domingo, 9 de setembro de 2012

Tem sentido ser Cristão?

O significado da vida cristã E outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões. Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados (Dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas e cavernas da terra. E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa, Provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles sem nós não fossem aperfeiçoados - Hebreus 11. 36-40 Esta porção das Escrituras Sagradas faz parte do contexto da extraordinária passagem Bíblica conhecida por alguns como “A galeria dos heróis da fé”. Ao atentarmos para os versículos acima, considerando o contexto do evangelicalismo dos dias atuais, somos forçados a nos perguntar se estamos realmente entendendo a essência da mensagem evangélica. Precisamos considerar e avaliar nossas motivações. Qual o significado da vida cristã? O que diferencia o crente do não crente? Onde se origina a motivação do crente? Qual é o alvo maior na vida do crente? Estas indagações, aparentemente, tem a finalidade de apresentar o evangelho para as pessoas não crentes. Porém, o propósito dessa reflexão é, acima de tudo, trazer à mente dos irmãos algumas verdades que vem sendo ignorada por grande parte da igreja. Estes questionamentos, quando abordados com seriedade, e de maneira bíblica, nos ajudarão a tomar uma posição correta com relação ao viver cristão. Quando a mensagem do evangelho sofre algumas mudanças em sua essência (o que tem acontecido em grande escala nos dias atuais) o resultado é que o fruto da pregação desta mensagem traz em si a semente dessas mudanças. Se o evangelho é pregado de maneira genuína, com certeza ele produzirá frutos genuínos e saudáveis. No entanto, se o mesmo for mesclado com outros conceitos, o fruto de tais pregações será um grande número de pessoas (crentes) instáveis, confusos e fracos na fé. E, creio, esta é a verdadeira situação de um grande número de evangélicos em nossos dias. A situação se torna mais grave pelo fato de que, estas pessoas, que se encontra em tal situação, não conseguem perceber que estão seguindo em uma direção diferente daquela apresentada pelo evangelho bíblico. Estas pessoas vivem como que tendo os ouvidos tapados para não ouvir nada que seja diferente do evangelho descaracterizado que elas têm abraçado e seguido com todas as suas forças. Elas acreditam (ou querem acreditar) que estão bem. Que estão na direção certa. Até porque isso é bem conveniente, pois não somente deixa de confrontar com os interesses da velha natureza, as inclinações carnais, mas, o contrário, vai confirmando ou reafirmando a maioria deles. Como já foi observado por A. W. Tozer, ao apresentar o contraste entre a pregação genuína do evangelho (Antiga cruz) e o evangelismo predominante em nossos dias (A Nova cruz); “A nova cruz não se opõe à raça humana; ao contrario, é uma companheira amigável e, se corretamente entendida, é fonte de oceanos de boa e limpa diversão e de inocente prazer. Ela deixa Adão viver sem interferência. A motivação da sua vida não sofre mudança; o seu prazer continua sendo a razão do seu viver, só que agora ele se deleita em cantar coros e em ver películas (filmes) religiosas, em vez de cantar canções obscenas e beber bebidas alcoólicas fortes. A tônica ainda está no prazer, embora a diversão esteja agora num superior plano moral, se não intelectual”. Temos alguns exemplos bíblicos de igrejas que tiveram experiências semelhantes. Não estavam bem, perderam a direção certa, mas acreditavam que estavam vivendo um cristianismo autêntico. A igreja de Sardes, por exemplo, foi confrontada pelo Senhor com as seguintes palavras: Conheço as suas obras; você tem fama de estar vivo, mas está morto. Esteja atento! Fortaleça o que resta e que estava para morrer, pois não achei suas obras perfeitas aos olhos do meu Deus (Ap. 3.1-2). Laodicéia é um outro exemplo que deve ser observado. O Senhor declarou: Conheço as suas obras, sei que você não é frio nem quente. Você diz: “Estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada”. Não reconhece, porém, que é miserável, digno de compaixão, pobre, cego, e que está nu (Ap.3.15,17). Algumas igrejas se acham tão ricas a ponto de tornarem-se orgulhosas, enchendo-se de soberba e com a triste ilusão de que já possui tudo de que precisa nesta vida, a ponto de afirmarem que não precisam mais de nada (embora não declarem em palavras, mas o fazem em atitudes ou estilo de vida). Porém, depois de confrontadas pelo Senhor com sua real situação espiritual, verão que na realidade não passam de igrejas miseráveis, dignas de compaixão, pobres, cegas, e em estado de nudez. Tais igrejas focalizam a coisa errada. Sua ênfase está no materialismo, formalismo, no homem em si. Em outras palavras, são orientadas pelos padrões humanos, e isso inclusive na vida religiosa. Igrejas como estas, aos seus próprios olhos, e em sua própria opinião, vivem um cristianismo autêntico. Algumas até tem fama de uma igreja viva, mas são diagnosticadas, pelo próprio Senhor, como igrejas mortas. Pois somente Deus é quem determina o que é uma igreja viva e saudável, e isso ele faz através de sua Palavra. É na Escritura Sagrada que encontramos as verdadeiras características de uma vida cristã autêntica, e, mais uma vez afirmo; não são essas características que predominam na vida de muitos crentes nos dias de hoje. Será se tais pessoas entendem realmente o significado do cristianismo autêntico? Será se alguns destes “crentes” se interessam pela autêntica mensagem do evangelho? O significado da vida cristã está “muito além” do que é compreendido e vivenciado pela maioria dos “evangélicos” dos dias atuais. Antonio Luis – Pr.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Interpretação de Romanos 7 - Parte III

Conclusão Como já foi observado, não podemos interpretar o capitulo sete de Romanos à parte de seu contexto maior, o qual corresponde aos capítulos seis a oito (Rm. 6-8). Em Romanos seis o apóstolo mostra a seus leitores que todo aquele que se uniu a Cristo encontra-se em condições de desenvolver um estilo de vida agradável diante de Deus (Rm. 6.12-13). O pecado não dominará mais o crente (6.14a). Esta é uma verdade implícita na passagem, e esta verdade tem como base o fato de que o crente não está mais debaixo da Lei, mas debaixo da graça (6.14b). Somente por não está mais debaixo da Lei, o crente agora pode desenvolver uma vida de santidade. Antes, sob a Lei, o crente vivia escravizado pelo pecado, que tomou ocasião, por causa da fraqueza da carne perante a Lei. Agora, sob a graça, o crente vive livre da Lei e conseqüentemente livre domínio do pecado, para oferecer-se a Deus, em santidade de vida com base na Lei do Espírito de vida (8.2). No capitulo sete (Rm, 7), o apóstolo destaca mais claramente a real condição humana perante a Lei. Esta é santa, justa e boa, nós, porém, somos pecadores por natureza. A Lei é espiritual, nós, porém, somo carnais (Rm. 7.14), isto é; nossa natureza humana foi afetada pelo pecado, e ainda continua presa a ele. As inclinações desta natureza são sempre contrárias à santidade de Deus, não se submete à Lei (Rm. 87). Os impulsos carnais, em todo e qualquer momento oportuno, manifestam-se em ações contrárias às justas exigências da Lei. Faz parte da natureza humana corrompida pelo pecado o agir contrário à vontade de Deus. Ai está a razão pela qual não podemos tomar como base a observância da Lei para desenvolver uma vida de santidade para com Deus. Nossa natureza carnal milita contra toda instituição que queira refrear seus impulsos pecaminosos. Portanto, é a conclusão do apóstolo, para que o cristão desenvolva uma vida de santidade para com Deus, é necessário viver sob a direção do Espírito Santo, em total dependência deste. Esta conclusão encontra-se no capitulo oito, onde Paulo apresenta o viver cristão ideal. É nesta perspectiva de vida que todos nós devemos nos apegar. Sem perder de vista nossa real posição como filhos de Deus e herdeiros com Cristo. É a ação do Espírito Santo na vida do crente que o leva a viver de modo agradável diante de Deus, produzindo fruto de justiça, por intermédio de Jesus Cristo, para glória de Deus. A vida cristã vitoriosa só é possível se vivida segundo o Espírito; “Por isso digo: Vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne” (Gálatas 5.16). O Senhor nos conceda sempre a graça de compreender, crê e viver esta verdade.

INTERPRETAÇÃO DE ROMANOS 7

Reconhecendo que o “eu” de Rm. 7 refere-se à própria pessoa do apóstolo Paulo precisamos entender agora as palavras usadas por ele na passagem, sem deixar de considerar o conflito expresso pelo apóstolo. Como já foi destacado acima (ouro artigo), alguns comentaristas argumentam que sempre são evidenciadas características de uma pessoa regenerada (um crente) como também de uma pessoa não regenerada (um não crente) em Romanos sete. Estas características perpassam por toda a passagem paralelamente, sem transparecer ou sugerir a idéia de períodos, “o antes e o depois” da vida de uma pessoa, visto que o conflito entre o querer fazer o bem e o “não poder evitar o mal” parece acompanhar o argumento de Paulo até o versículo 24. Atentando para o versículo sete, percebemos que o apóstolo interage com o leitor a respeito da possível conclusão equivocada que alguns podem ter tido com relação ao que ele acaba de dizer acerca da lei em Rm. 7.1-6. Paulo argumenta; Que diremos então? A Lei é pecado? De maneira nenhuma! De fato, eu não saberia o que é pecado, a não ser por meio da Lei. Pois, na realidade, eu não saberia o que é cobiça, se a Lei não dissesse: “Não cobiçarás” (Rm.7.7). Sem deixar de destacar o caráter imaculável da Lei, o apóstolo desenvolve seu argumento concernente ao efeito da Lei na vida do homem. Ao mesmo tempo em que deixa clara a impossibilidade de alguém conseguir cumprir as exigências da Lei, ele mostra que o pecado, que habita em nossa natureza humana (nossa natureza corrompida pelo pecado) é o único responsável por não conseguirmos cumprir as exigências da Lei. Embora não tenha sido dada com o propósito de salvar ou redimir o pecador, a Lei continua sendo santa justa e boa. O apóstolo faz questão de destacar o caráter santo da Lei (No versículo 12, [ - “indubitavelmente”] é a palavra usada com o objetivo de resguardar, de antemão, o caráter inatacável da lei [Fritz, 1985]). O pecado que habita em nós é quem nos impede de cumprir suas exigências. Esta verdade fica evidente pelo argumento do apóstolo no decorrer de sua discussão. Portanto, a ênfase do apóstolo no capitulo sete de Romanos está na impotência da natureza humana diante da santidade da Lei. Paulo fala aos cristãos acerca do resultado da Lei na vida do homem, tanto na vida do não crente quanto na vida do crente. Para isso, o apóstolo toma como base sua própria experiência diante da Lei. Ele fala de sua experiência anterior à conversão (Rm.7.7-13) e a atual luta que enfrenta com relação à sua natureza humana diante da Lei, que é Santa, justa e boa (Rm.7.14-24). Conforme observado na apostila do professor, lição 10, “Paulo descreve o conflito e o transtorno interiores que ele tem experimentado como crente”. No entanto, o apóstolo não deixar de destacar sua confiança na providência divina, manifestada na pessoa de Jesus Cristo (Rm.7.25). O retrato que Paulo deixa de si mesmo na referida passagem não é o de uma pessoa escravizada pelo pecado, mas, alguém que ainda luta contra as inclinações pecaminosas da natureza humana. Luta esta que perdurará até o momento em que seremos transformados (1 Co. 15.50-58). Se entendemos que o apóstolo Paulo era tão humano quanto qualquer um de nós, e que, mesmo liberto da escravidão do pecado e da Lei (Romanos 6 e 7), lutava contra as inclinações carnais, não temos motivos para rejeitar o fato de que ele fala a respeito de sua própria experiência em Romanos 7. O discurso de Paulo nesta passagem tem como finalidade mostrar que o crente, sempre que avalia sua vida à luz da Lei inevitavelmente perceberá a total incapacidade de cumprir suas exigências. Mesmo reconhecendo a justiça, santidade e bondade da Lei o apóstolo expõe o fato de que ela é incapaz de refrear ou vencer o pecado. “A Lei não pode vencer o pecado, porque depende da cooperação da carne, que é fraca. Aquilo que a Lei exige somente pode ser operado em nós mediante o Espírito, na base da obra de Cristo” [H. H. Esser, DITNT], e é disso que ele vai falar em Rm. 8. Por isso não podemos interpretar a passagem de Romanos sete à parte do capitulo oito. Portanto, concluímos que em Romanos capitulo sete Paulo expressa em sua própria experiência o conflito evidenciado na vida de todo crente redimido pelo sacrifício de Jesus Cristo.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

O aquecimento global rotulado como um 'golpe'

