segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

RESENHA Teologia Sistemática De Wayne Grudem: PP. 198-246

Wayne Grudem

É graduado em Harvard, mestre em divindade pelo Westminster Theological Seminary e doutor pela Universidade de Cambridge, foi professor titular do departamento de teologia bíblica e sistemática da Trinity Evangelical Divinity School durante vinte anos. Atualmente, leciona no Phoenix Seminary. Já escreveu diversos artigos e obras de referência de grande aceitação no Brasil.
O capitulo quinze (páginas 198-246) do livro de teologia sistemática de Wayne Grudem aborda as questões relacionadas à criação. Porque, como e quando Deus criou o universo? São perguntas que nos chamam a atenção para apresentar a discussão do tema.
Grudem inicia sua abordagem apontando a visão bíblica a respeito da criação; Deus criou o universo do nada [pg.198]. Sendo assim, ele passa a apresentar inúmeras provas bíblicas de que Deus é realmente o Criador de todas as coisas. Em seguida discorre sobre a criação do universo espiritual e, mesmo sendo muito sucinto em sua discussão, ele apresenta várias referências bíblicas que sustentam seu argumento. Grudem não deixa de abordar acerca da criação direta de Adão e Eva. Aqui ele já situa o leitor no ambiente da discussão, informando que há, mesmo dentro do circulo evangélico, algumas divergências quanto à extensão da evolução que pode ter ocorrido após a criação. O autor deixa claro que embora alguns defendam essa idéia, de evolução após a criação, talvez levando ao desenvolvimento de organismos cada vez mais complexos, não há como sustentar a mesma biblicamente. Ele argumenta que seria muito difícil alguém sustenta, com completa fidelidade às Escrituras, que os seres humanos são resultado de um longo processo evolutivo. Aqui Grudem articula muito bem sua posição a esse respeito, refutando tal conceito. Isso ele faz com um embasamento muito sólido nas Escrituras [pg.201]. O autor discorre também sobre o papel do Filho e do Espírito Santo na Criação, mostrando que ambos, assim como Deus Pai, que foi o agente primordial ao iniciar o ato da criação, estiveram ativos na criação de todas as coisas. Do Filho é dito que “todas as coisa foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez” (Jo.1.3). “Tudo foi criado por meio dele e para ele” (Cl. 1.16). Quanto ao Espírito Santo, este geralmente é retratado como aquele que conclui, preenche e dá vida à criação divina. Como afirma Jó: “O Espírito de Deus me fez, e o sopro do todo poderoso me dá vida” (Jó, 33. 4) [pg.202].
Grudem também discorre acerca da distinção que há entre Deus e sua criação. Embora a criação seja distinta de Deus, no entanto, é sempre dependente dele. Aqui o autor faz referência a algumas filosofias que tem surgido na história e ainda são correntes em nossos dias.
O materialismo é a filosofia que nega absolutamente a existência de Deus. Para os defensores dessa filosofia “o universo material é tudo que existe”.
Já o panteísmo prega a idéia de que tudo, todo o universo, é Deus, ou faz parte de Deus.
O dualismo, por sua vez, é a idéia de que Deus e o universo material existem eternamente lado a lado, como duas forças supremas (Deus e a matéria) existindo no universo.
E o deísmo propaga a idéia de que Deus não está envolvido diretamente na criação. Para essa filosofia “Deus é encarado como um relojoeiro divino que dá corda ao “relógio” da criação no início, mas depois deixa que ele funcione sozinho”.
O autor argumenta, convincentemente, que tais filosofias diferem bastante da explicação bíblica da relação de Deus com sua criação, destacando, em cada situação, as implicações dessas filosofias.
Com muita eloqüência e fundamentação bíblica Grudem passa a mostrar que Deus criou o universo para revelar a sua glória, como é declarado em várias passagens das Escrituras Sagradas (em Apocalipse 4.11, por exemplo, este fato é reconhecido pelos vinte e quatro anciãos que prostrados diante de Deus em adoração declaram; “Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas”) e que este universo era “muito bom”. Mesmo que hoje haja pecado no mundo, a criação material ainda é boa aos olhos de Deus e deve também por nós ser tida como “boa”, argumenta Grudem [pg.207]. Esse conhecimento nos liberta de um falso ascetismo que considera errado o uso e o deleite da criação material.
O autor trata também da relação entre as Escrituras e as descobertas da ciência moderna. Ele observa que “em vários momentos da história, os cristãos discordaram das descobertas reconhecidas da ciência da época”. No entanto, na grande maioria dos casos, a sincera fé cristã e a firme confiança na Bíblia levaram os cientistas à descoberta de novas verdades sobre o universo de Deus, e essas descobertas mudaram a opinião científica em toda a história posterior [pg.208]. Aqui, Grudem toma o cuidado de mostrar que algumas teorias sobre a criação mostram-se nitidamente incompatíveis com os ensinamentos das Escrituras. As teorias seculares, a evolução teísta e a teoria darwiniana da evolução são exemplos disto. Já que a teoria darwiniana da evolução é predominantemente pregada ou ensinada nos últimos tempos, o autor se demora mais no tratamento da mesma. Aqui, como nas seções tratadas anteriormente sobre a criação, Grudem demonstra consistentemente a impossibilidade de sustentação da teoria. A evolução simplesmente não é uma explicação satisfatória da origem da vida na terra.
