu comentário. Na verdade, em relação ao grande número de "evangélicos", são poucos os que tem esta percepção.
      Quanto aos Cultos artificias, sem a presença do Espirito Santo, apresentando emocionalismo barato encontrado em palcos de shows beneficentes, com a apresentação e a atenção voltadas para a musicalidade se esquecendo da principal atração do culto, que deve ser a palavra pura e simples das escrituras sagradas, são coisas que tem me incomodado muito nos últimos anos.Só preciso discordar de você com respeito aos shows beneficentes, pois estes, na verdade, só beneficiam os próprios "artistas" evangélicos. Eles alegam que o entretenimento musical é adoração. Pode até ser, mas não ao Senhor Jesus Cristo.
      no entanto a Igreja, em quase toda sua totalidade está "amarrada" a esse sistema de coisas, cabe a nós nos empenharmos para fazer algo que contribua para mudar esse quadro.
      Por outro lado, embora a igreja seja um organismo, o corpo vivo de Cristo, e esse seja o aspecto mais importante neste sentido, ela não deixa de ser uma organização. Não tem como escapar disso, e creio que este não é o problema (At. 6.1-5), o problema das organizações é o pecado alojado nos corações que fazem com que muitos queiram parecer mais importantes que os outros. O pecado é que corrompe tudo, e é este que devemos abandonar. A igreja só é encarada ou tratada como mera organização por aqueles que ainda não foram libertos do pecado de orgulho. São eles quem estragam o sistema e acabam atrapalhando o bom andamento ou desenvolvimento da igreja.
      Mas você está correto em sua observação, infelizmente o que predomina em nossos dias é este tipo de igreja, mas saiba que você não está sozinho nessa luta. Deus continue abençoando você e todos os seus. AMÉM.

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