LONDRES - Com um pacote de reivindicações que são quase certo para desafiar a sabedoria convencional, um documentário de televisão a ser exibido na Grã-Bretanha esta semana condena homem do aquecimento global como um mito que se tornou "o maior embuste dos tempos modernos." O programa intitulado "O Escândalo do Aquecimento Global" e definir para a seleção pela TV Channel 4 na quinta-feira rejeita alegações de que altos níveis de gases de efeito estufa gerados pela atividade humana provoca mudanças climáticas. Em vez disso, o programa sugere que o próprio sol é o verdadeiro culpado. O documentário, dirigido pelo cineasta Martin Durkin, está em desacordo com parecer científico, conforme descrito em um relatório das Nações Unidas em fevereiro, que culpa a humanidade pelo aquecimento global. Em seu programa, Durkin rejeita o conceito de homem-feito a mudança climática, chamando-lhe "uma mentira ... a maior fraude dos tempos modernos." A verdade, diz ele, é que o aquecimento global "é uma indústria multibilionária em todo o mundo, criado por fanaticamente anti-industriais ambientalistas, apoiados por cientistas revendendo histórias assustadoras para financiamento de perseguição, e apoiado por políticos submissos e os meios de comunicação." Channel 4 diz que o programa apresenta "um impressionante nominal de especialistas", incluindo nove professores, que são especialistas em climatologia, oceanografia, meteorologia, biogeografia e paleoclimatologia. Ele também diz que os especialistas vêm de instituições de prestígio como o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, a National Aeronautics and Space Administration, do Instituto Pasteur de Paris, o Centro Espacial Nacional da Dinamarca e as universidades e outras escolas em Londres, Ottawa, Jerusalém, Alabama, Virgínia e Winnipeg, no Canadá. "É muito raro que uma história alterações filme", ​​diz Martin Durkin, "mas acho que este é um ponto de viragem, e em cinco anos a idéia de que o efeito estufa é a principal razão por trás do aquecimento global vai ser visto como beliche total", , diz ele. Seu programa se choca fortemente com a premissa descrita no documentário ex-vice presidente Al Gore premiado com o Oscar, "Uma Verdade Inconveniente", que apresenta um quadro desolador de como um acúmulo de gases de efeito estufa como o dióxido de carbono afeta o clima global, com consequências potencialmente desastrosas . "Al Gore poderia ter vencido um Oscar", diz Durkin, em uma prévia do documentário ", mas o filme é muito enganador, e ele tem a relação entre [dióxido de carbono] e as mudanças climáticas da forma errada." Um dos especialistas do cineasta, paleontólogo Professor Ian Clark, da Universidade de Ottawa, diz que o aquecimento global pode ser causado por aumento da atividade do sol, tais como erupções maciças, e que as amostras de gelo núcleos da mostra Antártica que, de fato, mais quentes períodos da história da Terra vieram cerca de 800 anos antes de aumentos nos níveis de dióxido de carbono. Descobertas Mr. Clark parecem contradizer o trabalho de outros cientistas, que usaram semelhantes ice-core amostras para ilustrar que os níveis elevados de dióxido de carbono na atmosfera têm acompanhado os vários períodos de aquecimento global. "O fato é que [dióxido de carbono] não tem nenhuma ligação comprovada a temperaturas globais", disse Durkin. "A atividade solar é muito mais provável que seja o culpado." Os cientistas do documentário do Channel 4 citar o que eles dizem é outra discrepância envolvendo pesquisa convencional, dizendo que a maior parte do aquecimento global recente ocorreu antes de 1940, depois que as temperaturas em todo o mundo caíram durante quatro décadas. Especialistas céticos Durkin de ver isso como uma falha na visão oficial, porque o boom econômico mundial que se seguiu ao fim da Segunda Guerra Mundial produziu mais dióxido de carbono e, portanto, deve ter significado um aumento nas temperaturas globais - algo que ele diz que não aconteceu . "A Grande Fraude do Aquecimento Global" também questiona uma afirmação pelo Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudança Climática, publicado no mês passado, que foi apoiado por cerca de 2.500 dos maiores cientistas do mundo. Outro dos professores Durkin, Paul Reiter Pasteur de Paris 'Institute, especialista em malária, chama o relatório da ONU uma "farsa", porque, diz ele, que incluía os nomes de cientistas, incluindo o seu próprio - que não concordaram com o relatório e que se demitiu do painel. "Isso é como eles fazem parecer que todos os cientistas estão de acordo", diz ele. "Não é verdade." Sr. Reiter diz que seu nome foi retirado somente depois que ele ameaçou com ação legal contra o painel. O próprio relatório, acrescenta, foi finalizado por membros nomeados pelo Governo. No entanto, outro especialista no documentário Durkin, Philip Stott, professor emérito de biogeografia na Escola de Estudos Orientais e Africano em Londres, é mais cauteloso. "O [clima] sistema é complexo demais para dizer exatamente o que o efeito do corte em [dióxido de carbono] ou produção seria, na verdade, de continuar a produzir [dióxido de carbono]". "A teoria do efeito estufa me preocupou desde o início", disse Stott diz, "porque você não pode dizer que apenas um fator pode ter esse efeito." "No momento, há quase um movimento macarthismo na ciência, onde o efeito estufa é como uma religião puritana, e isso é perigoso", diz ele. fonte: ww.washingtontimes.com/news/2007/mar/06/20070306-122226-6282r/

sábado, 30 de junho de 2012

Romanos 3.21-26

Depois de discorrer acerca da situação da humanidade diante de Deus descrevendo o caráter e as atitudes das pessoas que suprimem a verdade de Deus pela injustiça, atraindo assim a ira de Deus sobre si mesma (1.18-32), e, em seguida, de expor o fato de que toda a humanidade encontra-se sob o juízo de Deus (3.19), Paulo, agora, passa a aponta a única solução para o problema da humanidade; a justiça de Deus. Embora esta justiça já houvesse sido aplicada na vida de outras pessoas no passado (4.3,6-8), agora ela tem sido revelada e aplicada na vida de todo aquele que crê em Jesus Cristo (3.22). Nesta passagem o apóstolo faz algumas descrições dessa justiça: i) É uma justiça que provem de Deus (3.21a); ii) É uma justiça que independe da Lei (3.21b); iii) É uma justiça da qual testemunha a Lei e os Profetas (3.21c); iv) É uma justiça obtida mediante a fé em Jesus Cristo (3.22a); v) É uma justiça estendida a todos os que crêem (3.22b); vi) É uma justiça concedida pela graça de Deus (3.24). Como podemos ver, além de demonstrar que esta justiça é de origem divina, e que se encontra firmemente fundamentada na Escritura Sagrada, Paulo deixa claro que ela é fruto tão somente da graça e misericórdia de Deus, excluindo assim qualquer possibilidade do justificado se vangloriar. A aplicação pessoal é que eu posso descansar nessa verdade (sou justificado), sabendo da origem, caráter e instrumento desta justificação, e, portanto, que não tenho o mínimo motivo de me vangloriar. Ao mesmo tempo tenho motivos de sobra para dedicar minha vida em gratidão a Deus por tão maravilhoso DOM.

discussões teológicas

Alguns pensam e até afirmam que discutir ou tratar acerca de questões teológicas é perca de tempo, mas, pergunto a estas pessoas; que seria da saúde doutrinária da igreja se não fora teólogos como Paulo, Pedro, João etc.? haveriam muitos (se não todos) na igreja que não creria na ressurreição (I Coríntios 15). A igreja seria composta apenas por pessoas circuncidadas (Gálatas), e estariam procurando se salvar pela guarda da Lei e desprezando a justiça de Deus (Romanos). A igreja, em grande parte (para não dizer em sua totalidade) estaria vivendo o mesmo padrão do mundo, influenciada pelos falsos mestres (II Pedro 2), aliás, seria ilógico afirmar que há falsos mestres pois não haveria um padrão doutrinário pelo qual pudéssemos nos basear para atender as admoestações do Senhor Jesus (Mateus 7.15-23; 16.5-12). A igreja, mais cedo ou mais tarde, acabaria desprezando o conceito de que Jesus Cristo assumiu realmente a natureza humana (I João). Que seria da igreja se Deus não usasse pessoas (teólogos) para ensinarem a verdade acerca da pessoa e obra de Deus Pai, de Jesus Cristo e do Espírito Santo? E o que dizer dos termos teológicos (técnicos) e não bíblicos como; Trindade, divindade e humanidade de Cristo, personalidade do Espírito Santo? Deixemos tudo isso de lado e nos entreguemos à práticas, emoções e experiências religiosas? Para que pregar o evangelho se todo mundo “à sua maneira” crer em Deus? O importante não é ter fé? Todo mundo a tem (Tiago 2.19). Pensamentos assim, que depreciam o estudo teológico, é uma das razões da existência de tanta confusão no ceio da igreja dos dias atuais.

Teísmo aberto

Quem pensa que o teísmo aberto é um problema que já foi solucionado, e que não tem causado influencias negativas na vida da igreja, se engana. Na verdade, creio,esta teologia continua sendo disseminada no ceio de nossas igrejas, inclusive por pessoas (líderes) bem influentes. Em um artigo que trata da questão pude ver a opinião de vários líderes que, se observado com atenção, quando não vitalizam tal posição (teísmo aberto) por suas declarações a favor, contribuem com a mesma ao se mostrarem negligente em não assumirem uma postura correta quanto a uma teologia definida. Muitos tem se mostrado negligente com relação a assuntos ou questões importantes para a saúde da igreja.

Imutabilidade e Teísmo Aberto
O termo “Teísmo Aberto” foi cunhado pelo adventista Richard Rice contudo, segundo Paulo Brabo, tais idéias circulavam entre Wesley e Arminius. Semelhantemente a teologia adventista, pontua que muitos dos conceitos da teologia clássica seriam importados da filosofia grega, do qual muito herdaríamos. Segundo Paulo Brabo, o conceito de Deus imutável, impassível e fora do tempo, é acertadamente de origem grega. E salienta que os defensores do Teísmo Aberto afirmavam que termos como onisciência, onipotência e onipresença não aparecem na Bíblia.
[O fato de alguns termos teológicos não aparecerem na Bíblia não significa que os mesmos não sejam verdadeiros ou bíblicos pois, a exemplo do que falamos, Os termos; Trindade, personalidade do Espírito Santo, divindade e humanidade de Cristo etc. também não aparecem na Bíblia. E ai, abandonemos tais conceitos por não aparecerem na bíblia? - Antonio Luis]
Ricardo Gondim é mais profundo nesse pensamento contra a imutabilidade de Deus:
“Os gregos não concebiam a possibilidade de Deus mudar. Segundo eles, Deus não pode mudar por ser perfeito. Ora, a misericórdia só é possível de ser exercida se houver mudança no coração de quem a exerce. Aliás, misericórdia não exige mudança de quem é alvo dela e sim de quem a pratica. Há inúmeros exemplos bíblicos de que Deus mudou o que faria e tomou medidas até emergenciais, devido às ações humanas”. [Ricardo Gondim]
Segundo Sanders, em “Deus que arrisca”, Deus mudaria sua mente, continuaria a aprender e fazer exame de risco. Já Gregory Boyd, no livro "Deus do possível", defende que até as decisão divinas são incertas num cosmo livre. Os críticos contra-atacam que se as conclusões de Boyd estiverem corretas, a humanidade tem mais liberdade do que o Criador. E Deus estaria limitando seu conhecimento e poder a fim preservar o livre arbítrio, o que para os opositores é um absurdo.