Vale lembrar também que o autor apresenta as implicações das influências destrutivas da teoria da evolução no pensamento moderno [pg.219].
Quando trata da questão da idade da terra, Grudem reconhece que os dois pontos de vista, da terra antiga e da terra jovem, apresentam dificuldades que os proponentes de cada uma das teses freqüentemente se revelam incapazes de enxergar na posição em que estão [pg.239]. No entanto, ele admite que “hoje tanto a tese da “terra antiga” quanto a da “terra jovem” são opções válidas para os cristãos que crêem na Bíblia. Ambas as idéias são possíveis, mas nenhuma delas é segura. Em sua abordagem quanto a idade da terra, a consistência de Grudem pode ser observada através destas afirmações. Enquanto que ele demonstra coerência lógica e uma posição firme com respeito a autoridade da Escritura Sagrada, quando trata de outras questões, como foi observado no início, aqui, tratando da questão da idade da terra, não se pode dizer que Grudem seja consistente em seus argumentos. Talvez ele não queira demonstrar uma posição definida em prol de uma ou outra idéia mas, o que se pode ver, do início ao fim da discussão, é seu esforço em defender a tese da terra antiga. Grande parte de sua abordagem gira em torno de sua defesa em favor da mesma. Sua inconsistência pode ser vista, inclusive, no fato de ele mesmo reconhecer, e declarar, que os dois pontos de vista, da terra antiga e da terra jovem, apresentam dificuldades que os proponentes de cada uma das teses freqüentemente se revelam incapazes de enxergar na posição em que estão [pg.239] e que ambas as idéias são possíveis, mas nenhuma delas é segura. No entanto ele não faz outra coisa a não ser querer defender a tese da terra antiga. De fato ele chega a afirmar que “talvez 15 bilhões de anos sejam precisamente a extensão de tempo certa para preparar o universo para a chegada do homem, e, 4,5 bilhões de anos o tempo certo para preparar a terra” [pg.229].
O que se pode observar, dos argumentos de Grudem, é que ele deposita demasiada confiança nas “deduções” da moderna pesquisa geológica [pg.237]. Sendo assim, necessariamente procura conformar-se a tais “novas descobertas”. Para isso, ele apega-se à “possível compreensão de dia como um longo período de tempo (milhões de anos durante os quais Deus executou as ações criadoras de Gênesis um). Segundo ele, talvez seja a melhor interpretação a adotar [pg.227]. Grudem argumenta que em outras passagens onde aparece a palavra dia (Ex. 20.12; Jo. 5.17; Hb.4.4,9-10) o significado é de um longo período de tempo. Mas, percebemos certa incoerência em sua lógica aqui. Em sua objeção à teoria do intervalo Grudem refuta esse tipo de argumento. Diz ele; “não é correto transferir as circunstâncias que cercam uma palavra num trecho ao uso dessa mesma palavra noutro trecho, quando o significado da palavra e seu uso no segundo contexto não exigem as mesmas circunstâncias” [pg.221]. Porém, é isso o que ele faz em não considerar as circunstâncias e contexto em que a palavra dia ocorre com outro sentido.
Grudem apresenta outros argumentos que pesam contra a teoria do intervalo [pg.221], mas, sem nenhuma explicação convincente ignora os mesmos argumentos em sua defesa da tese da terra antiga. A respeito da teoria do intervalo ele declara; “essa teoria precisa supor que Deus fez uma criação anterior que existiu durante milhões de anos sem a presença do aspecto mais elevado da obra criadora: o próprio homem”. E mais adiante ele afirma que; “...o fato de Deus não ter coroado a criação (a milhões de anos atrás) com a sua criatura mais sublime, o homem, parece incompatível com o retrato bíblico de Deus, com aquele que sempre alcança seus desígnios em tudo o que faz [pg.222]. No entanto, a menos que Grudem admita que o homem também foi criado a 15 bilhões, ou no mínimo 4,5 bilhões de anos, é exatamente essa idéia que ele apóia em sua defesa da tese da terra antiga [pg. 229].
Portanto, como podemos observar no conteúdo das páginas 198-246 da Teologia Sistemática de Grudem, ele argumenta com uma boa consistência lógica e coerente posição de autoridade bíblica, quando discorre acerca da criação, seu propósito, e quando trata do evolucionismo, especialmente da teoria darwiniana. Apenas quando se dispõe a falar sobre as teses referentes à idade da terra, ele demonstra inconsistência em sua abordagem, às vezes até mesmo comprometendo alguns de seus argumentos anteriores. Isso mostra o quanto devemos ser cautelosos quando desafiados a abandonar algumas posições da teologia tradicional em favor de “novas idéias”.
É uma boa leitura acerca da criação. Enquanto fornece ao leitor argumentos sólidos com respeito à visão criacionista, ambienta-o na discussão das teorias seculares, especialmente a teoria darwiniana da evolução, mostrando as incoerências e inconsistências de seus argumentos. Ao mesmo tempo desafia ao leitor a olhar e avaliar com mais cautela quando trata da questão da idade da terra.

Um comentário:

  1. certo pastor show de bola uma ótima resenha kkk nota dez para vc meu mestre!

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