quinta-feira, 7 de junho de 2012

O Ministério Pastoral e os Conflitos - III

Enfrentando os conflitos: Havendo compreendido que a mediação é um elemento essencial no ministério pastoral e que, como líderes cristãos, não devemos nos esquivar da responsabilidade de lidarmos com os conflitos enfrentados por nossos irmãos, e conscientes do fato de que, como discípulos de Cristo, fomos comissionados e capacitados para exercer com eficiência o ministério da reconciliação, nos colocando como mediadores entre as partes conflitantes, podemos discorrer com mais tranquilidade sobre a próxima questão; seria correto, como alguns líderes cristãos o fazem, encaminharmos os membros de nossas igrejas para especialistas com a finalidade de resolverem seus conflitos tanto pessoais como interpessoais? Tendo em vista o que já foi esclarecido acima acerca dos conflitos e sua relação com o ministério pastoral, mostrando que este jamais será exercido sem a presença de conflitos, e que estes, naturalmente, são elementos necessariamente existentes na vida do ser humano, tanto individual como coletivamente, e, portanto, parte do ministério pastoral, a resposta necessariamente deve ser não. Se de fato o líder se considera ministro do evangelho e alguém comissionado por Deus para cuidar de pessoas, naturalmente tem que reconhecer que o papel de pacificador é inerente ao seu chamado. Ele é um agente da reconciliação e não pode fugir dessa responsabilidade. Ao repassar para outrem esta responsabilidade, por não querer pagar o preço do exercício de seu ministério, ele estará negligenciando um serviço essencial em seu ministério. Querer pastorear sem ter de lidar com conflitos é o mesmo que pretender tomar banho sem querer se molhar. A existência dos conflitos no desempenho do ministério é algo tão real e natural que se quisermos comprovar basta sentarmo-nos um pouco com outros irmãos e amigos, pastores e líderes, atuantes no ministério, e veremos este fato. Não deveríamos ficar surpresos com a presença de conflitos no ceio da igreja visto que reconhecemos ou admitimos o fato de que nós, os cristãos, também somos seres humanos. E, é exatamente pelo fato de sermos seres humanos que a presença de conflitos em nosso meio se faz algo real. Esta verdade pode nos direcionar a algumas respostas a possíveis perguntas tais como; quais as causas dos conflitos em nosso meio? Quais as fontes ou origens dos constantes conflitos que enfrentamos em nossa vida e ministérios? Como lidar com eles? Sem deixar de considerar a própria natureza humana, que por si só, devido a influencia do pecado, já torna necessariamente real a presença dos conflitos em nossos relacionamentos, devemos atentar para alguns fatores ou “causas imediatas” dos conflitos. Dentre estes fatores que são tidos como principais causas ou fontes de conflitos, merece nossa atenção especial a questão da comunicação. Quando falta comunicação entre o povo de Deus, ou até mesmo quando esta é mal sucedida, temos uma das maiores causas de conflitos dentro da igreja. Tendo isto em mente, como líderes cristãos devemos atentar com mais cuidado para a nossa prática de relacionamento entre o povo de Deus. Pois, como já foi observado, quando o pastor se envolve com o povo de Deus, ele constrói ou destrói relacionamentos. O pastor sábio busca desenvolver relacionamentos dinâmicos e vibrantes entre aqueles a quem ele está ministrando. Porém, para que estes relacionamentos possam ser travados entre pastor e rebanho é essencial que haja comunicação “de qualidade”, com o mínimo de interferência possível. Portanto, além do esforço para desenvolver uma comunicação de qualidade, precisamos, como líderes, nos empenharmos no incentivo da comunicação clara para desenvolvermos um ministério fundamentado na prática da interação entre os membros da igreja, e isto deve ser resultado de uma boa comunicação, influenciada e direcionada pelo Espírito Santo. Outro fator importante a ser considerado quanto às causas de conflitos em nossas igrejas são as diferenças entre opiniões. Embora tenhamos o mesmo Espírito operando em nosso coração, ainda que sirvamos ao mesmo Senhor e tenhamos o mesmo Deus e Pai, não podemos ignorar o fato de que somos pessoas diferentes com mentes diferentes e com uma bagagem muito grande de conceitos que diverge em muito em relação aos demais irmãos. As diferenças de opiniões é um problema que só pode ser solucionado à medida que, em humildade, nos empenhamos em compreender corretamente e decidimos nos submeter à Palavra de Deus. Quanto mais compreendemos o direcionamento de Deus para nossa vida e ministério e resolvemos segui-lo, menos teremos divergências de opiniões. As perspectivas particulares de cada indivíduo é outro fator provocador de conflito entre o povo de Deus. Quanto menos nos comunicamos ou nos relacionamos com os outros, mais distantes estaremos uns dos outros com relação as nossas perspectivas. Portanto, se não houver maturidade suficiente para que estejamos nos submetendo uns aos outros no amor de Cristo, considerando e avaliando as perspectivas do próximo à luz de Cristo, dispostos a abrir mão das nossas, se necessário, com certeza o conflito terá se instalado em nosso meio. Tudo dependerá do conceito e prática de vida cristã que estivermos nutrindo. Os propósitos que traçamos em nossa vida e ministério também pode ser uma fonte de conflito entre irmãos ou no próprio ministério. Em uma comunidade, por mais que nos empenhemos para andarmos em harmonia, traçando projetos com o mesmo objetivo e com um mesmo propósito, nem sempre se tem as mesmas aspirações. E quando