[Para quem pensa que as doutrinas defendidas pela ala conservadora são puramente influencias gregas]

Quanto à influência grega no que diz respeito a algumas idéias (doutrinas) cristãs, fico impressionado como alguns teólogos ignoram algumas verdades sobre o tema. Por exemplo, podemos observar alguns efeitos do helenismo sobre os judeus no NT. Vale lembrar que alguns destes exemplos não se encontram de maneira explicita em alguns dos textos, no entanto poderão demonstrar tais influências de modo implícito.
Uma das maiores influências do helenismo sobre os judeus que podemos destacar no Novo Testamento é a filosofia grega, a qual gerou muitas mudanças no pensamento judaico, causando, dessa forma, muitos efeitos no modo de se compreender a vida.
Dentre essas influências, podemos observar, de modo positivo, os efeitos da filosofia que tratava da necessidade de se livrar dos padrões tradicionais de comportamento herdados dos antepassados, o que levou a sociedade a adotar certa ênfase no individualismo. Esta influência pode ser observada no fato de que tal ênfase individualista contribuiu, ou facilitou, na época do Novo Testamento, a adoção do conceito de religião pessoal. Assim, quando Jesus desafiava seus ouvintes a deixarem pai e mãe a fim de segui-lo (Lc. 14.26;Mat. 10.37), não encontrava, por parte do conceito tradicional, nenhuma barreira que dificultasse sua mensagem. Assim, podemos observar, apartir desta passagem, que os judeus nos tempos do Novo Testamento, já haviam aderido muitos elementos da filosofia grega. E neste sentido podemos apontar, no Novo Testamento, outro exemplo dessa influência helênica sobre os judeus. Trata-se da declaração do apóstolo Pedro, a qual este fez diante do sinédrio judaico em certa ocasião (Atos 5.29). Após serem, os apóstolos, advertidos a não pregarem o evangelho de Cristo, encontramos Pedro e os demais respondendo ao sinédrio; Antes importa obedecer a Deus do que aos homens [ARA]. Esta era uma frase já conhecida desde os tempos de Sócrates. Este acreditava em princípios universais de verdade e de direito, os quais encontravam em Deus, o qual ele considerava supremo em conduta e caráter, sua forma ultima de expressão pessoal. Aos seus perseguidores atenienses ele dissera; “importa mais obedecer a Deus do que a vós” [Dana, H. E. pág.159]. Ao expressar-se desta maneira, não somente o apóstolo Pedro mas também o sinédrio judaico que não retrucara a tal declaração, parece demonstrar certa familiaridade com alguns conceitos filosóficos. E não apenas isto, mas também demonstram concordarem com tais conceitos que refletem alguns princípios universais de verdade e de direito [A. Luis Pr.]

quinta-feira, 7 de junho de 2012

O Ministério Pastoral e os Conflitos - III

Enfrentando os conflitos: Havendo compreendido que a mediação é um elemento essencial no ministério pastoral e que, como líderes cristãos, não devemos nos esquivar da responsabilidade de lidarmos com os conflitos enfrentados por nossos irmãos, e conscientes do fato de que, como discípulos de Cristo, fomos comissionados e capacitados para exercer com eficiência o ministério da reconciliação, nos colocando como mediadores entre as partes conflitantes, podemos discorrer com mais tranquilidade sobre a próxima questão; seria correto, como alguns líderes cristãos o fazem, encaminharmos os membros de nossas igrejas para especialistas com a finalidade de resolverem seus conflitos tanto pessoais como interpessoais? Tendo em vista o que já foi esclarecido acima acerca dos conflitos e sua relação com o ministério pastoral, mostrando que este jamais será exercido sem a presença de conflitos, e que estes, naturalmente, são elementos necessariamente existentes na vida do ser humano, tanto individual como coletivamente, e, portanto, parte do ministério pastoral, a resposta necessariamente deve ser não. Se de fato o líder se considera ministro do evangelho e alguém comissionado por Deus para cuidar de pessoas, naturalmente tem que reconhecer que o papel de pacificador é inerente ao seu chamado. Ele é um agente da reconciliação e não pode fugir dessa responsabilidade. Ao repassar para outrem esta responsabilidade, por não querer pagar o preço do exercício de seu ministério, ele estará negligenciando um serviço essencial em seu ministério. Querer pastorear sem ter de lidar com conflitos é o mesmo que pretender tomar banho sem querer se molhar. A existência dos conflitos no desempenho do ministério é algo tão real e natural que se quisermos comprovar basta sentarmo-nos um pouco com outros irmãos e amigos, pastores e líderes, atuantes no ministério, e veremos este fato. Não deveríamos ficar surpresos com a presença de conflitos no ceio da igreja visto que reconhecemos ou admitimos o fato de que nós, os cristãos, também somos seres humanos. E, é exatamente pelo fato de sermos seres humanos que a presença de conflitos em nosso meio se faz algo real. Esta verdade pode nos direcionar a algumas respostas a possíveis perguntas tais como; quais as causas dos conflitos em nosso meio? Quais as fontes ou origens dos constantes conflitos que enfrentamos em nossa vida e ministérios? Como lidar com eles? Sem deixar de considerar a própria natureza humana, que por si só, devido a influencia do pecado, já torna necessariamente real a presença dos conflitos em nossos relacionamentos, devemos atentar para alguns fatores ou “causas imediatas” dos conflitos. Dentre estes fatores que são tidos como principais causas ou fontes de conflitos, merece nossa atenção especial a questão da comunicação. Quando falta comunicação entre o povo de Deus, ou até mesmo quando esta é mal sucedida, temos uma das maiores causas de conflitos dentro da igreja. Tendo isto em mente, como líderes cristãos devemos atentar com mais cuidado para a nossa prática de relacionamento entre o povo de Deus. Pois, como já foi observado, quando o pastor se envolve com o povo de Deus, ele constrói ou destrói relacionamentos. O pastor sábio busca desenvolver relacionamentos dinâmicos e vibrantes entre aqueles a quem ele está ministrando. Porém, para que estes relacionamentos possam ser travados entre pastor e rebanho é essencial que haja comunicação “de qualidade”, com o mínimo de interferência possível. Portanto, além do esforço para desenvolver uma comunicação de qualidade, precisamos, como líderes, nos empenharmos no incentivo da comunicação clara para desenvolvermos um ministério fundamentado na prática da interação entre os membros da igreja, e isto deve ser resultado de uma boa comunicação, influenciada e direcionada pelo Espírito Santo. Outro fator importante a ser considerado quanto às causas de conflitos em nossas igrejas são as diferenças entre opiniões. Embora tenhamos o mesmo Espírito operando em nosso coração, ainda que sirvamos ao mesmo Senhor e tenhamos o mesmo Deus e Pai, não podemos ignorar o fato de que somos pessoas diferentes com mentes diferentes e com uma bagagem muito grande de conceitos que diverge em muito em relação aos demais irmãos. As diferenças de opiniões é um problema que só pode ser solucionado à medida que, em humildade, nos empenhamos em compreender corretamente e decidimos nos submeter à Palavra de Deus. Quanto mais compreendemos o direcionamento de Deus para nossa vida e ministério e resolvemos segui-lo, menos teremos divergências de opiniões. As perspectivas particulares de cada indivíduo é outro fator provocador de conflito entre o povo de Deus. Quanto menos nos comunicamos ou nos relacionamos com os outros, mais distantes estaremos uns dos outros com relação as nossas perspectivas. Portanto, se não houver maturidade suficiente para que estejamos nos submetendo uns aos outros no amor de Cristo, considerando e avaliando as perspectivas do próximo à luz de Cristo, dispostos a abrir mão das nossas, se necessário, com certeza o conflito terá se instalado em nosso meio. Tudo dependerá do conceito e prática de vida cristã que estivermos nutrindo. Os propósitos que traçamos em nossa vida e ministério também pode ser uma fonte de conflito entre irmãos ou no próprio ministério. Em uma comunidade, por mais que nos empenhemos para andarmos em harmonia, traçando projetos com o mesmo objetivo e com um mesmo propósito, nem sempre se tem as mesmas aspirações. E quando estas aspirações são as maiores influenciadoras com relação aos propósitos que traçamos para o ministério da igreja é muito provável que teremos divergências com respeito aos mesmos. Portanto, é necessário que haja um ótimo relacionamento e um excelente nível de comunicação entre os membros da igreja e sua liderança para que se possa ter o maior nível possível de harmonia entre os mesmos. Desta forma, com a eliminação das divergências entre os membros da igreja, ou até mesmo entre sua liderança, se terá um pensamento coeso quanto aos propósitos traçados, o que, consequentemente, estará evitando situações de conflito entre irmãos. Outro fator importante que tem promovido alguns conflitos, seja entre irmãos seja no ministério, é a questão dos gostos pessoais de cada individuo. Alguns conflitos com os quais muitas vezes nos deparamos em nossas igrejas, estão mais relacionados a questões de gostos pessoais do que qualquer outra coisa. Muitos membros de igrejas são hábeis em transformar seus gostos pessoais em “doutrina bíblica”. O contexto em que se desenvolveu e a cultura pela qual foi moldado é quem de fato determina para eles o que é sacro ou profano. Na verdade, até mesmo o desenvolvimento de sua vida cristã e o da comunidade a que pertence deve ser regido por estas preferências. Quando elaboram algum projeto ou traçam algum propósito para o ministério o que fala mais alto não é os princípios cristãos ou a Palavra de Deus e sim as preferências que já se tornaram o padrão de avaliação do que é bom ou não. O problema se mostra mais complicado pelo fato de que quanto mais indivíduos houver para decidirem algo ou traçarem algum projeto para o ministério, dependendo do nível ou predominância dos gostos pessoais, mais divergências haverá entre eles. Se não houver um redirecionamento dos princípios ou padrão de avaliação, onde os princípios da Escritura Sagrada seja o principal orientador para todo e qualquer empreendimento, dificilmente se chegará a decisões saudáveis. Casos desse tipo são verdadeiras fontes de conflitos na igreja. Para evitarmos esse tipo de situação é necessário empenho no sentido de levar a igreja à maturidade através do ensino e prática dos princípios bíblicos. Vários outros fatores existem como fonte ou causa de conflitos no ministério, no entanto seria muito difícil abordá-los aqui. Estes exemplos são suficientes para que reconheçamos a fundamental importância de uma boa comunicação no ministério. Tanto para evitarmos problemas de conflitos quanto para lidarmos com os mesmos. Orientações para uma comunicação sadia. Para que desenvolvamos uma comunicação sadia é necessário que compreendamos corretamente o que Deus tem falado, pois nossas conversas sempre devem refletir os princípios de sua Palavra. E, mesmo depois de compreendermos o que o Senhor nos tem falado é preciso que nos esforcemos para comunicar estas verdades de maneira que sejam recebidas por aqueles que as ouvem. A maneira como falamos é tão importante quanto a mensagem que desejamos transmitir. Alem disso, o contexto (onde e quando) no qual dizemos algo deve nos orientar como fazer um comentário. A motivação correta é um elemento importantíssimo para uma comunicação sadia. Nossa motivação deve refletir os valores, prioridades e princípios bíblicos. Para tanto, é necessário que contemos sempre com a ação do Espírito Santo em nosso coração, moldando-nos conforme a vontade de Deus, para que sempre tenhamos motivações corretas. Isso nos levará a desenvolver um excelente nível de relacionamento, onde a integridade e credibilidade, tão necessárias para o desenvolvimento do mesmo, serão os principais elementos que produzirão e fortalecerão o relacionamento entre o povo de Deus. Portanto, o que fica claro com relação à comunicação no ministério é o fato de que ela pode ser tanto uma tremenda fonte de conflitos entre o povo de Deus como um excelente instrumento que pode ser utilizado pelo líder cristão para a solução de conflitos. Se a comunicação entre nós for deficiente, o resultado é que ela poderá produzir vários conflitos entre nós. Mas, se nos empenharmos no desenvolvimento de uma comunicação sadia, conforme os princípios orientadores na Palavra de Deus, não somente estaremos evitando situações de conflitos, mas teremos condições de lidar com os conflitos já existentes em nossas igrejas, promovendo a reconciliação e a pacificação entre o povo de Deus. Portanto, até aqui podemos perceber a relação entre os conflitos e o ministério pastoral. Creio que é algo evidente a importância do líder cristão encarar os conflitos como parte do ministério, até mesmo como um instrumento pelo qual o cristão está sendo moldado para que chegue à maturidade. A importância da pacificação no desempenho do ministério pastoral é algo não somente evidente, mas também urgentemente digno de ser resgatados por aqueles que a tem deixado de lado no cumprimento de seu ministério. E, mesmo que alguns possam desconsiderar esta verdade, o Senhor Jesus Cristo não somente chama seus discípulos, mas também os capacita para o desempenho do ministério, concedendo as ferramentas necessárias para o desempenho do mesmo. O próprio evangelho já prover condições suficientes para o líder cristão desenvolver seu papel de pacificador com eficiência. O que precisamos incentivar, desenvolver e praticar entre nós é uma comunicação saudável, através da qual estaremos evitando uma série de conflitos em nosso meio, além de podermos contar com um excelente instrumento ministerial na solução de conflitos. Antonio Luis

