quarta-feira, 6 de junho de 2012

O Ministério Pastoral e os Conflitos - II

Ao passo que entendemos a relação dos conflitos com o desempenho do ministério pastoral, e que a mediação é um elemento essencial em nosso ministério, e considerando também o fato de que, como líderes cristãos, não podemos nos esquivar da responsabilidade de lidarmos com os conflitos enfrentados por nossos irmãos, pelos quais somos responsáveis para cuidar e nutrir com as verdades do Evangelho de Cristo Jesus, resta perguntar- nos; será se estamos preparados para lidar com alguns conflitos que, naturamente, muitos de nossos irmãos experimentam com frequência, e até mesmo aqueles conflitos que surgem no ceio de nossas igrejas? Embora alguns possam responder a esta indagação de modo negativo, visto não terem recebido treinamento apropriado para lidarem com diversos conflitos de níveis elevados, precisamos estabelecer alguns fatos importantes nesta questão para que possamos seguir em frente com nossa abordagem sobre solução de conflitos no desempenho do ministério pastoral. Antes de tudo, como já foi observado, é necessário que tenhamos consciência da realidade dos conflitos, e assim estaremos aptos para compreender as origens dos mesmos. Quando falamos em “as origens dos conflitos” precisamos considerar dois aspectos importantes com respeito às fontes de conflitos. Antes de tudo, é importante observarmos o fato de que muitos de nós estamos prontos a detectar apenas um destes aspectos, que pode ser considerado como as origens ou fontes secundárias (as causas “imediatas” dos conflitos tais como; problema na comunicação, as diferenças entre opiniões, perspectivas, propósitos, gostos ou quaisquer outros fatores semelhantes) enquanto que a origem primária dos conflitos (a queda, o pecado ou a natureza pecaminosa) muitas vezes não é considerada. Quando lidamos com os conflitos, tratando e ou considerando apenas as fontes secundárias, podemos experimentar algumas frustrações ou surpresas, por percebermos que os mesmos ou outros conflitos maiores poderão vir à tona, visto que a fonte original continua proporcionando os elementos necessários para os mesmos. Portanto, quando estivermos enfrentando algumas situações de conflitos devemos levar em consideração a fonte primária dos conflitos. Uma lição fundamental extraída do estudo das Escrituras Sagradas é que “quando o homem pecou, várias separações ocorreram”. A primeira e mais fundamental se deu entre o homem rebelde e Deus. Todas as demais ocorreram em decorrência desta. O homem foi separado de si mesmo (o que gera os problemas psicológicos da vida), o homem foi separado dos demais homens (o que gera os problemas sociológicos da vida), o homem foi separado da natureza. A parti desta realidade podemos perceber que as fontes (secundárias) dos conflitos se apresentam em abundância, mas o tratamento deve começar sempre considerando a fonte principal de conflitos; a própria natureza caída. E, quanto a isso, o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo já prover condições suficientes para o líder cristão desenvolver seu papel de pacificador com eficiência. Na verdade, o ministério evangelístico da igreja deve iniciar-se exatamente neste ponto; reconciliação. A mensagem do evangelho até poderia ser colocada nestes termos; Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo (II Co. 5.19). Esta verdade abre um leque muito amplo de possibilidades para o ministério cristão. Como observa Davidson, ao abordar a passagem bíblica de II Coríntios 5; “os vers. 18 e 19 apresentam o plano de Deus de reconciliar o mundo consigo, o que abre aos homens este novo âmbito de vida”. Para compreendermos melhor acerca da capacitação proporcionada pelo evangelho no que diz respeito ao lidarmos com os conflitos, precisamos reconhecer o que Deus já realizou e o que Ele está realizando por intermédio do evangelho de Cristo. Tendo em mente a fonte de onde se originam os conflitos (a queda, ou, a natureza pecaminosa), precisamos destacar a obra de Cristo na cruz para solucionar esse problema, como observa Schaeffer; de acordo com os ensinamentos das Escrituras, a obra acabada do Senhor Jesus tem o sentido de apresentar uma