estas aspirações são as maiores influenciadoras com relação aos propósitos que traçamos para o ministério da igreja é muito provável que teremos divergências com respeito aos mesmos. Portanto, é necessário que haja um ótimo relacionamento e um excelente nível de comunicação entre os membros da igreja e sua liderança para que se possa ter o maior nível possível de harmonia entre os mesmos. Desta forma, com a eliminação das divergências entre os membros da igreja, ou até mesmo entre sua liderança, se terá um pensamento coeso quanto aos propósitos traçados, o que, consequentemente, estará evitando situações de conflito entre irmãos. Outro fator importante que tem promovido alguns conflitos, seja entre irmãos seja no ministério, é a questão dos gostos pessoais de cada individuo. Alguns conflitos com os quais muitas vezes nos deparamos em nossas igrejas, estão mais relacionados a questões de gostos pessoais do que qualquer outra coisa. Muitos membros de igrejas são hábeis em transformar seus gostos pessoais em “doutrina bíblica”. O contexto em que se desenvolveu e a cultura pela qual foi moldado é quem de fato determina para eles o que é sacro ou profano. Na verdade, até mesmo o desenvolvimento de sua vida cristã e o da comunidade a que pertence deve ser regido por estas preferências. Quando elaboram algum projeto ou traçam algum propósito para o ministério o que fala mais alto não é os princípios cristãos ou a Palavra de Deus e sim as preferências que já se tornaram o padrão de avaliação do que é bom ou não. O problema se mostra mais complicado pelo fato de que quanto mais indivíduos houver para decidirem algo ou traçarem algum projeto para o ministério, dependendo do nível ou predominância dos gostos pessoais, mais divergências haverá entre eles. Se não houver um redirecionamento dos princípios ou padrão de avaliação, onde os princípios da Escritura Sagrada seja o principal orientador para todo e qualquer empreendimento, dificilmente se chegará a decisões saudáveis. Casos desse tipo são verdadeiras fontes de conflitos na igreja. Para evitarmos esse tipo de situação é necessário empenho no sentido de levar a igreja à maturidade através do ensino e prática dos princípios bíblicos. Vários outros fatores existem como fonte ou causa de conflitos no ministério, no entanto seria muito difícil abordá-los aqui. Estes exemplos são suficientes para que reconheçamos a fundamental importância de uma boa comunicação no ministério. Tanto para evitarmos problemas de conflitos quanto para lidarmos com os mesmos. Orientações para uma comunicação sadia. Para que desenvolvamos uma comunicação sadia é necessário que compreendamos corretamente o que Deus tem falado, pois nossas conversas sempre devem refletir os princípios de sua Palavra. E, mesmo depois de compreendermos o que o Senhor nos tem falado é preciso que nos esforcemos para comunicar estas verdades de maneira que sejam recebidas por aqueles que as ouvem. A maneira como falamos é tão importante quanto a mensagem que desejamos transmitir. Alem disso, o contexto (onde e quando) no qual dizemos algo deve nos orientar como fazer um comentário. A motivação correta é um elemento importantíssimo para uma comunicação sadia. Nossa motivação deve refletir os valores, prioridades e princípios bíblicos. Para tanto, é necessário que contemos sempre com a ação do Espírito Santo em nosso coração, moldando-nos conforme a vontade de Deus, para que sempre tenhamos motivações corretas. Isso nos levará a desenvolver um excelente nível de relacionamento, onde a integridade e credibilidade, tão necessárias para o desenvolvimento do mesmo, serão os principais elementos que produzirão e fortalecerão o relacionamento entre o povo de Deus. Portanto, o que fica claro com relação à comunicação no ministério é o fato de que ela pode ser tanto uma tremenda fonte de conflitos entre o povo de Deus como um excelente instrumento que pode ser utilizado pelo líder cristão para a solução de conflitos. Se a comunicação entre nós for deficiente, o resultado é que ela poderá produzir vários conflitos entre nós. Mas, se nos empenharmos no desenvolvimento de uma comunicação sadia, conforme os princípios orientadores na Palavra de Deus, não somente estaremos evitando situações de conflitos, mas teremos condições de lidar com os conflitos já existentes em nossas igrejas, promovendo a reconciliação e a pacificação entre o povo de Deus. Portanto, até aqui podemos perceber a relação entre os conflitos e o ministério pastoral. Creio que é algo evidente a importância do líder cristão encarar os conflitos como parte do ministério, até mesmo como um instrumento pelo qual o cristão está sendo moldado para que chegue à maturidade. A importância da pacificação no desempenho do ministério pastoral é algo não somente evidente, mas também urgentemente digno de ser resgatados por aqueles que a tem deixado de lado no cumprimento de seu ministério. E, mesmo que alguns possam desconsiderar esta verdade, o Senhor Jesus Cristo não somente chama seus discípulos, mas também os capacita para o desempenho do ministério, concedendo as ferramentas necessárias para o desempenho do mesmo. O próprio evangelho já prover condições suficientes para o líder cristão desenvolver seu papel de pacificador com eficiência. O que precisamos incentivar, desenvolver e praticar entre nós é uma comunicação saudável, através da qual estaremos evitando uma série de conflitos em nosso meio, além de podermos contar com um excelente instrumento ministerial na solução de conflitos. Antonio Luis

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