quarta-feira, 6 de junho de 2012

O Ministério Pastoral e os Conflitos - II

Ao passo que entendemos a relação dos conflitos com o desempenho do ministério pastoral, e que a mediação é um elemento essencial em nosso ministério, e considerando também o fato de que, como líderes cristãos, não podemos nos esquivar da responsabilidade de lidarmos com os conflitos enfrentados por nossos irmãos, pelos quais somos responsáveis para cuidar e nutrir com as verdades do Evangelho de Cristo Jesus, resta perguntar- nos; será se estamos preparados para lidar com alguns conflitos que, naturamente, muitos de nossos irmãos experimentam com frequência, e até mesmo aqueles conflitos que surgem no ceio de nossas igrejas? Embora alguns possam responder a esta indagação de modo negativo, visto não terem recebido treinamento apropriado para lidarem com diversos conflitos de níveis elevados, precisamos estabelecer alguns fatos importantes nesta questão para que possamos seguir em frente com nossa abordagem sobre solução de conflitos no desempenho do ministério pastoral. Antes de tudo, como já foi observado, é necessário que tenhamos consciência da realidade dos conflitos, e assim estaremos aptos para compreender as origens dos mesmos. Quando falamos em “as origens dos conflitos” precisamos considerar dois aspectos importantes com respeito às fontes de conflitos. Antes de tudo, é importante observarmos o fato de que muitos de nós estamos prontos a detectar apenas um destes aspectos, que pode ser considerado como as origens ou fontes secundárias (as causas “imediatas” dos conflitos tais como; problema na comunicação, as diferenças entre opiniões, perspectivas, propósitos, gostos ou quaisquer outros fatores semelhantes) enquanto que a origem primária dos conflitos (a queda, o pecado ou a natureza pecaminosa) muitas vezes não é considerada. Quando lidamos com os conflitos, tratando e ou considerando apenas as fontes secundárias, podemos experimentar algumas frustrações ou surpresas, por percebermos que os mesmos ou outros conflitos maiores poderão vir à tona, visto que a fonte original continua proporcionando os elementos necessários para os mesmos. Portanto, quando estivermos enfrentando algumas situações de conflitos devemos levar em consideração a fonte primária dos conflitos. Uma lição fundamental extraída do estudo das Escrituras Sagradas é que “quando o homem pecou, várias separações ocorreram”. A primeira e mais fundamental se deu entre o homem rebelde e Deus. Todas as demais ocorreram em decorrência desta. O homem foi separado de si mesmo (o que gera os problemas psicológicos da vida), o homem foi separado dos demais homens (o que gera os problemas sociológicos da vida), o homem foi separado da natureza. A parti desta realidade podemos perceber que as fontes (secundárias) dos conflitos se apresentam em abundância, mas o tratamento deve começar sempre considerando a fonte principal de conflitos; a própria natureza caída. E, quanto a isso, o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo já prover condições suficientes para o líder cristão desenvolver seu papel de pacificador com eficiência. Na verdade, o ministério evangelístico da igreja deve iniciar-se exatamente neste ponto; reconciliação. A mensagem do evangelho até poderia ser colocada nestes termos; Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo (II Co. 5.19). Esta verdade abre um leque muito amplo de possibilidades para o ministério cristão. Como observa Davidson, ao abordar a passagem bíblica de II Coríntios 5; “os vers. 18 e 19 apresentam o plano de Deus de reconciliar o mundo consigo, o que abre aos homens este novo âmbito de vida”. Para compreendermos melhor acerca da capacitação proporcionada pelo evangelho no que diz respeito ao lidarmos com os conflitos, precisamos reconhecer o que Deus já realizou e o que Ele está realizando por intermédio do evangelho de Cristo. Tendo em mente a fonte de onde se originam os conflitos (a queda, ou, a natureza pecaminosa), precisamos destacar a obra de Cristo na cruz para solucionar esse problema, como observa Schaeffer; de acordo com os ensinamentos das Escrituras, a obra acabada do Senhor Jesus tem o sentido de apresentar uma forma de cura para cada uma dessas fraturas (a quebra de relacionamento do ser humano com Deus, com o próximo, consigo mesmo e com a natureza): cura que será aperfeiçoada, sob todos os aspectos, quando Cristo voltar, no futuro histórico. Na justificação existe um relacionamento que já é perfeito. Quando o indivíduo aceita a Cristo como seu Salvador, com base na obra completa de Cristo, Deus, enquanto Juiz declara que sua culpa desapareceu imediatamente e para sempre. Portanto, como resultado da obra redentora de Cristo (pois “Deus, através de Cristo, estava reconciliando consigo o mundo”) uma nova realidade se abriu para todo aquele que crê. A primeira e mais fundamental separação ocorrida na vida ou experiência humana já foi reparada através da pessoa e obra de Jesus Cristo. Todo aquele que já experimentou o novo nascimento, através da fé e entrega pessoal ao Senhor e Salvador Jesus Cristo, já experimenta outra realidade em seu relacionamento com Deus. Pois, como afirma Macdonald, “a obra do nosso Senhor sobre a cruz criou uma base justa sobre a qual podemos ser apresentados a Deus como amigos e não como inimigos”. Antes tínhamos aversão à Palavra de Deus, e nos opunha à sua pessoa e vontade. Éramos, por natureza, hostis a Ele e não queríamos nos submeter a sua vontade. Essa é a atitude de todo aquele que ainda vive nas trevas do pecado. Como observa Schaeffer, “o verdadeiro escândalo (da cruz) é que, por mais fidedigna e claramente que se possa pregar o Evangelho, a certa altura o mundo, por estar em estado de rebelião, se afastará disso. O homem foge disso para não ter que se curvar diante do Deus que existe. Este é o verdadeiro escândalo da cruz”. No entanto, o Senhor por sua grande misericórdia nos atraiu a si e, em Cristo, fomos reconciliados com Ele. Em Jesus nosso relacionamento foi reestabelecido com Deus e por isso desfrutamos a paz, enquanto que ao mesmo tempo somos agentes propagadores desta mesma paz. Portanto, se o maior e principal conflito do homem já foi resolvido por intermédio da pregação do evangelho, é claro que, se continuarmos vivendo com base nos princípios cristãos, em submissão à Palavra de Deus, não haverá conflito que não seja solucionado. Se nós, como ministros cristãos, desempenharmos o ministério com base no poder transformador do evangelho de Cristo, desenvolvendo nosso papel de pacificadores cristãos, poderemos contar com resultados positivos no que diz respeito à solução de conflitos. Com isto não queremos dizer que pelo fato de sermos cristãos ou pessoas tacadas e transformadas pelo poder do evangelho não venhamos experimentar ou mesmo gerar alguns conflitos entre nós mesmos como membros do mesmo corpo (igreja), as vezes até mesmo por conta de uma comunicação deficiente isto venha acontecer. No entanto, o que queremos enfatizar é o fato de que já fomos equipados por Deus para lidarmos com os possíveis conflitos que porventura tivermos que enfrentar. Como discípulos do Senhor Jesus, somos capacitados para produzirmos os frutos da justiça (Efésios, 2.10). Somos equipados para lidarmos com as situações de conflitos enfrentadas por nós mesmos e por nossos irmãos, pois o Senhor Jesus é quem nos faz triunfar em toda e qualquer situação adversa. De fato, é por meio de Cristo que somos capacitados para essa grandiosa tarefa. Sem Ele, nada podemos realizar. Sendo assim, voltamos a afirmar; como discípulos de Cristo, fomos comissionados e capacitados para desempenhar com eficiência o ministério da reconciliação, nos colocando como mediadores entre as partes conflitantes. Fomos comissionados para promover a pacificação através da pregação do evangelho, da mesma forma como o foram os primeiros discípulos de Cristo, como observa muito bem McDonald, “depois de sua ressurreição Jesus enviou seus discípulos no poder do Espírito Santo, os quais anunciaram o evangelho da paz”. O ministério da reconciliação é um elemento essencial no ministério pastoral, e o Senhor Jesus Cristo não somente chama seus ministros, mas também os capacita para o desempenho do ministério, concedendo as ferramentas necessárias para o desempenho do mesmo. Antonio Luis - Pr.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