forma de cura para cada uma dessas fraturas (a quebra de relacionamento do ser humano com Deus, com o próximo, consigo mesmo e com a natureza): cura que será aperfeiçoada, sob todos os aspectos, quando Cristo voltar, no futuro histórico. Na justificação existe um relacionamento que já é perfeito. Quando o indivíduo aceita a Cristo como seu Salvador, com base na obra completa de Cristo, Deus, enquanto Juiz declara que sua culpa desapareceu imediatamente e para sempre. Portanto, como resultado da obra redentora de Cristo (pois “Deus, através de Cristo, estava reconciliando consigo o mundo”) uma nova realidade se abriu para todo aquele que crê. A primeira e mais fundamental separação ocorrida na vida ou experiência humana já foi reparada através da pessoa e obra de Jesus Cristo. Todo aquele que já experimentou o novo nascimento, através da fé e entrega pessoal ao Senhor e Salvador Jesus Cristo, já experimenta outra realidade em seu relacionamento com Deus. Pois, como afirma Macdonald, “a obra do nosso Senhor sobre a cruz criou uma base justa sobre a qual podemos ser apresentados a Deus como amigos e não como inimigos”. Antes tínhamos aversão à Palavra de Deus, e nos opunha à sua pessoa e vontade. Éramos, por natureza, hostis a Ele e não queríamos nos submeter a sua vontade. Essa é a atitude de todo aquele que ainda vive nas trevas do pecado. Como observa Schaeffer, “o verdadeiro escândalo (da cruz) é que, por mais fidedigna e claramente que se possa pregar o Evangelho, a certa altura o mundo, por estar em estado de rebelião, se afastará disso. O homem foge disso para não ter que se curvar diante do Deus que existe. Este é o verdadeiro escândalo da cruz”. No entanto, o Senhor por sua grande misericórdia nos atraiu a si e, em Cristo, fomos reconciliados com Ele. Em Jesus nosso relacionamento foi reestabelecido com Deus e por isso desfrutamos a paz, enquanto que ao mesmo tempo somos agentes propagadores desta mesma paz. Portanto, se o maior e principal conflito do homem já foi resolvido por intermédio da pregação do evangelho, é claro que, se continuarmos vivendo com base nos princípios cristãos, em submissão à Palavra de Deus, não haverá conflito que não seja solucionado. Se nós, como ministros cristãos, desempenharmos o ministério com base no poder transformador do evangelho de Cristo, desenvolvendo nosso papel de pacificadores cristãos, poderemos contar com resultados positivos no que diz respeito à solução de conflitos. Com isto não queremos dizer que pelo fato de sermos cristãos ou pessoas tacadas e transformadas pelo poder do evangelho não venhamos experimentar ou mesmo gerar alguns conflitos entre nós mesmos como membros do mesmo corpo (igreja), as vezes até mesmo por conta de uma comunicação deficiente isto venha acontecer. No entanto, o que queremos enfatizar é o fato de que já fomos equipados por Deus para lidarmos com os possíveis conflitos que porventura tivermos que enfrentar. Como discípulos do Senhor Jesus, somos capacitados para produzirmos os frutos da justiça (Efésios, 2.10). Somos equipados para lidarmos com as situações de conflitos enfrentadas por nós mesmos e por nossos irmãos, pois o Senhor Jesus é quem nos faz triunfar em toda e qualquer situação adversa. De fato, é por meio de Cristo que somos capacitados para essa grandiosa tarefa. Sem Ele, nada podemos realizar. Sendo assim, voltamos a afirmar; como discípulos de Cristo, fomos comissionados e capacitados para desempenhar com eficiência o ministério da reconciliação, nos colocando como mediadores entre as partes conflitantes. Fomos comissionados para promover a pacificação através da pregação do evangelho, da mesma forma como o foram os primeiros discípulos de Cristo, como observa muito bem McDonald, “depois de sua ressurreição Jesus enviou seus discípulos no poder do Espírito Santo, os quais anunciaram o evangelho da paz”. O ministério da reconciliação é um elemento essencial no ministério pastoral, e o Senhor Jesus Cristo não somente chama seus ministros, mas também os capacita para o desempenho do ministério, concedendo as ferramentas necessárias para o desempenho do mesmo. Antonio Luis - Pr.

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