O ministério pastoral e os Conflitos - Parte I

Encarando a realidade do conflito: É comum ouvirmos muitos líderes reclamarem dos vários problemas existentes em suas comunidades, além de se mostrarem surpresos com o número cada vez maior de rupturas nas igrejas locais. No entanto, o que deveria nos surpreender é o fato de que muitos de nós, deliberadamente ou não, ignoramos não somente as origens destes problemas, mas também qual deveria ser a postura correta diante de tais situações. Para ser mais claro, muitos ignoram o fato de que todos os problemas existentes na igreja se originam de conflito. Até mesmo aqueles que resultam de situações aparentemente neutras. Na verdade, todo problema é resultado de um conflito de incompatibilidade, seja esta entre opiniões, perspectivas, propósitos, gostos ou quaisquer outros fatos. Não podemos deixar de destacar também uma das principais fontes de conflitos no ministério pastoral; a comunicação (ou a falta desta). Todos estes fatores nos leva a reconhecer a necessidade de uma reflexão mais séria com respeito a comunicação e conflito no ministério. Muitos dos problemas experimentados pela igreja, prejudicando-a no desempenho de seu ministério, poderiam ser evitados se atentássemos mais para a necessidade de tratarmos dos conflitos que, naturalmente, experimentamos em nossas comunidades. No entanto, o que se constata é o fato de que muitos têm fechado os olhos para essa realidade. “As próprias igrejas, os institutos bíblicos e seminários oferecem pouco ou nenhum treinamento pastoral sobre como lidar com os conflitos” experimentados no ceio das igrejas. Isso mostra o quanto a liderança cristã tem assumido o papel de pacificadores, comprometendo-se com a solução de conflitos. Como resultado, temos constatado que muitos líderes tem tido dificuldades para lidar com os conflitos que surgem em seu ministério e, consequentemente, não é de se surpreender o fato de haver tantos ministérios em crise e igrejas que acabam passando por divisões. Visto que não se aborda a importância de tal disciplina no ministério, apontando tanto as causas como os resultados dos conflitos na vida da igreja, apresentando possíveis soluções, muitos líderes entendem que a solução de conflito não faz parte da tarefa pastoral. No entanto, é importante que nos conscientizemos do fato de que o ministério pastoral não acontece sem que enfrentemos muitos conflitos. Na verdade, parte do papel do ministro do evangelho pode ser entendida como solucionar problemas de conflitos. A administração ou prática da solução de conflitos é algo de fundamental importância na vida da igreja, pois não visa apenas questões internas (conflitos entre os membros da comunidade), mas envolve também questões externas (conflitos entre crentes e não crentes) o que implica no testemunho cristão. E, como as instituições cristãs tem negligenciado essa disciplina em seu currículo educacional e a demanda do problema se apresenta como um grande desafio para a sociedade, como observa Poirier “hoje um numero cada vez maior de universidades e faculdades de direito oferecem cursos na área de solução alternativa de conflitos” e consequentemente “o desenvolvimento na teoria e prática da solução de conflitos tem dependido amplamente do trabalho de mediadores seculares, os quais se baseiam em teorias psicológicas e sociológicas sobre conflito”. Mas, onde estão os ministros cristãos com o desempenho de seu papel de pacificador? Será se a pacificação ou solução de conflitos não é vista como pertencente ao ministério pastoral? A resolução de conflitos não faz parte essencial da pregação do evangelho? A este respeito até podemos ouvir as palavras do apóstolo Paulo ecoarem aos nossos ouvidos; Se algum de vocês tem queixa contra outro irmão, como ousa apresentar a causa para ser julgada pelos ímpios, em vez de levá-la aos santos? Vocês não sabem que os santos hão de julgar o mundo? Se vocês hão de julgar o mundo, acaso não são capazes de julgar as causas de menor importância? Vocês não sabem que haveremos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas desta vida! Portanto, se vocês têm questões relativas às coisas desta vida, designem para juízes os que são da igreja, mesmo que sejam os menos importantes. Digo isso para envergonhá-los. Acaso não há entre vocês alguém suficientemente sábio para julgar uma causa entre irmãos? Mas, ao invés disso, um irmão vai ao tribunal contra outro irmão, e isso diante de descrentes! [I Coríntios, 6.1-6 - NVI]. É lamentável o fato de que ainda há muitos pastores que precisam conscientizar-se de que a função de pacificador é um de seus principais papeis como ministro do evangelho de Cristo. A paz é um elemento essencial na pregação evangélica, já que o termo (“paz”) pode descrever, não somente o conteúdo como também o alvo da pregação cristã, sendo que a própria mensagem é chamada “o evangelho da paz”. Lamentavelmente existem pastores que ignoram o papel de pacificador como parte fundamental de seu ministério. Sendo assim, há pouca ou nenhuma preocupação com um treinamento adequado para resolução de conflitos no ministério e, consequentemente, muitos enfrentam, em maior ou menor grau, algumas dificuldades ministeriais oriundas dos mais diversos conflitos no ceio da igreja. Portanto, é importante avaliarmos que tipo de ministro do evangelho temos sido. Temos sido bons líderes pacificadores, colocando-nos como mediadores entre as pessoas? Pois, conforme observa Poirier, a questão não é se o pastor é um mediador, mas que tipo de mediador ele será. Com isto não queremos dizer que o pastor tenha que tomar para si a responsabilidade de solucionar os problemas de todo mundo na igreja, pois, dependendo do tamanho da igreja, isto até seria impossível. Porém, mesmo que a igreja tenha uma comissão especial para trabalhar com os casos de mediação, em algumas situações é fundamental a participação pastoral. A intervenção pastoral fará bastante diferença, como observa Dobson; o pastor pode às vezes ser o fator decisivo numa solução (de conflito). Pode ser que ele não diga nem faça nada diferente de outra pessoa; simplesmente pelo peso do seu cargo e pela autoridade espiritual ele desembaraça a situação. Mas, que dizer dos pastores que encaram os conflitos como se fossem elementos dissociados do ministério pastoral, como questões que diz respeito aos “profissionais” ou “especialistas” na área? Muitos pastores tem negligenciado seu papel de pacificador, deixando de se colocar como mediador entre as partes em conflitos. No entanto, fazer isso é o mesmo que se esquivar de ensinar as Escrituras, ou, no mínimo, ignorar os inúmeros exemplos bíblicos referentes ao assunto. São abundantes as passagens bíblicas em que aparecem exemplos de pessoas enfrentando conflitos, e os autores bíblicos nunca se esquivaram de tais situações. Muito pelo contrário, sempre se empenharam em levar o povo de Deus a viverem em comunhão, aceitando e ajudando uns aos outros ( Atos, 6. 1-7; Romanos, 14.1-15.7; I Coríntios, 1. 10-13; 6.1-8; Filipenses, 4. 2,3). O apóstolo Paulo, um dos líderes que mais enfrentou conflitos em seu ministério, nunca se esquivou de sua responsabilidade quanto ao ministério da reconciliação. É algo que nos chama bastante a atenção a habilidade do apóstolo em lidar com os conflitos. Mesmo com a autoridade que possuía, como apóstolo de Cristo, Paulo preferia agir e abordar as pessoas com base no amor de Cristo (Filemom, 8-9). Até mesmo quando ele era uma das partes envolvidas no conflito, o amor sempre falava mais alto. Exemplo disso é a maneira como aborda os irmãos da igreja de Corinto, expressando a consolação compartilhada entre eles (II coríntios, 1.6-7), a alegria (2.3), a transparência no trato e o amor aberto, mesmo antes de ser correspondido (6.11-13). Embora houvesse na igreja alguns membros que nutriam um conflito muito grande em seu relacionamento com o apóstolo (I Coríntios, 418-21; 9.1-3; II Coríntios, 10.1-3,7-13), ele não a encarava como muitos líderes dos dias de hoje, considerando a igreja como “uma bomba”. Paulo sabia que ali estava o povo de Deus, e muitos dentre este povo estavam influenciados pelos servos do maligno (II Coríntios, 11.13-15). Portanto, precisavam de alguém disposto a ajudá-los a tomar a direção correta no que diz respeito à vida cristã, desenvolvendo e preservando relacionamentos saudáveis. Como ministros do evangelho, devemos nos revestir com esse pensamento, entendendo que a reconciliação é um elemento altamente pertinente com nosso ministério, embora nos dias atuais outras disciplinas estejam assumindo posições mais elevadas, recebendo maior atenção por parte da igreja e seus líderes. Na verdade, a preocupação de muitos líderes repousa mais em questões de administração de projetos e programas de crescimento (numérico) do que em edificação de vidas, no sentido de levá-las à maturidade, através do aprendizado de resolução de conflitos pessoais e interpessoais. Muitos até mesmo se esquivam da responsabilidade de ajudar alguns membros de sua comunidade a resolver alguns conflitos existentes. Sejam estes de nível pessoal (ex. stress, depressão, crise), ou interpessoal (questões com irmãos da igreja local, ou até mesmo com descrentes). Quando não encaminham as pessoas aos “especialistas”, esquivam se sob a alegação de que não devemos ser antiéticos, nos intrometendo em negócios alheios, como se essa não fosse uma das funções do pastor; colocar-se como mediador ou pacificador entre as pessoas. Alguns líderes cristãos talvez não percebam o quão terrível é a experiência de alguém atravessar determinados conflitos. Bastaria refletirmos um pouco sobre os conflitos pessoais que experimentamos e enfrentamos sozinhos, por não podermos compartilhar com alguém exatamente por não haver uma via de comunicação saudável. Esta falta de percepção nos leva a ignorar a necessidade de nos prepararmos melhor para lidarmos com os conflitos no ministério pastoral. Por isso, embora os conflitos sejam uma realidade no ministério, não se dar tanta importância à responsabilidade de se empenhar em solucioná-los. Neste aspecto, Poirier indaga; “como pode ser que, de um lado, nos especializamos em confortar os que sofrem e, de outro, nós ao mesmo tempo nos esquivamos de ajudar os que passam por conflitos? Porque o sofrimento físico exige nossa atenção e mexe com o nosso coração, enquanto esse terrível mal do conflito, fruto do pecado, não nos comove? Porque corremos para aliviar a dor física e nos arrastamos para aliviar a dor do conflito”? A menos que ignoremos a realidade dos conflitos no ceio da igreja, e na vida de cada pessoa individualmente, não há razão para o líder cristão esquivar-se da responsabilidade de colocar-se como mediador entre pessoas. A mediação é um elemento essencial no ministério pastoral e, como ministros do evangelho, não devemos nos esquivar da responsabilidade de auxiliarmos nossos irmãos a resolverem seus conflitos. Não podemos negar o fato de que o lidar com conflitos, especialmente aqueles que nos deixam profundamente desconfortados, é algo que todos nós desejamos evitar. No entanto, como pastores, precisamos encarar a realidade do ministério que envolve, inclusive, a solução de conflitos dos mais diversos possíveis. O ministério pastoral não se desenvolve sem que tenhamos de trata ou lidar com os vários problemas que naturalmente surgirão no decorrer do desempenho do mesmo. Como observa Poirier, “os pastores são ajudantes que lavam os pratos sujos dos nossos ódios, iras, luxúrias, enganos, malícias e palavras obscenas na corrente purificadora do sangue de Cristo”. Deixar de levar isso em consideração, ao refletir sobre o ministério pastoral e nossa responsabilidade quanto ao chamado para o ministério da Palavra de Deus, é nada mais que negligenciar as implicações e responsabilidades atribuídas ao líder cristão com o encargo de pastorear o rebanho do nosso Senhor Jesus Cristo, o Supremo Pastor. Pr. Antonio Luis

O ministério pastoral e os Conflitos - Introdução

Introdução Embora esteja presente em todas as áreas de nossa vida, conflito é algo que a todo custo queremos evitar. Quando paramos para refletir sobra a realidade dos conflitos em nosso viver, observamos que eles são muitos mais numerosos e diversificados do que costumamos perceber. Na verdade os conflitos com os quais temos de lidar continuamente são muito mais abrangentes do que se costuma abordar, seja em livros seja em artigos que tratem do assunto. Da mesma forma, quando falamos em ministério pastoral e seus conflitos logo nos vêm à mente uma série de questões e experiências tanto de nossa parte como também de muitos de nossos irmãos e amigos, sejam eles pastores ou não. No entanto, embora pretendamos discorrer sobre o ministério pastoral e os conflitos, queremos, logo de inicio, delimitar nossa abordagem, no intuito de esboçar uma reflexão acerca da importância do líder cristão encarar os conflitos como parte do ministério, até mesmo como um instrumento pelo qual o cristão está sendo moldado para que chegue à maturidade (Rm. 5. 3-5; Tg. 1.2-4). Neste trabalho estaremos discorrendo sobre a relação entre os conflitos e o ministério pastoral. Para isso precisamos levantar algumas questões acerca do desempenho do ministério pastoral e sua relação com os conflitos, tanto pessoais, enfrentados por cada cristão individualmente, quanto conflitos enfrentados coletivamente, por grupos dentro da igreja, como também conflitos enfrentados entre duas ou mais pessoas que necessita da intervenção de outrem para solucionar o problema. Será se, como pastores, podemos nos sentir isentos da responsabilidade no que diz respeito aos conflitos pessoais enfrentados por irmãos dos quais temos a responsabilidade de nutrir e cuidar? Ou, até mesmo devemos nos perguntar, será se estamos preparados para lidar com algumas questões de conflitos que, naturamente, surgem e nossas igrejas? Seria correto, como muitos o fazem, encaminharmos alguns membros de nossas igrejas para especialistas com a finalidade de resolver seus conflitos tanto pessoais como interpessoais? Estaremos refletindo nesta questão com o intuito de entendermos ou conscientizarmo-nos da importância da pacificação no desempenho do ministério pastoral. É disso que se trata a resolução de conflito no ministério cristão; pacificação. É levar o indivíduo a experimentar ou desfrutar a paz; com Deus, com o próximo e consigo mesmo. Se isto não está intimamente relacionado com o ministério pastoral, o que mais está? Pr. Antonio Luis Mirador - MA

sábado, 12 de maio de 2012

A Heresia do Egocentrismo

Não negligencieis a prática do bem e a mútua cooperação [koinonia]"
Hebreus 13.16
O egocentrismo não tem lugar na igreja. Nem devíamos dizer isso, mas, desde o alvorecer da era apostólica até hoje, o amor próprio em todas as suas formas tem prejudicado incessantemente a comunhão dos santos. Um exemplo clássico e antigo de egocentrismo fora de controle é visto no caso de Diótrefes. Ele é mencionado em 3 João 9-10, onde o apóstolo diz: "Escrevi alguma coisa à igreja; mas Diótrefes, que gosta de exercer a primazia entre eles, não nos dá acolhida. Por isso, se eu for aí, far-lhe-ei lembradas as obras que ele pratica, proferindo contra nós palavras maliciosas. E, não satisfeito com estas coisas, nem ele mesmo acolhe os irmãos, como impede os que querem recebê-los e os expulsa da igreja".

Diótrefes anelava ser o preeminente em sua congregação (talvez até mais do que isso). Portanto, ele via qualquer outra pessoa que tinha autoridade de ensino – incluindo o apóstolo amado – como uma ameaça ao seu poder. João havia escrito uma carta de instrução e encorajamento à igreja, mas, por causa do desejo de Diótrefes por glória pessoal, ele rejeitou o que o apóstolo tinha a dizer. Evidentemente, ele reteve da igreja a carta de João. Parece que ele manteve em segredo a própria existência da carta. Talvez ele a destruiu. Por isso, João escreveu sua terceira epístola inspirada para, em parte, falar a Gaio sobre a existência da carta anterior.

Na verdade, o egoísmo de Diótrefes o tornou culpado do mais pernicioso tipo de heresia: ele rejeitou ativamente e se opôs à doutrina apostólica. Por isso, João condenou Diótrefes em quatro atitudes: ele rejeitou o ensino apostólico; fez acusações injustas contra um apóstolo; foi inóspito para com os irmãos e excluiu aqueles que não concordavam com seu desafio a autoridade de João. Em todo sentido imaginável, Diótrefes era culpado da mais obscura heresia, e todos os seus erros eram frutos de egocentrismo.

Em nosso estado caído, estado de carnalidade, somos todos assediados por uma tendência para o egocentrismo. Isto não é uma ofensa insignificante, nem um pequeno defeito de caráter, nem uma ameaça irrelevante à saúde de nossa fé. Diótrefes ilustra a verdade de que o amor próprio é a mãe de todas as heresias. Todo falso ensino e toda rebelião contra a autoridade de Deus estão, em última análise, arraigados em um desejo carnal de ter a preeminência – de fato, um desejo de reivindicar para si mesmo aquela glória que pertence legitimamente a Cristo. Toda igreja herética que já vimos tem procurado suplantar a verdade e a autoridade de Deus com seu próprio ego pretensioso.

De fato, o egocentrismo é herético porque é a própria antítese de tudo que Jesus ensinou ou exemplificou. E produz sementes que dão origem a todas as outras heresias imagináveis.

Portanto, não há lugar para egocentrismo na igreja. Tudo no evangelho, tudo que igreja tem de ser e tudo que aprendemos do exemplo de Cristo golpeia a raiz do orgulho e do egocentrismo humano.

Koinonia

As descrições bíblicas de comunhão na igreja do Novo Testamento usam a palavra grega koinonia. O espírito gracioso que essa palavra descreve é o extremo oposto do egocentrismo. Traduzida diferentemente por "comunhão", "compartilhamento", "cooperação" e "contribuição", esta palavra é derivada de koinos, a palavra grega que significa "comum". Ela denota as ideias de compartilhamento, comunidade, participação conjunta, sacrifício em favor de outros e dar de si para o bem comum.

Koinonia era uma das quatro atividades essenciais que mantinha os primeiros cristãos juntos: "E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão [koinonia], no partir do pão e nas orações" (At 2.42). O âmago da "comunhão" na igreja do Novo Testamento era culto e sacrifício uns pelos outros, e não festividade ou funções sociais. A palavra em si mesma deixava isso claro nas culturas de fala grega. Ela foi usada em Romanos 15.26 para falar de "uma coleta em benefício dos pobres" (ver também 2 Co 9.3). Em 2 Coríntios 8.4, Paulo elogiou as igrejas da Macedônia por "participarem [koinonia] da assistência aos santos". Hebreus 13.16 diz: "Não negligencieis, igualmente, a prática do bem e a mútua cooperação [koinonia]". Claramente, o egocentrismo é hostil à noção bíblica de comunhão cristã.

Uns aos outros

Esse fato é ressaltado também pelos muitos "uns aos outros" que lemos no Novo Testamento. Somos ordenados: a amar "uns aos outros" (Jo 13.34-35; 15.12, 17); a não julgar "uns aos outros" e ter o propósito de não por tropeço ou escândalo ao irmão (Rm 14.13); a seguir "as coisas da paz e também as da edificação de uns para com os outros" (Rm 14.19); a ter "o mesmo sentir de uns para com os outros" e acolher "uns aos outros, como também Cristo nos acolheu para a glória de Deus" (Rm 15.5, 7). Somos instruídos a levar "as cargas uns dos outros" (Gl 6.2); a sermos benignos uns para com os outros, "perdoando... uns aos outros" (Ef 4.32); e a sujeitar-nos "uns aos outros no temor de Cristo" (Ef 5.21). Em resumo, "Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo" (Fp 2.3).

No Novo Testamento, há muitos mandamentos semelhantes que governam nossos relacionamentos mútuos na igreja. Todos eles exigem altruísmo, sacrifício e serviço aos outros. Combinados, eles excluem definitivamente toda expressão de egocentrismo na comunhão de crentes.

Cristo como cabeça de seu corpo, a igreja

No entanto, isso não é tudo. O apóstolo Paulo comparou a igreja com um corpo que tem muitas partes, mas uma só cabeça: Cristo. Logo depois de afirmar, enfaticamente, a deidade, a eternidade e a proeminência absoluta de Cristo, Paulo escreveu: "Ele é a cabeça do corpo, da igreja" (Cl 1.18). Deus "pôs todas as coisas debaixo dos pés, e para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja, a qual é o seu corpo" (Cl 1.22-23). Cristãos individuais são como partes do corpo, existem não para si mesmos, mas para o bem de todo o corpo: "Todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor" (Ef 4.16).

Além disso, cada parte é dependente de todas as outras, e todas estão sujeitas à Cabeça. Somente a Cabeça é preeminente, e, além disso, "se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam" (1 Co 12.26).

Até aquelas partes do corpo aparentemente insignificantes são importantes (vv. 12-20). "Deus dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como lhe aprouve. Se todos, porém, fossem um só membro, onde estaria o corpo?" (vv. 18-19).

Qualquer evidência de egoísmo é uma traição de não somente o resto do corpo, mas também da Cabeça. Essa figura torna o altruísmo humilde em virtude elevada na igreja – e exclui completamente qualquer tipo de egocentrismo.

Escravos de Cristo

A linguagem de escravo do Novo Testamento enfatiza, igualmente, esta verdade. Os cristãos não são apenas membros de um corpo, sujeitos uns aos outros e chamados à comunhão de sacrifício. Somos também escravos de Cristo, comprados com seu sangue, propriedade dele e, por isso, sujeitos ao seu senhorio.

Escrevi um livro inteiro sobre este assunto. Há uma tendência, eu receio, de tentarmos abrandar a terminologia que a Escritura usa porque – sejamos honestos – a figura de escravo é ofensiva. Ela não era menos inquietante na época do Novo Testamento. Ninguém queria ser escravo, e a instituição da escravidão romana era notoriamente abusiva.

No entanto, em todo o Novo Testamento, o relacionamento do crente com Cristo é retratado como uma relação de senhor e escravo. Isso envolve total submissão ao senhorio dele, é claro. Também exclui toda sugestão de orgulho, egoísmo, independência ou egocentrismo. Está é simplesmente mais uma razão por que nenhum tipo de egocentrismo tem lugar na vida da igreja.

O próprio senhor Jesus ensinou claramente este princípio. Seu convite a possíveis discípulos foi uma chamada à total autorrenúncia: "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me" (Lc 9.23).

Os doze não foram rápidos para aprender essa lição, e a interação deles uns com os outros foi apimentada com disputas a respeito de quem era o maior, quem poderia ocupar os principais assentos no reino e expressões semelhantes de disputas egocêntricas. Por isso, na noite de sua traição, Jesus tomou uma toalha e uma bacia e lavou os pés dos discípulos. Sua admoestação para eles, na ocasião, é um poderoso argumento contra qualquer sussurro de egocentrismo no coração de qualquer discípulo: "Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também" (Jo 13.14-15).

Foi um argumento do maior para o menor. Se o eterno Senhor da glória se mostrou disposto a tomar uma toalha e lavar os pés sujos de seus discípulos, então, aqueles que se chamam discípulos de Cristo não devem, de maneira alguma, buscar preeminência para si mesmos. Cristo é nosso modelo, e não Diótrefes.

Não posso terminar sem ressaltar que este princípio tem uma aplicação específica para aqueles que estão em posições de liderança na igreja. É um lembrete especialmente vital nesta era de líderes religiosos que são superestrelas e pastores jovens que agem como estrelas de rock. Se Deus chamou você para ser um presbítero ou mestre na igreja, ele o chamou não para sua própria celebridade ou engrandecimento. Deus o chamou a fazer isso para a glória dele mesmo. Nossa comissão é pregar não "a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor e a nós mesmos como vossos servos [escravos], por amor de Jesus" (2 Co 4.5).

Traduzido por: Francisco Wellington Ferreira
Editor: Tiago Santos
Copyright © John MacArthur & Tabletalk
Copyright © Editora FIEL 2012.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Mas quem ouve estas minhas palavras e não as praticam é como o insensato que construiu a sua casa sobre a areia Mateus, 7.26 Estas palavras de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo não é desconhecida da maioria dos cristãos, no entanto, como as que vêm em seguida, são palavras ignoradas pela maioria dos membros de nossas igrejas. Nesta passagem, Mateus, 7.24-27, Jesus ilustra como será a vida de uma pessoa dependendo da atitude que esta tenha para com a sua Palavra. Se alguém ouve suas palavras a as praticam, esta pessoa terá um coração inabalável diante das adversidades da vida. Por outro lado, se alguém ouve suas palavras, mas não as praticam, esta pessoa terá um coração fragilizado e impotente para enfrentar os dissabores que esta vida apresenta a todos os indivíduos que passam por este mundo. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela caiu. E foi grande sua queda. Mt. 7.27 As tempestades da vida não deixam de investir contra nossa casa; Às vezes é um problema financeiro, de relacionamento, saúde ou mesmo uma crise espiritual. Coisas estas que são comuns a todo ser humano, mas apenas aquele que ouve e põe em prática a Palavra de Deus poderá superar estes problemas sem prejuízos. Estas pessoas não se deixam abater diante de tais situações, pois sabem muito bem quem estar ao seu lado para defendê-la e sustentá-la diante de quaisquer circunstâncias: Jesus, o bom Pastor. Antonio Luis - Pr.

terça-feira, 17 de abril de 2012

A Finalidade da Cruz

"Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim..."
(Gl 2.19b-20).

A ilusão do "símbolo" do cristianismo

Os elementos anticristãos do mundo secular dariam tudo para conseguir eliminar manifestações públicas da cruz. Ainda assim, ela é vista no topo das torres de dezenas de milhares de igrejas, nas procissões, sendo freqüentemente feita de ouro e até ornada com pedras preciosas. A cruz, entretanto, é exibida mais como uma peça de bijuteria ao redor do pescoço ou pendurada numa orelha do que qualquer outra coisa. É preciso perguntarmos através de que tipo estranho de alquimia a rude cruz, manchada do sangue de Cristo, sobre a qual Ele sofreu e morreu pelos nossos pecados se tornou tão limpa, tão glamourizada.

Não importa como ela for exibida, seja até mesmo como joalheria ou como pichação, a cruz é universalmente reconhecida como símbolo do cristianismo – e é aí que reside o grave problema. A própria cruz, em lugar do que nela aconteceu há 19 séculos, se tornou o centro da atenção, resultando em vários erros graves. O próprio formato, embora concebido por pagãos cruéis para punir criminosos, tem se tornado sacro e misteriosamente imbuído de propriedades mágicas, alimentando a ilusão de que a própria exibição da cruz, de alguma forma, garante proteção divina. Milhões, por superstição, levam uma cruz pendurada ao pescoço ou a tem em suas casas, ou fazem "o sinal da cruz" para repelir o mal e afugentar demônios. Os demônios temem a Cristo, não uma cruz; e qualquer um que não foi crucificado juntamente com Ele, exibe a cruz em vão.

A "palavra da cruz": poder de Deus

Paulo afirmou que a "palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus" (1 Co 1.18). Assim sendo, o poder da cruz não reside na sua exibição, mas sim na sua pregação; e essa mensagem nada tem a ver com o formato peculiar da cruz, e sim com a morte de Cristo sobre ela, como declara o evangelho. O evangelho é "o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê" (Rm 1.16), e não para aqueles que usam ou exibem, ou até fazem o sinal da cruz.

O que é esse evangelho que salva? Paulo afirma explicitamente: "venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei... por ele também sois salvos... que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras" (1 Co 15.1-4). Para muitos, choca o fato do evangelho não incluir a menção de uma cruz. Por quê? Porque a cruz não era essencial à nossa salvação. Cristo tinha que ser crucificado para cumprir a profecia relacionada à forma de morte do Messias (Sl 22), não porque a cruz em si tinha alguma ligação com nossa redenção. O imprescindível era o derramamento do sangue de Cristo em Sua morte como prenunciado nos sacrifícios do Antigo Testamento, pois "sem derramamento de sangue não há remissão" (Hb 9.22); "é o sangue que fará expiação em virtude da vida" (Lv 17.11).

Não dizemos isso para afirmar que a cruz em si é insignificante. O fato de Cristo ter sido pregado numa cruz revela a horripilante intensidade da maldade inata ao coração de cada ser humano. Ser pregado despido numa cruz e ser exibido publicamente, morrer lentamente entre zombarias e escárnios, era a morte mais torturantemente dolorosa e humilhante que poderia ser imaginada. E foi exatamente isso que o insignificante ser humano fez ao seu Criador! Nós precisamos cair com o rosto em terra, tomados de horror, em profundo arrependimento, dominados pela vergonha, pois não foram somente a turba sedenta de sangue e os soldados zombeteiros que O pregaram à cruz, mas sim nossos pecados!

A cruz revela a malignidade do homem e o amor de Deus

Assim sendo, a cruz revela, pela eternidade adentro, a terrível verdade de que, abaixo da bonita fachada de cultura e educação, o coração humano é "enganoso... mais do que todas as cousas, e desesperadamente corrupto" (Jr 17.9), capaz de executar o mal muito além de nossa compreensão, até mesmo contra o Deus que o criou e amou, e que pacientemente o supre. Será que alguém duvida da corrupção, da maldade de seu próprio coração? Que tal pessoa olhe para a cruz e recue dando uma reviravolta, a partir de seu ser mais interior! Não é à toa que o humanista orgulhoso odeia a cruz!

Ao mesmo tempo que a cruz revela a malignidade do coração humano, entretanto, ela revela a bondade, a misericórdia e o amor de Deus de uma maneira que nenhuma outra coisa seria capaz. Em contraste com esse mal indescritível, com esse ódio diabólico a Ele dirigido, o Senhor da glória, que poderia destruir a terra e tudo o que nela há com uma simples palavra, permitiu-se ser zombado, injuriado, açoitado e pregado àquela cruz! Cristo "a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz" (Fp 2.8). Enquanto o homem fazia o pior, Deus respondia com amor, não apenas Se entregando a Seus carrascos, mas carregando nossos pecados e recebendo o castigo que nós justamente merecíamos.

A cruz prova que existe perdão para o pior dos pecados

Existe, ainda, um outro sério problema com o símbolo, e especialmente o crucifixo católico que exibe um Cristo perpetuamente pendurado na cruz, assim como o faz a missa. A ênfase está sobre o sofrimento físico de Cristo como se isso tivesse pago os nossos pecados. Pelo contrário, isso foi o que o homem fez a Ele e só podia nos condenar a todos. Nossa redenção aconteceu através do fato de que Ele foi ferido por Jeová e "sua alma [foi dada] como oferta pelo pecado" (Is 53.10); Deus fez "cair sobre ele a iniqüidade de nós todos" (Is 53.6); e "carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados" (1 Pe 2.24).

A morte de Cristo é uma evidência irrefutável de que Deus precisa, em Sua justiça, punir o pecado, que a penalidade precisa ser paga, caso contrário não pode haver perdão. O fato de que o Filho de Deus teve que suportar a cruz, mesmo depois de ter clamado a Seu Pai ao contemplar em agonia o carregar de nossos pecados ["Se possível, passe de mim este cálice!" (Mt 26.39)], é prova de que não havia outra forma de o ser humano ser redimido. Quando Cristo, o perfeito homem, sem pecado e amado de Seu Pai, tomou nosso lugar, o juízo de Deus caiu sobre Ele em toda sua fúria. Qual deve ser, então, o juízo sobre os que rejeitam a Cristo e se recusam a receber o perdão oferecido por Ele! Precisamos preveni-los!

Ao mesmo tempo e no mesmo fôlego que fazemos soar o alarme quanto ao julgamento que está por vir, precisamos também proclamar as boas notícias de que a redenção já foi providenciada e que o perdão de Deus é oferecido ao mais vil dos pecadores. Nada mais perverso poderia ser concebido do que crucificar o próprio Deus! E ainda assim, foi estando na cruz que Cristo, em seu infinito amor e misericórdia, orou: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lc 23.34). Assim sendo, a cruz também prova que existe perdão para o pior dos pecados, e para o pior dos pecadores.

Cuidado: não anule a cruz de Cristo!

A grande maioria da humanidade, entretanto, tragicamente rejeita a Cristo. E é aqui que enfrentamos outro perigo: é que em nosso sincero desejo de vermos almas salvas, acabamos adaptando a mensagem da cruz para evitar ofender o mundo. Paulo nos alertou para tomarmos cuidado no sentido de não pregar a cruz "com sabedoria de palavra, para que se não anule a cruz de Cristo" (1 Co 1.17). Muitos pensam: "É claro que o evangelho pode ser apresentado de uma forma nova, mais atraente do que o fizeram os pregadores de antigamente. Quem sabe, as técnicas modernas de embalagem e vendas poderiam ser usadas para vestir a cruz numa música ou num ritmo, ou numa apresentação atraente assim como o mundo comumente faz, de forma a dar ao evangelho uma nova relevância ou, pelo menos, um sentido de familiaridade. Quem sabe poder-se-ia lançar mão da psicologia, também, para que a abordagem fosse mais positiva. Não confrontemos pecadores com seu pecado e com o lado sombrio da condenação do juízo vindouro, mas expliquemos a eles que o comportamento deles não é, na verdade, culpa deles tanto quanto é resultante dos abusos dos quais eles têm sido vitimados. Não somos todos nós vítimas? E Cristo não teria vindo para nos resgatar desse ato de sermos vitimados e de nossa baixa perspectiva de nós mesmos e para restaurar nossa auto-estima e auto-confiança? Mescle a cruz com psicologia e o mundo abrirá um caminho para nossas igrejas, enchendo-as de membros!" Assim é o neo-evangelicalismo de nossos dias.

Ao confrontar tal perversão, A. W. Tozer escreveu: "Se enxergo corretamente, a cruz do evangelicalismo popular não é a mesma cruz que a do Novo Testamento. É, sim, um ornamento novo e chamativo a ser pendurado no colo de um cristianismo seguro de si e carnal... a velha cruz matou todos os homens; a nova cruz os entretêm. A velha cruz condenou; a nova cruz diverte. A velha cruz destruiu a confiança na carne; a nova cruz promove a confiança na carne... A carne, sorridente e confiante, prega e canta a respeito da cruz; perante a cruz ela se curva e para a cruz ela aponta através de um melodrama cuidadosamente encenado – mas sobre a cruz ela não haverá de morrer, e teimosamente se recusa a carregar a reprovação da cruz."

A cruz é o lugar onde nós morremos em Cristo

Eis o "x" da questão. O evangelho foi concebido para fazer com o eu aquilo que a cruz fazia com aqueles que nela eram postos: matar completamente. Essa é a boa notícia na qual Paulo exultava: "Estou crucificado com Cristo". A cruz não é uma saída de incêndio pela qual escapamos do inferno para o céu, mas é um lugar onde nós morremos em Cristo. É só então que podemos experimentar "o poder da sua ressurreição" (Fp 3.10), pois apenas mortos podem ser ressuscitados. Que alegria isso traz para aqueles que há tempo anelam escapar do mal de seus próprios corações e vidas; e que fanatismo isso aparenta ser para aqueles que desejam se apegar ao eu e que, portanto, pregam o evangelho que Tozer chamou de "nova cruz".

Paulo declarou que, em Cristo, o crente está crucificado para o mundo e o mundo para ele (Gl 6.14). É linguagem bem forte! Este mundo odiou e crucificou o Senhor a quem nós amamos – e, através desse ato, crucificou a nós também. Nós assumimos uma posição com Cristo. Que o mundo faça conosco o que fez com Ele, se assim quiser, mas fato é que jamais nos associaremos ao mundo em suas concupiscências e ambições egoístas, em seus padrões perversos, em sua determinação orgulhosa de construir uma utopia sem Deus e em seu desprezo pela eternidade.

Crer em Cristo pressupõe admitir que a morte que Ele suportou em nosso lugar era exatamente o que merecíamos. Quando Cristo morreu, portanto, nós morremos nEle: "...julgando nós isto: um morreu por todos, logo todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou" (2 Co 5.14-15).

"Mas eu não estou morto", é a reação veemente. "O eu ainda está bem vivo." Paulo também reconheceu isso: "...não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço" (Rm 7.19). Então, o que é que "estou crucificado com Cristo" realmente significa na vida diária? Não significa que estamos automaticamente "mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus" (Rm 6.11). Ainda possuímos uma vontade e ainda temos escolhas a fazer.

O poder sobre o pecado

Então, qual é o poder que o cristão tem sobre o pecado que o budista ou o bom moralista não possui? Primeiramente, temos paz com Deus "pelo sangue da sua cruz" (Cl 1.20). A penalidade foi paga por completo; assim sendo, nós não tentamos mais viver uma vida reta por causa do medo de, de outra sorte, sermos condenados, mas sim por amor Àquele que nos salvou. "Nós amamos porque ele nos amou primeiro" (1 Jo 4.19); e o amor leva quem ama a agradar o Amado, não importa o preço. "Se alguém me ama, guardará a minha palavra" (Jo 14.23), disse o nosso Senhor. Quanto mais contemplamos a cruz e meditamos acerca do preço que nosso Senhor pagou por nossa redenção, mais haveremos de amá-lO; e quanto mais O amarmos, mais desejaremos agradá-lO.

Em segundo lugar, ao invés de "dar duro" para vencer o pecado, aceitamos pela fé que morremos em Cristo. Homens mortos não podem ser tentados. Nossa fé não está colocada em nossa capacidade de agirmos como pessoas crucificadas mas sim no fato de que Cristo foi crucificado de uma vez por todas, em pagamento completo por nossos pecados.

Em terceiro lugar, depois de declarar que estava "crucificado com Cristo", Paulo acrescentou: "logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim" (Gl 2.20). O justo "viverá por fé" (Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38) em Cristo; mas o não-crente só pode colocar sua fé em si mesmo ou em algum programa de auto-ajuda, ou ainda num guru desses bem esquisitos.

A missa: negação da suficiência da obra de Cristo na cruz

Tristemente, a fé católica não está posta na redenção realizada por Cristo de uma vez para sempre na cruz, mas na missa, que, alegadamente, é o mesmo sacrifício como o que foi feito na cruz, e confere perdão e nova vida cada vez que é repetida. Reivindica-se que o sacerdote transforma a hóstia e o vinho no corpo literal e no sangue literal de Cristo, fazendo com que o sacrifício de Cristo esteja perpetuamente presente. Mas não há como trazer um evento passado ao presente. Além do mais, se o evento passado cumpriu seu propósito, não há motivo para querer perpetuá-lo no presente, mesmo que pudesse ser feito. Se um benfeitor, por exemplo, paga ao credor uma dívida que alguém tem, a dívida sumiu para sempre. Seria sem sentido falar-se em reapresentá-la ou reordená-la ou perpetuar seu pagamento no presente. Poder-se-ia lembrar com gratidão que o pagamento já foi feito, mas a reapresentação da dívida não teria valor ou sentido uma vez que já não existe dívida a ser paga.

Quando Cristo morreu, Ele exclamou em triunfo: "Está consumado" (Jo 19.30), usando uma expressão que, no grego, significa que a dívida havia sido quitada totalmente. Entretanto, o novo Catecismo da Igreja Católica diz: "Como sacrifício, a Eucaristia é oferecida como reparação pelos pecados dos vivos e dos mortos, e para obter benefícios espirituais e temporais de Deus" (parágrafo 1414, p. 356). Isso equivale a continuar a pagar prestações de uma dívida que já foi plenamente quitada. A missa é uma negação da suficiência do pagamento que Cristo fez pelo pecado sobre a cruz! O católico vive na incerteza de quantas missas ainda serão necessárias para fazê-lo chegar ao céu.

Segurança para o presente e para toda a eternidade

Muitos protestantes vivem em incerteza semelhante, com medo de que tudo será perdido se eles falharem em viver uma vida suficientemente boa, ou se perderem sua fé, ou se voltarem as costas a Cristo. Existe uma finalidade abençoada da cruz que nos livra dessa insegurança. Cristo jamais precisará ser novamente crucificado; nem os que "foram crucificados com Cristo" ser "descrucificados" e aí "recrucificados"! Paulo declarou: "porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus" (Cl 3.3). Que segurança para o presente e para toda a eternidade!
(Dave Hunt – TBC 10/95 – traduzido por Eros Pasquini, Jr.)

segunda-feira, 9 de abril de 2012

... e Este crucificado - I Co.1.17-25

Qualquer cristão sincero que deseja ter uma vida agradável diante de Deus, não deixa de ter certa inquietação diante da realidade evangélica de nossos dias. Existem dezenas de grupos evangélicos, sem falar de alguns grupos religiosos que há séculos vem deturpando a mensagem do evangelho, que proclamam mensagens e ensinamentos dos mais diversos possíveis. Como fruto disso, temos uma geração confusa, e às vezes, até alguns irmãos são afetados com tudo isso depositando sua fé e confiança em ensinamentos ou fundamentos que não refletem a verdade do Evangelho. Paulo, sem dúvida alguma, foi um dos apóstolos que mais contribuiu com a teologia cristã. Com seu ministério voltado para os gentios (Gálatas, 2.7) ele teve que lidar com várias questões relacionadas à salvação. Sendo assim ele discorreu sobre vários assuntos teológicos. No entanto, embora discorresse sobre várias questões teológicas Paulo fez questão de deixar claro que, como ministro do evangelho, sua mensagem tinha um fundamento definido; Cristo crucificado (I Coríntios, 1.23; 2.2). Mas em que consistia a mensagem da cruz, visto que o apóstolo cuidava para que a mensagem da cruz não fosse esvaziada (I Coríntios, 1.17)? Por que, como Paulo declarou, havia muitos que viviam como inimigos da cruz de Cristo (Filipenses, 3.18)? E por que a cruz de Cristo atraia, muitas vezes, a perseguição (Gálatas, 6.12)? A MENSAGEM DA CRUZ A intenção principal do apóstolo Paulo em enfatizar que seu ministério tinha como fundamento Cristo crucificado, ou a mensagem da cruz é resguardar a igreja de um problema muito sério e sutil, o qual põe em risco a boa saúde da igreja. Partindo de uma das principais passagens onde o apóstolo aborda este tema (I Co, 1 e 2) podemos vê-lo combatendo algo que pode ser considerado como um tipo de semente do humanismo; a tendência de se supervalorizar a sabedoria, a força ou capacidade humana, e até mesmo os próprios interesses humanos. A idéia principal aqui fica evidente pela forte ênfase no contraste entre a sabedoria humana e a sabedoria de Deus. Em primeiro lugar vemos a declaração divina; destruirei a sabedoria dos sábios e destruirei a inteligência dos inteligentes (1.19). E o apóstolo prossegue; onde está o sábio? Onde está o questionador desta era?Acaso não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo (v.20)? No entanto apenas um grupo de pessoas pode perceber esta realidade: os cristãos. Pois o restante da humanidade continua na tentativa de conhecer a Deus através de seus próprios recursos e ou esforços. Alguns têm feito a tentativa de conhecer a Deus por meio da sabedoria humana (v.21), por outro lado há um grupo de pessoas que fincando os pés em uma atitude do tipo existencialista ou de pragmatismo religioso exige a realização de milagres para poder acreditar ou confiar na Palavra de Deus. O apóstolo, porém, está decidido a não muda a ênfase ou conteúdo de sua pregação; a mensagem da cruz, o Cristo crucificado. O desviar-se deste foco, no contexto de Paulo, tinha algumas implicações para a igreja. Em nosso contexto, porém, creio que as implicações multiplicaram-se....... Pr.- Antonio Luis -

terça-feira, 3 de abril de 2012

Como alcançar a vitória

Como ajudar um novo crente que se encontra enredado pelo pecado a alcançar a vitória? Como poderíamos orientá-lo sob a perspectiva bíblica a ter uma vida abundante e consagrada ao Senhor, livrando-se das garras do pecado que o prende e oprime sob o peso da culpa? Iniciando, chamaria sua atenção para o versículo um (Rm. 8.1), onde o apóstolo declara; Portanto, agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus, porque por meio de Cristo Jesus a lei do Espírito de vida me libertou da lei do pecado e da morte. Pelo fato de agora desfrutarmos de uma nova esfera de vida (estamos em Cristo), tendo sido regenerados pela Palavra de Deus, e por estarmos ligados a Cristo, através de nossa união com Ele tanto em sua morte como em sua vida (Rm, 6.3,4), podemos confiar plenamente que fazemos parte do grupo para o qual já não há condenação. Esta verdade se fundamenta nos fatos apresentados nos capítulos anteriores (Romanos 6 e 7). Primeiro devemos atenta para as palavras do apóstolo Paulo, o qual afirma que; todos nós, que fomos batizados em Cristo Jesus, fomos batizados em sua morte (...), e, se dessa forma fomos unidos a ele na semelhança da sua morte, certamente o seremos também na semelhança da sua ressurreição (6.3,5). Explicaria a ele que nos capítulos anteriores o apóstolo Paulo nos mostra que o pecado já não tem mais domínio sobre nós, pois somos justificados gratuitamente por meio da fé em Cristo Jesus e não através de nossos esforços em cumprir as “justas exigências” da Lei. E isso não se dá por questões “simples”, mas, pelo fato de que Cristo Jesus cumpriu as “justas exigências da Lei” em nosso lugar e, todo aquele que está em Cristo desfruta dos benefícios conquistados por sua obediência; a justificação. Portanto, de agora em diante devemos desenvolver um estilo de vida orientado pelo Espírito Santo. Precisamos direcionar nosso coração para Cristo, com quem temos agora um vínculo muito especial (Rm, 6.3-5). Não estamos mais debaixo da condenação da Lei, pois o nosso velho eu já foi crucificado com Cristo, e a vida que agora vivemos não se baseia em padrões humanos nem na obediência à Lei (pois com certeza falhamos neste quesito), mas na fé no bendito Filho de Deus. Desenvolvemos agora um estilo de vida agradável a Deus não pelo fato de estarmos preocupados com a condenação advinda da desobediência à Lei, mas, porque o Espírito Santo agora habita em nós. E é por causa desta verdade que conseguimos agradar a Deus (8.5-9). Temos a mente inclinada para as coisas do Espírito porque vivemos de acordo com o Espírito. E, é Este que nos leva a desenvolver um estilo de vida agradável ao nosso Deus e Pai. Cada vez que tentarmos desenvolver uma vida agradável a Deus por nosso próprio esforço em obedecer a Lei, a única coisa que conseguiremos, se formos sinceros em admitir, é uma verdadeira crise espiritual, onde nossa mente e coração estarão continuamente nos condenando, pois estes sabem claramente da total impossibilidade de cumprirmos as justas exigências da Lei. Mas, por outro lado, se nos mantivermos firmes na graça de Cristo, crendo de fato na Escritura Sagrada, como ela mesma afirma, contamos com a intercessão do Espírito Santo, o qual nos ajuda em nossas fraquezas. Ele também estará confortando nosso coração, testemunhando com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Estas verdades fortalecem qualquer crente que realmente experimentou um novo nascimento pela Palavra de Deus. Portanto, precisamos ter sempre em mente as palavras de nosso Senhor Jesus Cristo que diz; Permaneçam em mim, e eu permanecerei em vocês. Nenhum ramo pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Vocês também não podem dar fruto, se não permanecerem em mim [João 15:4]. Isso é o que nos ensina Romanos 8. Só podemos ter uma vida vitoriosa contra o pecado, uma vida frutífera para nosso Senhor Jesus Cristo, se de fato crermos e nos apegarmos à sua graça, confiando e contando com a ajuda do Espírito Santo em nossas fraquezas. Antonio Luis - Pr.

Romanos 3.21-26

Romanos 3.21-26 Depois de discorrer acerca da situação da humanidade diante de Deus descrevendo o caráter e as atitudes das pessoas que suprimem a verdade de Deus pela injustiça, atraindo assim a ira de Deus sobre si mesma (1.18-32), e, em seguida, de expor o fato de que toda a humanidade encontra-se sob o juízo de Deus (3.19), Paulo, agora, passa a aponta a única solução para o problema da humanidade; a justiça de Deus. Embora esta justiça já houvesse sido aplicada na vida de outras pessoas no passado (4.3,6-8), agora ela tem sido revelada e aplicada na vida de todo aquele que crê em Jesus Cristo (3.22). Nesta passagem o apóstolo faz algumas descrições dessa justiça: i) É uma justiça que provem de Deus (3.21a); ii) É uma justiça que independe da Lei (3.21b); iii) É uma justiça da qual testemunha a Lei e os Profetas (3.21c); iv) É uma justiça obtida mediante a fé em Jesus Cristo (3.22a); v) É uma justiça estendida a todos os que crêem (3.22b); vi) É uma justiça concedida pela graça de Deus (3.24). Como podemos ver, além de demonstrar que esta justiça é de origem divina, e que se encontra firmemente fundamentada na Escritura Sagrada, Paulo deixa claro que ela é fruto tão somente da graça e misericórdia de Deus, excluindo assim qualquer possibilidade do justificado se vangloriar. A aplicação pessoal é que eu posso descansar nessa verdade (sou justificado), sabendo da origem, caráter e instrumento desta justificação, e, portanto, que não tenho o mínimo motivo de me vangloriar. Ao mesmo tempo tenho motivos de sobra para dedicar minha vida em gratidão a Deus por tão maravilhoso DOM. Antonio Luis - Pr.

sexta-feira, 30 de março de 2012

DESENVOLVIMENTO DO ARGUMENTO DE PAULO EM ROMANOS

DESENVOLVIMENTO DO ARGUMENTO DE PAULO EM ROMANOS.

O desenvolvimento do argumento do apóstolo Paulo em sua epístola aos romanos necessariamente está vinculado ao tema da mesma, o qual aparece, de maneira mais enfática em 1.17. “A justiça de Deus é revelada no evangelho”. A partir deste tema, o apóstolo desenvolve sua abordagem acerca da justificação, a qual só pode ser alcançada mediante a fé em Cristo Jesus.
O desenvolvimento do argumento do apóstolo pode ser esboçado da seguinte maneira:
Saudação: O tema da epístola - (1.1-17).
Desde os primeiros versículos de Romanos, Paulo já chama a atenção dos leitores para o evangelho de Deus (1.1). Mesmo em sua saudação aos irmãos este evangelho é mencionado várias vezes (1.1,9,15,16,17).
A necessidade do homem é destacada: Condenação (1.18-3.20).
Depois de sua saudação o apóstolo estabelece o primeiro ponto principal; todas as pessoas, tanto judeus quanto gregos, são pecadores, e, portanto, passiveis de condenação.
A provisão divina: Jesus Cristo - (3.21-26).
Em seguida, depois de destacar a real situação da humanidade, Paulo apresenta a provisão divina; Jesus Cristo. Embora a situação do homem fosse desesperadora, pelo fato de ele está completamente alienado de Deus (3.9-18,23), o Senhor lhe oferece uma esperança viva. Cristo é a única e viva esperança para livrar o homem pecador da ira divina. O pecador pode ser justificado mediante a fé no sacrifício de Jesus Cristo. Por sua morte na cruz Ele nos livra da condenação.
O requisito para a justificação: Fé - (3.27-4.25).
Tendo apresentado o primeiro ponto principal de sua abordagem (todos os homens são pecadores irremediavelmente perdidos) e apontar a provisão de Deus para o problema do homem (justificação por meio de Jesus Cristo) o apóstolo Paulo passa a apresentar agora o requisito para se alcançar esta justificação; a fé na pessoa e obra de Cristo. Porém, deve-se observar que desde 1.22 o apóstolo já chama a atenção dos leitores para o fato de que a fá é o meio pelo qual esta justiça pode ser alcançada. No entanto, é a partir de Rm. 3.27 que ele discorre mais especificamente mostrando que o requisito para se alcança a justificação é a fé na pessoa de Cristo. Seu sacrifício, pelo qual Ele conquistou nossa justificação. Esta justificação mediante a fé é independente da Lei, embora a própria Lei testemunhe da mesma.
Até aqui Paulo mostra que o requisito para se alcançar a justificação não é a obediência à Lei e sim a fé em Cristo Jesus. E este não é um ensino estranho às Escrituras, pois o próprio Abraão e até mesmo o Rei Davi foram justificados por meio da fé e não da Lei.
O resultado da justificação: Vida nova em Cristo (5-8)
Tendo em vista que Deus agiu em favor do homem, o qual se encontrava alienado de Deus por causa do pecado, e que esta ação divina se deu, ou expressou-se através da pessoa de Cristo, o qual, através de sua morte sacrificial, se apresenta como a única e suficiente provisão de Deus para o problema do homem, Paulo agora passa a falar ou destacar o resultado destes fatos na vida de todo aquele que realmente crê e confia nestas verdades.
O resultado da obra justificadora de Deus na pessoa de seu Filho Jesus Cristo é que; “tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus” [5.1]. Esta justificação que experimentamos em Cristo, trás consigo inúmeras implicações na vida do crente. Implicações estas que enche de alegria o coração de qualquer pessoa que seja conscienciosa. A paz que o crente desfruta com Deus proporciona-lhe motivações para alegrar-se no Senhor, perseverando mesmo em meio à tribulações [5.3,4]. Visto que o crente tem motivos de gloriar-se no Senhor, ele é orientado a viver também no Senhor, já que fomos unidos a Ele tanto em sua morte quanto em sua ressurreição [6.3-5].
O apóstolo também não deixa de esclarecer que mesmo tendo sido justificado por Deus [5] e estando unido a Cristo [6], o crente ainda precisa enfrentar uma luta constante com a velha natureza caída, ou seja, embora o crente seja uma nova criatura (II Co.5.17), enquanto viver neste mundo estará lutando contra suas inclinações carnais (pecaminosas). E diante desse fato o cristão precisa entender que só conseguirá desenvolver uma vida agradável ao Senhor se confiar plenamente na graça salvadora, a qual foi manifestada em Cristo Jesus, pois os recursos que nos dispomos para lutar contra o pecado (nossos próprios esforços e conceitos) são completamente ineficazes. A natureza humana é impotente para se sustentar diante da lei, e para, por si só, lutar contra o pecado [7].
Mas, o crente pode se alegrar, pois, “agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus” (8.1), os quais não andam segundo a carne, mas, guiados pelo Espírito Santo, desenvolvem um estilo de vida agradável ao Senhor (8.4,5b). Agora somo filhos de Deus (8.14,15,16) e conseqüentemente herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo (8.17).
A resposta do crente à graça divina: Entrega e confiança (9-15)
Em seguida Paulo fala da resposta que o crente deve expressar a Deus diante de todos estes fatos. A grande misericórdia de Deus foi manifestada. Em sua soberania Deus elegeu seu povo, exercendo graça e misericórdia em favor deste [9]. Enquanto que muitos (especialmente os israelitas), pela dureza de seus próprios corações, caracterizada pela incredulidade e rebeldia, rejeitaram a justificação que Deus providenciou em Cristo [10]. Mas, ainda há um remanescente no povo de Israel [11].
Diante de tudo isto, fica evidente que todo aquele que dar uma resposta positiva à graça divina faz parte do povo eleito. E este povo, os eleitos de Deus, em sua resposta positiva à graça salvadora de nosso Senhor Jesus Cristo deve, com base na grande misericórdia de Deus, “se oferecer como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”; este é o nosso culto racional (12.1).
Esta dedicação à Deus deve ser refletida nos relacionamentos que o crente tem que travar nesta vida. Relacionamento com o estado, ou as autoridades (13.1-7), com o próximo (13.8-14) e com os irmãos, respeitando as diferenças de cada um (14,15), pois estas diferenças estão relacionadas a coisas que não são pecaminosas em si mesma.

Antonio Luis